"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 22, 2014

O HOMEM BOMBA VAI FALAR. SERÁ?


Diante das informações que recebeu de que o homem-bomba Paulo Roberto Costa aderiu à delação premiada, seu advogado, Nélio Machado, está deixando a causa. Diz Nélio Machado:
- Não trabalho com o instituto da delação premiada.
 
Pelas informações recebidas por Machado, Costa, incentivado pela mulher, Marici, que há tempos vinha se desentendendo com o advogado justamente por causa da delação premiada, topou abrir a boca. E a partir de agora tem como advogada a criminalista paulista Beatriz Catta Pretta.
Paulo Roberto está neste momento na Polícia Federal de Curitiba.
Sai de baixo.
Recentemente, Paulo Roberto, ameaçou, em conversa com um interlocutor:
- Se eu falar, não vai ter eleição. (leia mais aqui ).
Até ontem, apesar da insistência da mulher, Paulo Roberto se negava a fazer a delação. A nova etapa da Operação Lava Jato, realizada hoje no Rio de Janeiro, o fez mudar de ideia.
Por Lauro Jardim

Sonháticos e pesadeláticos

Estatização progressiva do sistema bancário, do crédito,
do comércio exterior,
da agricultura,
da educação,
da saúde,
das fontes e empresas de energia,
de transportes e de indústrias extrativistas,
 eliminação de todos os impostos indiretos e aumento dos diretos sobre renda, capital e herança até que estejam satisfeitas as necessidades da sociedade.

Só falta o sotaque pernambucano para ser o militante exaltado de Marcelo Adnet no “Tá no ar”, mas é o manifesto do Partido Socialista Brasileiro, seu programa politico, seu projeto de país. No paraíso socialista tropical, governo, partidos e sindicatos, sempre em nome do povo, escolherão a dedo todos os burocratas que ocuparão todos os empregos, diretorias e presidências das empresas que farão do Brasil um país “justo e solidário”, seja lá o que isso for.

Nenhuma palavra sobre mérito, produtividade, eficiência, hierarquia e outras canalhices da direita.
Parece piada pronta, mas o lema do partido é o paradoxal “socialismo e liberdade”:
você pode estudar e trabalhar onde quiser, desde que indicado pelo partido ou pelo sindicato, fazer o que quiser, desde que obedeça ao Estado, que sabe o que é melhor para você e para a sociedade.

Além de cômico, é tão constrangedor que, há dois meses, Eduardo Campos, que na sua proposta de governo valorizava o mérito, a produtividade e a liberdade individual e econômica, cobrou a urgente atualização do programa do PSB.
 Imaginem os do PCB, do PCdoB, do PT …rsrs… e ainda chamam Marina Silva de sonhática.

Se nem as lideranças e os militantes profissionais levam a sério, então para que servem esses programas e manifestos, a não ser para rir e pensar que eles acham que todo mundo é burro e que vivemos em Marte?
 
Depois fingem que não sabem por que os jovens, e com mais razões os mais vividos, têm tanto desprezo pelos partidos.Mas o que fazer, diria Lênin, além de não assistir ao circo de horrores do horário eleitoral, não ler os comentários nos blogs políticos e não ver o “Jornal Nacional”?

OK, não vamos desistir do Brasil, mesmo porque não há outra alternativa além do tiro no pé, nos quatro.
 
Nelson Motta
O Globo

O FUNDO DO FUNDO DO POÇO

Mercado de trabalho continua se deteriorando, embora Dilma diga que o pior já passou. Pela lógica bem particular do governo, o fundo do poço está sempre mais embaixo
 
Dilma Rousseff disse outro dia que não está preocupada com o mau desempenho da economia porque “indicadores antecedentes” sugerem que os próximos meses serão venturosos. Seria melhor a presidente olhar para o que está acontecendo agora mesmo no mercado de trabalho brasileiro.
 
Em julho, mais uma vez, a geração de empregos no país registrou recorde negativo para o mês neste século – para ser mais preciso, o menor nível desde 1999. Foram criadas apenas 11,8 mil novas vagas no período, segundo o Caged.
 
A queda em relação a julho de 2013 supera 71%. Nas regiões Sul e Sudeste, o saldo foi negativo. Em 10 das 27 unidades da federação, também – o pior resultado foi registrado no estado do Rio, com 7 mil empregos eliminados.
Só na Grande São Paulo, 128 mil pessoas perderam o emprego neste ano, de acordo com o IBGE.
 
No acumulado de janeiro a julho, foram criados 632 mil empregos no país.
 Na comparação com os sete primeiros meses de 2013, a queda é de 30%, quando foram abertos 275 mil postos de trabalho a mais.
Trata-se do pior resultado para este período do ano desde 2009.
 
Junho já tinha sido ruim e julho foi pior ainda:
de um mês para o outro, a geração de empregos foi 53% menor.
Não se deve esquecer que estes foram os meses da Copa do Mundo, o que reforça a constatação de que o país parou – ou melhor, foi parado, por conveniência do governo – para a bola rolar.
 
A indústria da transformação continua um arraso, tendo demitido 15,4 mil no mês. Desde abril, já são 74 mil empregos dizimados no setor, segundo o Valor Econômico. Os serviços até se mantiveram no terreno positivo, mas num ritmo equivalente a apenas cerca de ¼ do que vinham gerando tradicionalmente no mês, apontou O Globo. No ano, até agora, o comércio já ceifou 50 mil postos de trabalho.
 
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, diz enxergar o “fundo do poço”, ou seja, o pior ficou para trás.
Será?
A situação não parece animadora.
Em julho, a população ocupada caiu em comparação com o mesmo mês de 2013, segundo a consultoria Rosenberg Associados.
É a primeira vez que isso acontece desde 2003.
 
Faz tempo, Guido Mantega, colega de Dias no outro lado da Esplanada, também usou a mesma expressão para afiançar que a economia brasileira tinha passado pelo seu pior momento. Foi em dezembro de 2011. Depois voltou a recorrer ao “fundo do poço” para dizer, novamente, que as dificuldades haviam sido enfim superadas. Foi em agosto de 2013.
 
O padrão das análises se repete agora com a abordagem abraçada pela presidente da República. Quem sabe, com sua visão peculiar, Dilma Rousseff e seus assessores considerem que depois do fundo do poço tem sempre um fundo ainda mais profundo.
 
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela