"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 09, 2014

NUNCA SOUBE ! "PRESIDENTA"(?) NÃO SABE O QUE FAZ


Dilma Rousseff forneceu ontem uma das mais perfeitas traduções do que é seu (des)governo. Afirmou, em sabatina promovida por O Estado de S. Paulo, que "não tinha a menor ideia" sobre os escândalos que se desenrolam há anos na Petrobras e sangram os cofres públicos em bilhões de reais. 

Ninguém pode ignorar:
gente tão inepta para governar não pode continuar onde está.


Há quase quatro anos, Dilma ocupa o principal posto de poder no Brasil. 
Chegou lá sem ter disputado uma única eleição anteriormente. Agora, tenta conquistar novo mandato para manter-se mais quatro anos no comando do país. Neste tempo todo, não fez ideia dos desmandos que se desenrolaram, e se desenrolam, sob o seu nariz. Por que continuar lá?

Antes de chegar à principal sala do Planalto, Dilma esteve sempre umbilicalmente ligada à Petrobras. Entre 2003 e 2005 foi ministra de Minas e Energia, pasta à qual está ligada a estatal. Desde que saiu de lá, deixou como sucessores ministros de sua confiança direta. Mesmo assim, "não tinha a menor ideia" do que se passava na Petrobras.

Depois que deixou o ministério, foi para a Casa Civil, onde ficou até 2010. 
Lá comandou o Programa de Aceleração do Crescimento, cujo resultado mais visível foi ter reduzido a taxa de investimentos do país... A Petrobras é a maior fonte de investimentos do PAC, mas Dilma "não tinha a menor ideia" do que se passava por lá.

.A relação mais longeva e direta entre a petista e a estatal deu-se, porém, quando Dilma ocupou a presidência do Conselho de Administração da Petrobras. A função foi desempenhada por ela desde o início do governo Lula até março de 2010. Foi, portanto, sua mais duradoura ocupação. No entanto, Dilma "não tinha a menor ideia" do que se passava por lá.

O que Dilma ignora, o Brasil inteiro está cansado de saber, mesmo que a cada dia surjam revelações cada vez mais escabrosas e estarrecedoras: 
a maior empresa brasileira, orgulho nacional, foi tomada de assalto e tem sido pilhada por anos a fio por uma quadrilha que se apossou do Estado brasileiro chamada PT.

À presidente da República não pode ser dado o benefício da ignorância. As denúncias de corrupção na Petrobras já vêm de longe, os indícios de superfaturamento e desvios de dinheiro já foram sobejamente noticiados. A respeito disso, Dilma Rousseff não tem direito de dizer que "não tinha a menor ideia".
Se o que a petista diz é verdade, então não há outra conclusão a chegar: 
sua competência para gerir uma quitanda que seja é nula, sua aptidão para comandar um país como o Brasil é nenhuma, sua capacidade para ocupar o cargo que ocupa é inexistente. Isso tudo os brasileiros já estamos cansados de saber.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
Dilma não sabe o que faz

"NOVA POLÍTICA" ! Ao contrário do que diz, Marina votou contra a CPMF. Registros do site do Senado mostram que, então no PT, candidata ficou contra o tributo em 1995 e em 1999


Ao contrário do que afirma em declarações públicas, a candidata Marina Silva (PSB) não votou a favor da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Registros do site do Senado mostram que Marina, então no PT, ficou contra o tributo em 1995 e em 1999. Em 2002 não registrou seu voto. O apoio à CPMF tem sido utilizado por ela como discurso de que não fez “oposição por oposição” no Congresso Nacional e que esperava a mesma postura dos parlamentares, caso seja eleita. (Blog Preto no Branco checou as votações)



O registro das principais votações durante o governo do PSDB mostram uma atuação típica de oposição. Em 1997, votou contra a criação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a quebra do monopólio estatal e o modelo de concessão para exploração de petróleo e a reforma administrativa, que cortou benefícios de servidores públicos. De licença médica, não registrou voto na reforma da previdência de 1997. Em 2000 votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, que fixou normas e limites de gastos para a gestão pública. Apoiou apenas projetos na área social em bandeiras compartilhadas por seu partido, como a criação do Fundef com o estabelecimento de financiamento fixo para a educação e a definição de gastos na área de saúde, a chamada emenda 29.

Desde que assumiu a candidatura presidencial neste ano, Marina menciona sua postura quando senadora como modelo de que é possível manter governabilidade sem ter ampla base parlamentar. E cita exatamente a CPMF como principal argumento.

- Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso mandou a CPMF para ser votada, o meu partido era contra, mas eu e o Suplicy votamos favorável – disse Marina na semana passada em sabatina do portal G1.

