"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 31, 2014

Pior do que Está Fica

Dilma Rousseff terminará seu primeiro mandato exibindo, em praticamente todas as áreas, indicadores piores do que recebeu. Trata-se de feito único desde que o país reencontrou o caminho da estabilidade monetária e da responsabilidade fiscal.

O rol de promessas não cumpridas é extenso. Começa pela inflação, passa pelos juros e culmina com contas públicas em pandarecos. Nem a geração de empregos - que o PT usa como marca do "sucesso" de sua política econômica - resistiu.

Com a alta da Selic determinada anteontem pelo Banco Central, a taxa básica já está em 11,25% ao ano. Um novo aumento deve ocorrer na reunião do Copom marcada para início de dezembro, elevando o juro brasileiro em mais 0,25 ponto percentual, campeão absoluto no ranking mundial da usura.

Desta maneira, Dilma descumpre uma de suas mais caras promessas:
 a de baixar a taxa real a 2% ao ano. Usando seus peculiares conhecimentos de teoria econômica, a presidente tentou fazer isso na marra, mas fracassou redondamente. Não só não conseguiu reduzir os juros, como terminará os quatro anos com taxa mais alta do que recebeu.

Sua política também alimentou a inflação.
 Em nenhum dos 45 meses de seu mandato decorridos até agora, a petista conseguiu cumprir a meta de inflação de 4,5% ao ano. A taxa acumulada em 12 meses esteve sempre acima deste patamar e em 13 ocasiões estourou o limite máximo de tolerância - como acontece com os 6,75% atuais.

Os resultados fiscais são outro fiasco. 
Hoje pela manhã foram conhecidos os números do Tesouro relativos a setembro, trazendo o primeiro déficit acumulado nos nove primeiros meses do ano desde 1997. O rombo até setembro é de R$ 15,7 bilhões.

Apenas no mês passado, as despesas superaram as receitas em R$ 20,4 bilhões, uma enormidade nunca antes vista neste país. Foi o pior resultado já observado na série histórica, pior até do que o verificado em setembro de 2008, quando o país mergulhou em séria crise econômica.

Para completar, também no mercado de trabalho a situação degringolou com Dilma. Nos nove primeiro meses da atual gestão, em 2011, foram geradas 2,08 milhões de novas vagas, número que caiu agora para apenas 904 mil no acumulado entre janeiro e setembro deste ano. A indústria continua a pôr trabalhadores em férias e as montadoras ampliam as licenças a seus empregados.

No fim de seus quatro primeiros anos de governo, Dilma Rousseff está numa encruzilhada: perseverar no caminho que produziu esta penca de maus resultados ou trair tudo o que disse e prometeu na campanha eleitoral e mudar totalmente os rumos de uma política fracassada. 
O risco é ficar pior do que já está.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

"QUI NEIM RABU DI CAVALU" ! brasil marvilha DA DELINQUENTE DE RAPINA DO CACHACEIRO VIGARISTA DESAVERGONHADA E GERENTONA DA RABEIRA E RECORDES NEGATIVOS : Setor público tem déficit fiscal recorde em setembro, de R$ 25,5 bilhões


O setor público consolidado (composto por governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras), apresentou déficit primário de 25,49 bilhões de reais em setembro, muito acima do rombo visto em agosto, de 14,46 bilhões de reais, e o pior resultado de toda a série histórica mensal, iniciada em dezembro de 2001. Analistas ouvidos pela agência Reuters esperavam um saldo negativo de 12,25 bilhões de reais. No mesmo mês de 2013, o setor público havia registrado déficit de 9,05 bilhões.

Há pouco, o Tesouro divulgou o resultado fiscal do governo central, formado por Tesouro, Banco Central e Previdência Social. Em setembro, o rombo também foi recorde, de 20,99 bilhões de reais. Este foi o quinto resultado mensal negativo consecutivo registrado nas contas do governo central em 2014. 

A conta dos Estados fechou com déficit primário de 3,79 bilhões de reais. Mas, a dos municípios conseguiu ficar no azul, em 730 milhões de reais. Por fim, as empresas estatais ficaram deficitárias em 1,43 bilhão de reais no mês passado. 

Ainda segundo o BC, no ano, o resultado primário acumula déficit de 15,28 bilhões de reais, contra um superávit de 44,96 bilhões de reais no mesmo período de 2013. Considerando-se os fluxos acumulados em doze meses, o superávit primário atingiu 31,05 bilhões (0,61% do Produto Interno Bruto), comparativamente a 47,49 bilhões (0,94% do PIB) em agosto.

O BC informou ainda que o déficit nominal ficou em 69,376 bilhões de reais no mês passado, enquanto a dívida pública representou 35,9% do PIB. Em agosto, o déficit havia sido de 31,476 bilhões de reais e, em setembro do ano passado, o resultado foi negativo em 22,896 bilhões de reais.

