"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 19, 2013

EM REPÚBLICA TORPE PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA "DELES" : MORDOMIA NO APAGAR DAS LUZES. MAIS R$ 16 MILHÕES PARA DEPUTADOS


Foi no último ato do ano legislativo, quando o recesso do Congresso já estava decretado, que a Câmara dos Deputados decidiu dar um presentão de Natal extra aos parlamentares. 
 
A partir de janeiro de 2014, o chamado cotão, que é a verba para o exercício da atividade parlamentar, terá um acréscimo de 7,76%. 
Com o aumento, o valor do cotão — que ia, de acordo com o estado, de R$ 25,9 mil (para deputados do DF) a R$ 38,6 mil (para Roraima) — passará a variar de R$ 27,9 mil a R$ 41,6 mil por mês. 
 
O impacto mensal da regalia será de R$ 1,3 milhões, totalizando R$ 16 milhões no fim do ano. O reajuste foi autorizado no último dia de funcionamento efetivo da Casa que, no início deste ano, já havia concedido um aumento do cotão e do auxílio moradia, cujo gasto somado chegou a R$ 23 milhões anuais.


A decisão foi tomada na reunião da Mesa Diretora de ontem. 
Inicialmente marcada para as 9h, passou para o início da tarde, mas só começou no início da noite, quando os corredores do Congresso já estavam vazios. Concedido o reajuste, os integrantes do comando da Câmara saíram rapidamente, sem comentar o assunto. 

 O presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), não soube explicar os números. E tergiversou: 
“Eu não estava na reunião quando se decidiu isso”. 
Quem presidiu o encontro até a chegada tardia de Alves foi o vice-presidente, André Vargas (PT-PR). À noite, em um jantar, Henrique Alves tratou o reajuste como uma “questão técnica”. 
“Se é justificável, que seja feito.”

Sobrou para o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, dar os detalhes à imprensa. “As empresas aéreas jogam com a política tarifária, dizendo que dão desconto em determinadas épocas, mas, na prática, houve ajustes.”

O deputado Chico Alencar (PSol-RJ), que usou neste ano metade da cota a que tinha direito, ficou surpreso. “O valor atual permite que exerçamos nosso mandato perfeitamente, não via nenhuma reclamação de parlamentar nesse sentido. Essa gastança de Natal representa uma total falta de preocupação com o dinheiro público, principalmente no dia seguinte à criação de mais cargos”. 
Na terça-feira, a Casa havia aprovado a criação de 94 cargos para abrigar a estrutura do Pros e do Solidariedade, com impacto de R$ 12,5 milhões até fevereiro de 2015.

Sem compensação
O cotão ganhou esse apelido em 2009, quando foram reunidos todos os gastos dos deputados com passagens aéreas, divulgação, alimentação, telefonia, combustível e outros. Em março, o benefício já havia sido reajustado com o auxílio-moradia, que saiu de R$ 3 mil para R$ 3,8 mil por mês.

Na época, o parlamento também passou a desembolsar R$ 7 milhões com os 48 cargos criados, mas, no discurso, havia a garantia de que todas as despesas seriam compensadas com o fim do pagamento de 14º e 15º salários aos parlamentares e com o ponto eletrônico para restringir as horas extras de servidores. O controle eletrônico de presença, até hoje, não saiu do papel. Em 2012, a verba de gabinete, usada para pagar funcionários dos deputados, também foi reajustada, gerando impacto de R$ 117 milhões.

“Essa gastança de Natal representa uma total falta de preocupação com o dinheiro público, principalmente no dia seguinte à criação de mais cargos”
Chico Alencar (PSol-RJ), deputado federal
 ADRIANA CAITANO » AMANDA ALMEIDA Correio Braziliense -

ENQUANTO ISSO NO BRASIL REAL... brasil maravilha dos FARSANTES : Contas externas - país tem maior rombo desde 1947

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O Brasil nunca teve um rombo tão grande nas contas externas: 
US$ 72,7 bilhões acumulados de janeiro a novembro. 

É o maior já visto desde quando o Banco Central começou a registrar os dados, em 1947. A previsão da autarquia é que o déficit chegue a US$ 79 bilhões até o fim do ano. Apesar de 2014 ser um ano de Copa do Mundo e de retomada do crescimento mundial, o BC traçou um cenário parecido para o ano que vem. Nem mesmo os investimentos estrangeiros devem crescer, a despeito dos leilões de privatização de obras de infraestrutura.

O Banco Central espera um déficit de US$ 78 bilhões para 2014. 
Aposta que os gastos líquidos com serviços aumentarão substancialmente, de US$ 47,4 bilhões para US$ 51,7 bilhões. Entre eles, está a balança de viagens internacionais. Como nem mesmo o dólar caro consegue frear a vontade do brasileiro de passar férias fora do país, o dinheiro que o Brasil receberá com turistas na Copa do Mundo servirá apenas para evitar um crescimento maior do déficit dessa conta.

Na expectativa do BC, os brasileiros gastarão US$ 18,6 bilhões a mais que os estrangeiros este ano — até novembro foram US$ 17 bilhões. No ano que vem, esse déficit será de US$ 19 bilhões. As viagens internacionais têm pesado nas contas do país e preocupado autoridades e economistas.

Os turistas brasileiros gastaram US$ 1,9 bilhão em viagens ao exterior no mês passado - novo recorde histórico para o mês. Essas despesas contribuíram para o rombo das contas externas de US$ 5,1 biliões em novembro. A diferença foi coberta com folga pelos investimentos estrangeiros que entraram no país.

Gabriela Valente O Globo

Voo arriscado


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O governo brasileiro encerrou ontem uma novela comercial que se arrastava há 12 anos. Serão torrados R$ 10,5 bilhões na compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). O negócio é grande e envolve aspectos positivos. Mas também pesaram na escolha fatores que deveriam ficar alheios a decisão tão estratégica.

A transação envolve a compra de 36 aeronaves modelo Gripen NG da fabricante sueca Saab. As primeiras unidades deverão começar a ser entregues em 2018, quatro anos depois de vencidos os trâmites pelos quais o contrato ainda terá de passar. Por este primeiro lote de caças, o governo brasileiro pagará US$ 4,5 bilhões. A encomenda poderá chegar a 124 unidades até o fim da próxima década.

A decisão de comprar os aviões data do governo Fernando Henrique, como parte de um programa batizado de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro. Na época, previa-se a compra de 12 a 24 caças, número depois aumentado no governo Lula. A escolha demorou tanto que caças usados comprados em 2005 junto à França para evitar o desaparelhamento da FAB já caducaram e serão aposentados amanhã... 


Outros dois modelos disputavam com a Saab:
o F-18 Super Homet, da americana Boeing, 
e o Rafale, da francesa Dassault. 

Preferido da Aeronáutica, o caça escolhido é uma nova versão, ainda em desenvolvimento, da linha fabricada pela empresa sueca. 
Ocorre que, atualmente, apenas o governo da Suécia encomendou unidades do Gripen NG. O da Suíça está em processo e o Brasil será o terceiro a adquirir.
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O Gripen NG nunca foi testado em operações e, por enquanto, a empresa sueca só dispõe de um protótipo com apenas 300 horas de voo, informa O Globo
"As aeronaves ainda não foram experimentadas em nada", diz o especialista Expedito Carlos Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, ouvido pelo jornal.

Entre as vantagens apontadas ontem pelo Ministério da Defesa para justificar a escolha estão preço (menor dos três concorrentes), financiamento e custo de manutenção. Mas um dos aspectos tidos como fundamentais para a decisão ainda é mera expectativa futura:
a transferência de tecnologia esperada com o negócio é nebulosa.
Afinal, trata-se de uma aeronave que sequer existe de fato.

Outro fator estranho a uma decisão desta envergadura foi a desclassificação dos caças ofertados pela americana Boeing. Em setembro passado, o governo brasileiro deu sinais de que estaria prestes a escolhê-los e preparou-se até para fazer o anúncio, em visita que Dilma Rousseff tinha agendado aos EUA e depois foi cancelada.

Entretanto, a descoberta de que a presidente brasileira fora alvo de espionagem norte-americana não só adiou o anúncio, como jogou por água abaixo as chances da Boeing. Ou seja, uma decisão estratégica e de longo prazo acabou sendo contaminada por fatores conjunturais. "O Gripen acabou sendo escolhido mais pelos erros e defeitos dos adversários que por suas qualidades", sintetiza O Globo.

Como tudo o que envolve decisões no governo do PT, aspectos político-partidários também pesaram na escolha dos suecos. Um dos garotos-propaganda mais ativos da Saab junto às equipes escaladas para cuidar do assunto no governo brasileiro foi o prefeito petista de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. 


 "O prefeito atraiu para a causa dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT", informa o Valor Econômico.
 Com isso, parte do Gripen poderá ser fabricada lá no município, gerando 1,8 mil empregos e negócios da ordem de US$ 15 bilhões.

É fato que as forças armadas brasileiras vivem hoje em estado de penúria. 
A Aeronáutica, por exemplo, trabalha em regime de meio expediente, para poupar custos com a manutenção da tropa. Dos seus 219 caças, apenas um terço está em operação, segundo publicou O Estado de S.Paulo em novembro. Os problemas se repetem no Exército e na Marinha.

São razões que reforçam a urgência da modernização e da necessidade de recuperação operacional do setor militar nacional e até ajudam a justificar o alto investimento agora feito nos caças. 


 Fica a dúvida, porém, se o projeto sueco-brasileiro não poderá vir a repetir o que aconteceu com o AMX: 
nascido para ser uma produção conjunta com a Itália para ser exportado para todo o mundo, o caça hoje só está sendo utilizado pelos dois países. 
Resta torcer para que, com o Gripen, seja diferente. 
ITV  

O Gripen NG é a nova aeronave de caça da Força Aérea Brasileira (FAB). 
 O programa FX-2 da FAB, iniciado em 2001, prevê a aquisição de 36 aeronaves de caça estrangeiras, com transferência de tecnologia para o Brasil. Os novos caças substituirão os Mirage 2000, que serão aposentados nesta sexta-feira (20/12).