A CPMF foi sucessora do IPMF, criado ainda no governo Itamar Franco, com o objetivo de aumentar investimentos na área de saúde. O ministro Adib Jatene fez campanha no Congresso para conseguir o recurso extra. Em 1995 o tema chegou ao Senado por meio de uma proposta de emenda constitucional (PEC). Marina Silva registrou voto contrário nas duas votações em plenário, em outubro e novembro daquele ano. Quatro anos mais tarde, o tema voltou ao debate no Senado e a candidata votou outras duas vezes contra a cobrança.

Em 4 de junho de 2002 a continuidade do tributo foi novamente debatida. Naquele momento o petista Luiz Inácio Lula da Silva liderava as pesquisas de intenção de voto e foi feito um acordo para prorrogar a cobrança. O líder do PT, Eduardo Suplicy, encaminhou favorável à votação.

- Encaminho a votação, pelas bancadas do bloco de oposição e do Partido dos Trabalhadores, favoravelmente à emenda relativa à CPMF, com o entendimento primeiro de que se trata, no caso, de uma necessidade orçamentária para o período de 2002 a 2004 – disse Suplicy em plenário.A prorrogação teve o apoio de vários integrantes do PT e do então candidato a vice de Lula, José Alencar, crítico do sistema tributário do país.

- Estou aqui para trazer um protesto contra a CPMF, ainda que eu vá votar a favor dela. E assim o farei apenas por que o Brasil não pode prescindir dessa arrecadação, que representa mais de R$20 bilhões – afirmou Alencar na votação.

Presente no plenário, Marina não registrou seu voto. Minutos antes tinha discursado sobre um projeto que liberava a concessão de um empréstimo ao Acre e votou em outra proposta. Sobre a CPMF, não se manifestou. No caso de propostas de emenda constitucional, não votar tem o mesmo peso de ser contrário, uma vez que é preciso ter 49 votos sim para a aprovação. Oito dias depois dessa votação, a matéria foi votada em segundo turno e mais uma vez Marina não registrou voto. 



Questionada deste quarta-feira passada, a assessoria da candidata não se pronunciou sobre a contradição nem apontou qual seria o voto favorável a que ela se refere.


EDUARDO BRESCIANI
O Globo

MENSALÃO 2 ! Os ‘fins justificam os meios’ também na Petrobras

Foi o próprio Roberto Jefferson, deputado federal pelo PTB fluminense, que batizou o esquema de “mensalão” ao denunciar, em entrevista à “Folha de S.Paulo”, a distribuição de dinheiro sujo entre parlamentares do governo. Transcorria 2005. Sete anos depois, o STF começaria a lavrar as primeiras condenações de mensaleiros. Entre eles, poderosos como o ex-ministro José Dirceu. O próprio Jefferson terminaria preso, por ter sido um deles.


Não se podia esperar, entretanto, que o mesmo grupo do PT responsável pela operação fraudulenta repetiria o delito e, talvez, até em maiores dimensões. Se, no primeiro mensalão, aproveitou-se um aparelho sindical petista montado na diretoria do Banco do Brasil a fim de bombear recursos da instituição estatal para a lavanderia de Marcos Valério, desta vez a estatal saqueada foi a Petrobras. E o destino dos recursos surrupiados, segundo depoimentos sigilosos vazados, feitos ao Ministério Público por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa, foi o mesmo: políticos da base governamental, especificamente do PT, PMDB e PP. 


Ressalve-se que, ao aceitar fazer delação em busca do prêmio da redução de pena, Paulo Roberto terá de provar tudo o que diz. Da primeira lista de beneficiários, constam 25 deputados federais, seis senadores, três governadores e um ministro. Virão mais nomes. Entre os destaques, a cúpula do Congresso — Henrique Alves e Renan Calheiros —, Edison Lobão, das Minas e Energia; Sérgio Cabral e o falecido Eduardo Campos.



Fora do campo parlamentar, está na lista de Costa o indefectível João Vaccari Neto, sucessor na tesouraria do PT de Delúbio Soares, mensaleiro em fase de cumprimento de pena. Vaccari seria o intermediário entre Costa e empreiteiros, conhecida fonte de dinheiro de corrupção.

A história do novo mensalão parece mais longa. 
Colocado numa “geladeira” na estatal durante a gestão tucana, Paulo Roberto, chamado de “Paulinho” por Lula, assumiu a diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2004 e lá ficou até 2012. Atravessou dois mandatos de Lula, quase completos, e a primeira fase de Dilma no Planalto. Lula deverá repetir o “nada sei” do primeiro mensalão. Dilma, embora ministra de Minas e Energia e da Casa Civil de Lula, e presidente do Conselho de Administração da estatal, já afirmou ontem o mesmo. 

Outros diretores precisarão ser ouvidos, a começar por José Sérgio Gabrielli, ex-presidente, símbolo do lulopetismo na estatal.

