"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 27, 2014

O comunismo real

Nos dicionários e na cabeça do povinho semi-analfabeto das universidades, a diferença entre capitalismo e comunismo é a de um “modo de produção”, ou, mais especificamente, a da “propriedade dos meios de produção”, privada num caso, pública no outro. 

Mas isso é a autodefinição que o comunismo dá a si mesmo: 
é um slogan ideológico, um símbolo aglutinador da militância, não uma definição objetiva. Se até os adversários do comunismo a aceitam, isto só prova que se deixaram dominar mentalmente por aqueles que os odeiam – e esse domínio é precisamente aquilo que, no vocabulário da estratégia comunista, se chama “hegemonia”.

Objetivamente, a estatização completa dos meios de produção nunca existiu nem nunca existirá: 
ela é uma impossibilidade econômica pura e simples. 
Ludwig von Mises já demonstrou isso em 1921 e, após umas débeis esperneadas, os comunistas desistiram de tentar contestá-lo: 
sabiam e sabem que ele tinha razão.

Em todos os regimes comunistas do mundo, uma parcela considerável da economia sempre se conservou nas mãos de investidores privados. De início, clandestinamente, sob as vistas grossas de um governo consciente de que a economia não sobreviveria sem isso. Mais tarde, declarada e oficialmente, sob o nome de “perestroika” ou qualquer outro. Tudo indica que a participação do capital privado na economia chegou mesmo a ser maior em alguns regimes comunistas do que em várias nações tidas como “capitalistas”.

Isso mostra, com a maior clareza possível, que o comunismo não é um modo de produção, não é um sistema de propriedade dos meios de produção. 
É um movimento político que tem um objetivo totalmente diferente e ao qual o símbolo “propriedade pública dos meios de produção” serve apenas de pretexto hipnótico para controle das massas: 
é a cenoura que atrai o burro para cá e para lá, sem que ele jamais chegue ou possa chegar ao prometidíssimo e inviabilíssimo “modo de produção comunista”.

No entanto, se deixaram a iniciativa privada à solta, por saber que a economia é por natureza a parte mais incontrolável da vida social, todos os governos comunistas de todos os continentes fizeram o possível e o impossível para controlar o que fosse controlável, o que não dependesse de casualidades imprevisíveis mas do funcionamento de uns poucos canais de ação diretamente acessíveis à intervenção governamental.

Esses canais eram: 
os partidos e movimentos políticos, a mídia, a educação popular, a religião e as instituições de cultura. Dominando um número limitado de organizações e grupos, o governo comunista podia assim controlar diretamente a política e o comportamento de toda a sociedade civil, sem a menor necessidade de exercer um impossível controle igualmente draconiano sobre a produção, a distribuição e o comércio de bens e serviços.

Essa é a definição real do comunismo: 
controle efetivo e total da sociedade civil e política, sob o pretexto de um “modo de produção” cujo advento continuará e terá de continuar sendo adiado pelos séculos dos séculos.

A prática real do comunismo traz consigo o total desmentido do princípio básico que lhe dá fundamento teórico: 
o princípio de que a política, a cultura e a vida social em geral dependem do “modo de produção”. Se dependessem, um governo comunista não poderia sobreviver por muito tempo sem estatizar por completo a propriedade dos meios de produção. Bem ao contrário, o comunismo só tem sobrevivido, e sobrevive ainda, da sua capacidade de adiar indefinidamente o cumprimento dessa promessa absurda. Esta, portanto, não é a sua essência nem a sua definição: 
é o falso pretexto de que ele se utiliza para controlar ditatorialmente a sociedade.

Trair suas promessas não é, portanto, um “desvio” do programa comunista: 
é a sua essência, a sua natureza permanente, a condição mesma da sua subsistência.

Compreensivelmente, é esse mesmo caráter dúplice e escorregadio que lhe permite ludibriar não somente a massa de seus adeptos e militantes, mas até seus inimigos declarados: 
os empresários capitalistas. 

Tão logo estes se deixam persuadir do preceito marxista de que o modo de produção determina o curso da vida social e política (e é quase impossível que não acabem se convencendo disso, dado que a economia é a sua esfera de ação própria e o foco maior dos seus interesses), a conclusão que tiram daí é que, enquanto estiver garantida uma certa margem de ação para a iniciativa privada, o comunismo continuará sendo uma ameaça vaga, distante e até puramente imaginária. 

