"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 06, 2014

O Brasil em desalento

Os brasileiros têm motivos de sobra para estar insatisfeitos com o país. 
Nova pesquisa do Datafolha indica que o pessimismo bate recorde entre um povo reconhecido pelo seu otimismo empedernido. Teme-se a inflação e o desemprego; pede-se mudança já.

 E isso não é “canalhice”, como acusa Lula, falastrão como sempre. É a mera constatação de que o rosário de compromissos não cumpridos torna a vida cada vez mais difícil no Brasil.

Os brasileiros têm motivos de sobra para voltar às ruas. Têm motivos para estarem insatisfeitas com o país. Têm motivos para protestar contra um governo que não mostrou a que veio e aproxima-se de um fim de feira melancólico. Tornamo-nos um país de desalento.

É este o clima reinante hoje no Brasil, e justamente às vésperas do que a propaganda oficial vendeu como a maior festa de todos os tempos. A “Copa das Copas” só não é um fiasco completo porque os jogadores da seleção de futebol se esforçam para manter acessa a chama da esperança. Na vida cotidiana, está tudo uma dureza só.

Pesquisa do Datafolha divulgada hoje confirma o clima de desânimo. Otimista inveterado, o brasileiro caiu na real e tornou-se um pessimista empedernido. São maioria (36%) os que acreditam que a situação do país na economia vai piorar. Parte relevante dos que antes achavam que tudo continuaria como está agora enxerga o futuro com viés negativo.

Teme-se a inflação, que voltou a subir no acumulado em 12 meses – agora para 6,37%, conforme divulgou o IBGE nesta manhã. Segundo o Datafolha, a expectativa de alta nos preços voltou a seu patamar mais alto: 64% dos entrevistados apostam nisso. Nesta semana, o Pew Research também listou a inflação como maior preocupação atual dos brasileiros.
Teme-se também o desemprego. 
Para 48% dos entrevistados pelo Datafolha, a falta de trabalho vai aumentar no país. O patamar só é menor que o registrado em março de 2009, no auge da crise econômica que se seguiu à quebra do banco americano Lehman Brothers. Sintetiza a Folha de S.Paulo: o pessimismo “bate recorde”.

Decerto não é “canalhice”, como acusa o falastrão Luiz Inácio Lula da Silva, a amarga constatação. Decerto a sensação expressa nas pesquisas e vocalizada por formadores de opinião e empresários é a mesma que acomete quem toma ônibus lotado, quem não obtém atendimento decente em hospital e não consegue comprar na feira o mesmo que comprava no mês anterior.
Nossa gente parece ter se cansado do blábláblá das autoridades. 
Chega de diagnóstico, chega de promessas. 

Até porque ninguém mais que eles conhece tão bem o que os diagnósticos expressam. Sabe tão bem o que as promessas não cumpridas acarretam em forma de uma vida cada vez mais dificultosa.
Há esperança, porém. 
O mesmo Datafolha mostra que as intenções de voto em Dilma Rousseff continuam mergulhando, o que permite antever riscos concretos de derrota do projeto de reeleição que ela encarna. Em quatro meses, dez pontos percentuais foram para o buraco, levando junto a candidata-presidente.

O Datafolha constata que a insatisfação com o governo petista ainda não se reverteu em votos para os candidatos da oposição. De fato. Mas é de se ressaltar a enorme distância entre os meios à mão do governo e os disponíveis àqueles que tentam apear Dilma do poder. É abissal e ainda está longe de ser transposta.

A exposição das opções, a partir de julho, na campanha eleitoral tende a fazer o quadro se alterar. É o que quase sempre ocorre, com foi em 2010, neste caso a favor da hoje presidente. Os brasileiros estão convictos de que é hora de mudar. Só precisam de um pouco mais de informação e tempo para saber qual o rumo tomar. A mudança chegará.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

Inflação da Copa puxa preços de alimentação fora de casa e eletros

Às vésperas da Copa do Mundo, os preços de alguns itens já começam a mostrar influência da proximidade do evento, afirmou nesta sexta-feira, 06, a coordenadora de Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. 

"As cidades já estão cheias", notou.

Segundo Eulina, o efeito mais visível é percebido na alimentação fora do domicílio, que acelerou de 0,57% para 0,91% em maio. As refeições subiram 0,96%, enquanto os refrigerantes fora de casa avançaram 1,29%.