A ordenha criminosa de dinheiro público, agora por meio da cobrança de “por fora” de empreiteiras e/ou superfaturamento de contratos assinados com a estatal, abasteceria o doleiro Alberto Youssef, o Marcos Valério deste mensalão. Lavado, o dinheiro chegaria aos políticos. As minas de ouro exploradas seriam a bilionária refinaria Abreu e Lima e a caríssima unidade de refino comprada em Pasadena.

O conhecido lema de certa esquerda de que “os fins justificam os meios” justificou mais delinquências no governo do que se pensava.

Editorial O Globo

Um pré-sal de lama


É ainda muito pouco - e incerto - o que acaba de vir a público do esquema de corrupção na Petrobrás, a partir das informações que o ex-diretor de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa teria repassado ao Ministério Público e à Polícia Federal desde que começou a contar o que saberia sobre o pré-sal de lama na petroleira. Ele se tornou delator na esperança de escapar a penas que podem somar 50 anos de prisão por suas traficâncias com o doleiro Alberto Youssef, desarticuladas pela Operação Lava Jato em março último. 

Youssef teria branqueado R$ 10 bilhões. No setor de seu parceiro, as maracutaias podem ter custado à Petrobrás R$ 3,4 bilhões em propinas pagas a autoridades, políticos e empresários, estima o jornal Valor, à razão de 3% de cada contrato assinado.

Segundo o Estado, pelo menos 32 figurões - entre parlamentares, um governador e um ministro - teriam se beneficiado. O jornal citou o presidente do Senado, Renan Calheiros. Para a Folha de S.Paulo, seriam 62 os envolvidos. Já a revista Veja fala em 36, dos quais nomeia 12.

Notadamente, além de Calheiros, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves;
a governadora do Maranhão, Roseana Sarney;
o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, todos do PMDB;
e o pernambucano Eduardo Campos, que comandava o PSB.

Os demais incluem o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e o senador Ciro Nogueira, ambos do PP. Os petistas são o deputado Cândido Vaccarezza e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Não se informou o que teriam praticado.

Mas o que se publicou foi suficiente para obrigar os principais candidatos ao Planalto a repensar as suas estratégias, a menos de um mês do primeiro turno. Esta insólita campanha já tinha mudado de rumo depois da morte de Eduardo Campos. Antes dominada por Dilma Rousseff e Aécio Neves, a disputa virou de ponta-cabeça. No lugar do ex-governador, Marina Silva disparou nas pesquisas, em prejuízo do tucano e ameaçando a reeleição da petista.

Agora, o clima tende a mudar.
O tema da corrupção migra da periferia para o centro do debate - tendo como foco o que se cometeu, desde a ida do PT ao poder, na maior e mais estimada empresa nacional.

Não bastará Dilma alegar que o noticiário "não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado", para dissipar as suspeitas - anteriores aos depoimentos de Costa, mas potencializadas pelo que a imprensa lhe atribui - de que ela olhou para o outro lado enquanto prosseguia a predação da Petrobrás, iniciada nos anos Lula. A hipótese se ampara na lógica e nos fatos.

Se o mensalão consistiu no suborno de deputados para que aprovassem os projetos tidos como essenciais pelo então presidente, o assalto tolerado à petroleira decerto servia, na esfera política, para satisfazer os membros, não raro influentes, da base aliada, de modo a assegurar a coligação eleitoral que daria à candidata quase a metade do tempo do horário de propaganda. Se assim é, Dilma tirou da roubalheira proveito material - contabilizado, no caso, em minutos e segundos.

Os fatos, por sua vez, apontam com mais firmeza ainda o dedo para o Planalto. Em dobradinha com Calheiros, a presidente asfixiou a investigação parlamentar sobre a estatal, cujo ponto de partida era o caso da Refinaria de Pasadena, e cujo ponto de chegada poderia ser um terremoto político comparável à sangria a que o patrimônio da Petrobrás foi submetido nos anos recentes.

Dilma argumentou que a CPI pretendida pela oposição - afinal, foram criadas duas, desfibradas - era "eleitoreira". Agora, ironia das ironias, as confissões atribuídas ao ex-diretor apadrinhado pelo PP, endossado pelo PMDB e avalizado por Lula podem fazer mais estragos para Dilma do que uma CPI cujos membros buscam antes o voto do que as verdades a apurar. 


Pode sobrar também para Marina devido à menção do político pernambucano a que se achegou para ser a sua vice (não bastasse a história dos laranjas do avião cedido à campanha). Já Aécio, enquanto nada incriminar qualquer dos dirigentes dos nove partidos que o apoiam, se lançará à chance de voltar a subir nas pesquisas.

O Estado de São Paulo