"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 09, 2013

A inflação resiste

O governo pode até querer comemorar o retorno da inflação aos limites da meta, mas não há, efetivamente, boas notícias no IPCA divulgado ontem. O índice subiu em relação a março, os preços dos alimentos continuam pela hora da morte e os remédios usados para deter a escalada do custo de vida não estão surtindo efeito.

Segundo o IBGE, em abril o IPCA atingiu 0,55%, com alta em relação ao 0,47% de março. O resultado superou negativamente as expectativas. No acumulado em 12 meses, a taxa recuou de 6,59% para 6,49%. 

Este foi o único alívio que os dados conhecidos ontem trouxeram - embora quase irrisório, já que apenas 0,01 ponto percentual abaixo do limite máximo.

O mais assustador é que o preço dos alimentos não está cedendo. A alta é de 14% em um ano, ou seja, mais que o dobro da inflação geral. No mês de abril, o item alimentação subiu quase 1%. 

Os vilões da carestia continuam mais ativos que nunca: 
tomate e batata mais que dobraram de preço em um ano (150% e 123%, respectivamente) e a cebola já está quase lá (94%), como destaca O Globo.

Este é justamente o aspecto mais pernicioso da inflação. Como os alimentos pesam muito mais na cesta de consumo das famílias mais pobres, que gastam cerca de um terço de seus rendimentos com comida, são elas as que mais sofrem com o aumento da carestia. 
Combater a inflação é a mais eficaz das políticas sociais.

Para piorar, em abril outro item essencial também teve alta significativa. Os remédios subiram 3%, refletindo reajustes autorizados pelo governo em março. Este é mais um dos chamados "preços administrados", que gozam de aumentos anuais garantidos e funcionam como gasolina na fogueira da indexação.

Serviços também sobem mais de 8% em 12 meses. Mas não só: dos 365 itens que compõem a cesta de produtos pesquisados pelos IBGE para o cálculo do IPCA, quase 66% ficaram mais caros em abril. 

Trata-se, portanto, de uma alta persistente, disseminada e sem perspectivas convincentes de que irá ceder.

Esperava-se que a inflação viesse mais branda em abril, em razão de uma temporada supostamente mais benigna nos preços dos alimentos nas lavouras. Mas o que antes era costumeiro agora não está se repetindo: enquanto os preços dos produtos agrícolas caíram 5,4% no atacado desde janeiro, os alimentos ficaram 5,6% mais caros no varejo no mesmo período, mostra o Valor Econômico.

É mais um sinal de que o diagnóstico que o governo faz sobre a inflação está equivocado. Para Dilma Rousseff e sua equipe econômica, o problema é de oferta. Uma vez superado, a inflação cairá. 

Mas o comportamento dos alimentos contradiz o argumento oficial: 
a colheita da safra agrícola segue a pleno vapor, os preços no atacado cedem, mas o efeito benéfico não chega ao consumidor.

Parece claro que a questão é outra: 

superaquecimento da demanda. O consumo interno acima da oferta, inclusive em razão dos gastos explosivos do governo, eleva os preços. De quebra, também gera aumento nas importações. 
Os desequilíbrios se disseminam.
 Até por esta razão, a inflação voltou a ser a maior preocupação dos empresários brasileiros.

A estabilidade da moeda é uma conquista da sociedade brasileira, que se cansou de décadas convivendo com o descalabro do descontrole de preços. Mas tanto no poder quanto fora dele, o PT jamais demonstrou convicção de que manter a inflação controlada fosse prioridade da política econômica.

O partido dos mensaleiros sempre preferiu perseguir crescimento econômico a qualquer custo. Mas, como parece não compreender direito a realidade das coisas, não conseguiu fazer nem uma coisa nem outra. 

Estamos agora pagando um preço alto por estas más escolhas, agravadas pelos equívocos da gestão Dilma Rousseff.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
A inflação resiste

Preocupados, empresários anulam o ufanismo de Mantega e apostam em crescimento do PIB abaixo de 2%

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Luz vermelha –

É cada vez mais difícil compreender como Guido Mantega permanece à frente do Ministério da Fazenda. Há anos sem conseguir acertar uma previsão ou adotar medidas certeiras de combate à crise econômica, Mantega vê sua credibilidade despencar, mas sabe que continua no cargo por imposição de seu ex-patrão, o lobista fugitivo Luiz Inácio da Silva.

Com a inflação causando seguidos estragos na economia nacional, o ministro alegou que em maio a situação será diferente, mas não é isso que esperam os analistas do mercado financeiros, já tomados pelo pessimismo em relação a uma guinada da economia.

Índices oficiais têm mostrado que as previsões de avanço do PIB em 2013 despencam semanalmente, mas Mantega insiste em afirmar que a situação está sob controle e que a economia verde-loura crescerá na casa dos 3,5%, mas empresários estão céticos em relação a esse cenário.