Os eletrodomésticos também são impulsionados pela Copa do Mundo, afirmou a coordenadora. Os preços subiram 2,12%, puxados por refrigeradores, fogões e máquinas de lavar roupa. "As vendas desses itens aumentaram", disse Eulina. 

Os televisores, principal item de desejo das famílias com a chegada da Copa do Mundo (e que têm sustentado a produção da indústria e as vendas do varejo), caíram 0,36% em maio, mas menos do que em abril (-1,19%). 
"Há muitas promoções de TV", justificou. 

A despeito da pressão esperada sobre as passagens aéreas diante da proximidade do evento, as tarifas recuaram 21,11% em maio. "Chama atenção. 
Podemos até achar que não era (para estar caindo), mas foi isso que foi medido. As empresas parecem ter deixado as tarifas mais em conta por mais tempo", disse Eulina. 

Apesar da alta da alimentação fora de casa e dos eletrodomésticos, o IPCA sofreu desaceleração em maio, fechando em 0,46%. Em 12 meses, porém, o índice de preços se aproximou do teto da meta do governo. O IPCA registrou alta de 6,37% em 12 meses, porcentual maior do que o verificado em abril, quando estava em 6,28%. O teto da meta da inflação é de 6,5%.

Energia mais cara.
A alta de 3,71% da energia elétrica no IPCA de maio foi a mais intensa para o item desde maio de 2003, quando subiu 6,45%. Com o resultado, a tarifa de energia elétrica contribuiu sozinha com 0,10 ponto porcentual da alta de 0,46% observada no mês passado.

Em abril, as tarifas de energia elétrica haviam subido 1,62%, mas a alta se intensificou devido a impactos de reajustes em diversas regiões metropolitanas do País. As elevações foram de 16,65% em Recife, 12,96% em Fortaleza, 12,82% em Salvador, 10,27% em Campo Grande, 5,05% em Porto Alegre e 4,37% em Belo Horizonte. Além disso, Rio de Janeiro e Belém, bem como Campo Grande foram afetadas por aumento de impostos (PIS/Cofins) incidentes sobre a tarifa de energia elétrica residencial.

"Foi o principal impacto do mês de maio, com reajustes em várias regiões, e foram altas relativamente fortes. Algumas também tiveram aumentos pesados nos impostos", notou a coordenadora de Índice de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

IDIANA TOMAZELLI - AGÊNCIA ESTADO

E no brasil maravilha dos VELHACOS... Taí, CACHACEIRO PARLAPATÃO FILHO...do brasil: para ver a seleção, paulistano precisa usar jumento



O desejo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se cumpriu nesta sexta-feira, a menos de uma semana da abertura da Copa do Mundo na cidade de São Paulo. No último dia 16 de maio, o petista afirmou ser "babaquice" a preocupação de oferecer metrô para o torcedor chegar aos estádios. 

"Nós nunca tivemos problemas em andar a pé. Vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa", disse Lula, em palestra para blogueiros. Nesta sexta, o paulistano que comprou ingresso para assistir ao último amistoso da seleção brasileira antes da estreia no Mundial, no Morumbi, não poderá usar o metrô, parado pelo segundo dia de greve. 

E o carro também não será um bom negócio: 
com chuva e o rodízio de veículos liberado pela prefeitura, as ruas e avenidas da maior cidade do país estão travadas.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), foram registrados 251 quilômetros de vias engarrafadas às 10h30, recorde histórico para o horário. As principais artérias que cortam a cidade estão congestionadas. Por volta das 11h, um protesto de metalúrgicos ajudou a piorar o cenário caótico ao bloquear duas faixas da Avenida Paulista. Outras manifestações, de funcionários da construção civil e as marchas diárias dos sem-teto (MTST), estão programadas para esta sexta.

A greve dos metroviários paralisa parcialmente três linhas do metrô – 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha. Nas primeiras horas da manhã, grevistas decidiram realizar piquetes em estações e impedir funcionários que não aderiram à paralisação de trabalhar normalmente. A Polícia Militar utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o grupo e impedir depredações. O Metrô informou em sua conta no Twitter que havia "impedimento da entrada de funcionários nos postos de trabalho por grevistas".

Os metroviários vão fazer um ato de protesto, às 16 horas, na Estação Tatuapé, com possibilidade de fechar a Radial Leste, principal via de ligação da Zona Leste ao Centro da capital. "Há risco de a greve continuar (até a Copa), se o governador não negociar", afirmou Altino de Melo Prazeres Júnior, presidente do sindicato.

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