Meta - 
O resultado de setembro dificulta ainda o cumprimento da meta de superávit primário para o ano, de 99 bilhões de reais para o setor público consolidado (governo federal, Banco Central e Previdência). A meta do governo central deste ano é de 99 bilhões de reais. Para tentar cumpri-la, seriam necessários superávits primários mensais de mais de 30 bilhões de reais entre outubro e dezembro. O resultado deixa mais clara a necessidade de mudar a meta fiscal na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Por isso, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, afirmou nesta sexta-feira que o governo deve mudar a meta de superávit primário, sem informar, no entanto, o novo patamar.

A política fiscal tem sido fortemente criticada por agentes econômicos pela falta de transparência e, no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), existe a expectativa de que mudanças podem vir como parte de uma política econômica ampla diferente. Um dos sinais veio nesta semana do Banco Central, que surpreendeu ao elevar a Selic, citando a piora nos riscos de inflação. Uma das preocupações do governo é evitar rebaixamento na classificação de risco do país.

(Com agência Reuters)

Hoje é dia de resultado fiscal E Dias emocionantes e medidas impopulares

Hoje é dia de resultado fiscal 

Hoje o Tesouro Nacional e Banco Central divulgarão o resultados das contas fiscais. Se alguém tinha dúvidas do tamanho do problema para o próximo governo essa dúvida começará a desaparecer hoje.


Mercado espera um déficit primário de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões para Governo Central. Mas pelas últimas contas que fiz será muito maior. O que é muito maior? Algo na casa dos R$ 20 bilhões, que será ainda agravado pelo resultado dos estados e municípios.

O que mais tem me surpreendido é quantidade de pessoas me perguntando sobre os passos necessários para a recriação da CPMF. O governo criou para sí próprio uma herança maldita. Sem uma equipe econômica muito boa e sem um mudança completa da nossa presidente (governo novo, ideias novas), o país terá um sério problema.

Dias emocionantes e medidas impopulares

Ao longo da campanha eleitoral, os candidatos da oposição foram acusados pelo governo e por jornalistas sobre medidas econômicas ortodoxas e adoção de medidas impopulares – como aumento da taxa de juros e do superávit primário – para controlar a inflação.

Por dezenas de vezes, o senador Aécio Neves teve que responder a pergunta incomoda de jornalistas sobre o que significava “medidas necessárias” ou medidas impopulares” que ele supostamente falou em um jantar antes do inicio da campanha para empresários.

A oposição se defendia explicando que o combate à inflação teria efeitos temporários e o resultado depois disso seria a recuperação do emprego e de renda dos trabalhadores. Mas ministros do governo Dilma foram muito mais eficazes para propagar o medo do “ajuste recessivo”. Uma grande mentira.

O governo, por sua vez, usou e abusou da retórica defendendo um programa de combate a inflação que preservasse o emprego e a renda dos trabalhadores. Se este era o plano começou muito mal.

O governo, já na primeira semana após as eleição, aumentou a taxa de juros, fala de um rigoroso ajuste fiscal para 2015 que só será possível com um forte corte do investimento público e um violento aumento carga tributária, o que afetará o crescimento de 2015 com risco de provocar uma recessão se o ajuste for forte.

Como já havia destacado dezenas de vezes neste blog, o custo do ajuste com a oposição seria menor pela confiança que o mercado depositava em uma equipe econômica liderada por Armínio Fraga e com um presidente da República que não seria ministra da fazenda. Assim, o ajuste seria muito mais gradual. Mas este não é mais o caso.

O governo, para reconquistar a confiança do mercado, precisará mostrar antes de tudo medidas concretas e o tamanho do ajuste fiscal necessário para o próximo governo é o maior desde o Plano Real. O desafio ao longo dos próximos quatro anos é aumentar o esforço fiscal entre 3 a 4 pontos do PIB; uma conta que pode ser dividida entre corte de despesas e/ou aumento da carga tributária. O aumento de carga tributária em um país que já tem uma das maiores do mundo dado o nosso nível de desenvolvimento, vai desagradar aos eleitores que esperavam um ajuste “heterodoxo”.

E se nos próximos quatro anos o governo não conseguir fazer esse ajuste ou fizer apenas metade do dever de casa? Neste caso, teremos um governo que crescerá em média 2% ao ano ou menos, inflação alta e dívida publica liquida e bruta crescendo e perderemos o grau de investimento. Tudo isso pode se agravar a depender das condições externas e da taxa de juros americana.

O governo novo de ideias novas começou sem ministro da fazenda, com os mesmos erros de comunicação e com o desafio de fazer um ajuste forte no início para recuperar a confiança do mercado. Não será nada fácil para um governo que prometia “um jeito diferente de combater a inflação” e, no final, fará muitas maldades contra o que prometeu ao longo da campanha eleitoral, quando insistia que a inflação estava controlada e que não havia necessidade de ajustes . 

Por enquanto, a única notícia positiva é que tudo isso já começou na semana do dia das bruxas; o Halloween é dia 31 de agosto.