Reunidos com o ministro da Fazenda, em Brasília, empresários dos trinta mais importantes setores da economia previram que o crescimento do PIB neste ano ficará entre 1,5% e 2%. Considerando que o quinto mês do ano mal começou, essa previsão desastrosa pode cair ainda mais. Se isso se confirmar, a economia deverá repetir o mesmo fiasco de 2012, quando registrou crescimento de 0,98%, causando enormes prejuízos à campanha da presidente Dilma Rousseff rumo à reeleição.

É exatamente nessa instabilidade econômica que Lula montou sua plataforma político-eleitoral e vem tentando desestabilizar sua sucessora como forma de se cacifar para a corrida presidencial do próximo ano. 


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Modelo esgotado e reeleição travam economia

Era difícil de enxergar isto com clareza, mas o governo Lula recebeu abola da gestão anterior prontinha para marcar o gol.

As reservas em dólares tinham começado a crescer, os sistemas de câmbio flexível e de metas de inflação funcionavam bem, ao tempo que os resultados fiscais primários tinham alcançado a marca de 3,1% do PIB, partindo de zero em 1998.

Por dificuldade de enxergar o que tinha acontecido e o que viria a seguir, havia o temor de explosão da razão entre a dívida pública líquida de ativos financeiros e o PIB, qualquer que fosse a inclinação do novo governante em relação à questão fiscal.

Dados o elevado estoque inicial de dívida, a taxa Selic real e a taxa de crescimento do PIB com que se raciocinava para projeções dessa mesma razão, e supondo, ainda, a taxa de câmbio constante, o superávit primário requerido para estabilizá-la se situava bem acima de 3% do PIB, algo visto como quase impossível de pôr em prática, depois de todo o penoso ajuste feito até então.

A taxa Selic real esperada, na mente dos analistas, era de 11% ao ano. A taxa de crescimento do PIB considerada nos cálculos era da ordem de 2,7% ao ano, média observada em fase próxima precedente.

Assim, a economia brasileira estava travada, por não ser possível antecipar que o IBGE divulgaria uma nova série do PIB com valores 10% maiores que a série em vigor e que o mundo explodiria em liquidez e crescimento. Pelo primeiro fator, a razão dívida/PIB passaria de 50% para 45% de uma tacada só.

A explosão de liquidez jogaria para cima a relação entre os preços de exportação e de importação do Brasil - forte ganho de termos de troca - e inundaria o País de capitais.

Graças a isso, as altas taxas de juros reais, que agiam como uma pesada trava no funcionamento da economia brasileira, poderiam rapidamente cair - como de fato ocorreu - para níveis há pouco inimagináveis.

E, logo em seguida, o PIB poderia subir a uma velocidade também fora da maioria das previsões, o que seria facilitado pelas altas taxas de desemprego em vigor, ou seja, pelos baixos níveis de utilização de capacidade.

Veio a crise e o Brasil foi um dos países emergentes a superá-la mais rapidamente.

De lá para cá, contudo, vai ficando cada vez mais evidente que o modelo econômico que vem sendo adotado desde os primeiros momentos do governo Lula, e que ganhou novos contornos diante da crise e das novas prioridades do governo Dilma, está se esgotando.

Uma análise aprofundada desse esgotamento seria longa demais para o espaço deste artigo. Mas o fato é que, ao contrário da maioria dos países emergentes, o Brasil pós-crise passou a crescer menos e está perdendo o controle da inflação.

A precipitada antecipação da campanha de Dilma Rousseff à reeleição torna preocupante o quadro econômico atual, em vista da paralisia na adoção de medidas impopulares que tomou conta da ação governamental.

Na apresentação que farei com parceiros no Fórum Nacional Inae/ BNDES, na semana que vem, um dos destaques será a deterioração recente dos resultados fiscais, que se encaixa nesse quadro de esgotamento e que o governo inexplicavelmente tem procurado esconder por meio de artifícios contábeis e outras medidas do tipo.

A verdade é que, em vista da melhoria. dos parâmetros que afetam a evolução da razão dívida/PIB, os superávits primários poderiam cair até certo ponto sem comprometer a credibilidade fiscal do País.

O problema, hoje, é que devemos estar chegando ao limite máximo de possibilidades dessa queda, enquanto o governo terá, desnecessariamente, perdido grande parte da credibilidade acumulada no passado no que toca a prometer e cumprir metas na área fiscal.

Isso já se vê, inclusive, pela evolução desfavorável de indicadores de risco Brasil relativamente a outros emergentes desde 2012.
Acompanhar a implementação de metas fiscais ficou cada vez mais difícil, especialmente para investidores de fora, e o Brasil vai queimando cartuchos acumulados com tanto sacrifício. 
 
Raul Velloso O Estado de S. Paulo
Consultor econômico.

ENQUANTO ISSO NO DE(s)CÊNIO DOS FARSANTES E GERENTONA FALSÁRIA 1,99, A BICHINHA "PALANQUEIRA 2014"... Disparada dos preços - Inflação dos alimentos já é de 14% em 12 meses

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Não foi em abril que os alimentos deram a trégua esperada aos consumidores.