Enquanto isso, vão deixando o governo comunista ir invadindo e dominando áreas cada vez mais amplas da sociedade civil e da política, até chegar-se ao ponto em que a única liberdade que resta – para uns poucos, decerto – é a de ganhar dinheiro. Com a condição de que sejam bons meninos e não usem o dinheiro como meio para conquistar outras liberdades.

Ao primeiro sinal de que um empresário, confiado no dinheiro, se atreve a ter suas próprias opiniões, ou a deixar que seus empregados as tenham, o governo trata de fazê-lo lembrar que não passa do beneficiário provisório de uma concessão estatal que pode ser revogada a qualquer momento. 
O sr. Silvio Santos é o enésimo a receber esse recado.

É assim que um governo comunista vai dominando tudo em torno, sem que ninguém deseje admitir que já está vivendo sob uma ditadura comunista. 
Por trás, os comunistas mais experientes riem:
“Ha! Ha! Esses idiotas pensam que o que queremos é controlar a economia! 
O que queremos é controlar seus cérebros, seus corações, suas vidas.”

E já controlam.

Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia

Resistir, a Favor do Brasil - " Refresco, ela não vai ter."

MATRIX

O Brasil tem agora um líder como há muito não tinha. 50 milhões de eleitores delegaram a Aécio a missão de fiscalizar o governo, resistir aos ataques e impedir retrocessos

Aécio Neves obteve ontem 51.041.155 votos. 
Foi o preferido de 48,36% dos brasileiros que foram às urnas escolher o presidente que governará o Brasil pelos próximos quatro anos. Sai desta eleição como o maior líder que a oposição teve desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso.

A candidatura tucana sagrou-se vencedora em 11 estados - Acre, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo - e no Distrito Federal. Ampliou, portanto, as conquistas do primeiro turno, quando vencera em 10 unidades da Federação.

Aécio também foi o mais votado em 2.040 municípios brasileiros - 279 a mais que no primeiro turno. Venceu em 7 das 12 cidades com mais de 900 mil eleitores e também superou a presidente reeleita Dilma Rousseff nas cidades grandes (venceu em 46 das 77) e médias (foi o mais votado em 100 das 179).

Em todas as dimensões, este foi o melhor desempenho de um candidato tucano desde que o PT venceu as eleições presidenciais pela primeira vez, em 2002. Os expressivos resultados de Aécio se somam à excelente votação do PSDB para o Congresso e à robusta frente de governos estaduais tucanos, com cinco governadores eleitos - quatro dos quais reeleitos.

A candidatura tucana chega ao fim desta eleição com nitidez programática e ideológica como há muito não se via. Os eleitores enxergaram em Aécio a liderança que personifica os valores que acreditam, os anseios que alimentam e a mudança que defendem, em favor de um país melhor, mais ético, mais equilibrado e justo. 

Aécio perdeu a eleição, mas o Brasil ganhou uma liderança como há muito não tinha. Os mais de 50 milhões de brasileiros que o escolheram o queriam no Palácio do Planalto, mas lhe incumbiram de uma missão: comandar a fiscalização ao governo reeleito, resistir aos ataques à democracia e aos preceitos republicamos do PT e impedir novos retrocessos.

Aécio e o PSDB saem desta eleição muito maiores do que entraram. Têm um mandato claro delegado pelos milhões de brasileiros que os escolheram: opor-se todos os dias, desde o primeiro dia, ao governo que ora conquistou novo período de governo. Os brasileiros não desistirão do Brasil.

À presidente reeleita, cabe consertar os estragos que impôs ao país nos últimos anos, superar a divisão que estabeleceu entre os brasileiros a fim de novamente triunfar nas urnas e recolocar o Brasil nos trilhos. Para o bem dos brasileiros, resta torcer para que Dilma Rousseff não seja a Dilma Rousseff que conhecemos nos últimos anos e que se mostrou ainda menos digna na campanha eleitoral que ora termina. Refresco, ela não vai ter.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

POVO "ASSISTIDO" SERÁ SEMPRE RESPONSÁVEL PELO USO ABJETO DA MISÉRIA E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA POBREZA. E MINHA MINAS 14,40% SEM O ESPÍRITO PATRIÓTICO, UMA DECEPÇÃO DOÍDA.


UM TEMPO PESSOAL PARA REFLEXÃO.