A pressão desses itens, aliada ao reajuste de remédios e ao custo dos serviços em alta, fizeram com que o IPCA subisse 0,55% em abril frente a março, quando foi de 0,47%, e superasse as projeções de analistas, que previam um aumento de 0,48%.

Com isso, a inflação em 12 meses está praticamente no teto da meta estabelecida pelo governo:
acumula alta de 6,49%, enquanto o limite perseguido pelo governo é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para baixo ou para cima, isto é, até um máximo de 6,5%. 

 
Em abril, a inflação acumulada em 12 meses chegou a superar o teto da meta, indo a 6,59%.

 
Os preços de alimentos ficaram acima do previsto. Eles tiveram apenas uma leve desaceleração e passaram de 1,14%, em março, para 0,96% em abril. Em 12 meses, sobem 13,99%. Os produtos in natura (hortaliças, legumes e frutas), que sofrem com problemas climáticos e aumento do custo do frete, aceleraram os preços no mês passado.

O tomate, que havia ficado 6,14% mais caro em março, subiu ainda com mais força em abril:
7,39%. 

Com isso, o produto, cuja alta de preços virou piada na internet e que chegou a ser boicotado em restaurantes, já acumula alta de 149,69%. Em 12 meses, a batata sobe 123,48%. A cebola, 94,18%.

serviços têm alta de 8,13% em 12 meses

Alimentos já respondem por mais da metade da inflação acumulada no ano. Eles correspondem a 1,35 ponto percentual da alta de 2,5% do IPCA entre janeiro e abril. No ano passado, no mesmo período, eles tiveram participação mais modesta, respondendo por 0,42 ponto percentual de um IPCA cujo avanço ficou em 1,87%.

- Os alimentos têm um peso muito grande nos orçamentos das famílias e continuaram subindo com força. Quando estão altos, há menos renda para se comprar outros itens - afirma Eulina Nunes, da Coordenação de Índices de Preços do IBGE.

Por outro lado, a desoneração da cesta básica ampliou as deflações de produtos como o açúcar refinado, que passou de -1,06%, em março, para -4,50%, em abril.

O óleo de soja caiu 2,87%, acima da queda de 1,53% do mês anterior.

O frango inteiro caiu 1,92%, depois de registrar alta de 0,17% em março.
As oito principais quedas entre os alimentos, juntas, tiveram um impacto de -0,10 ponto percentual no índice. Eulina Nunes frisa, no entanto, que nem toda a redução de preços se refere ao efeito da desoneração, outros fatores também influenciaram.

Os remédios, que tiveram reajuste autorizado em abril, subiram 2,99%. Responderam por 0,10 ponto percentual da inflação, na maior contribuição individual ao índice de abril.

Pressões de demanda também pesaram na inflação. Os preços dos serviços subiram 0,54% e já acumulam alta de 8,13% nos últimos 12 meses o que, segundo analistas, é preocupante.

O empregado doméstico subiu 1,25% em abril, mas esta alta não reflete a mudança na legislação que ampliou o direito dos trabalhadores do setor, mas aumentou os custos dos empregadores.

No índice de inflação, o IBGE mede o preço do serviço doméstico a partir do salário destes empregados, e não pelo custo do patrão com despesas como INSS ou hora extra. Nos últimos 12 meses, o empregado doméstico sobe 11,32%, devido à menor oferta de trabalhadores no setor.

analistas veem alta de 0,25 ponto nos juros

Apesar de a inflação ter subido acima do previsto, analistas não revisaram suas projeções para o comportamento dos preços este ano. Também não mudaram suas apostas para a trajetória da taxa básica de juros Selic, hoje em 7,5% ao ano.

A projeção é que o Banco Central (BC) continue a elevar os juros em 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Para o IPCA, os analistas esperam alívio no segundo semestre, com a inflação fechando o ano em alta entre 5,4% e 6%.

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o BC não tem tido sucesso em deter expectativas de inflação.

- Acho improvável a inflação voltar ao centro da meta nos próximos anos. Combate-se inflação com política monetária e não com política fiscal. É um cenário de inflação preocupante e que vai continuar com um risco grande que está contaminando as expectativas - afirma Vale.

Para o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, a inflação ainda permanece muito disseminada e exige atuação do BC, que, no entanto, deve continuar no compasso de 0,25 ponto de alta.

- Continuamos com um ambiente de demanda doméstica aquecida e a tendência é que os serviços permaneçam pressionados - afirma o economista.

A economista-chefe da Tendências consultoria, Alessandra Ribeiro, espera por mais três elevações de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, atualmente em 7,5% ao ano.

- O BC brasileiro deve agir com cautela porque isso poderia gerar um movimento de apreciação do real que claramente o governo não quer - afirma.

O economista da INVX Global Partners Eduardo Velho estima que, apesar de existir uma resistência dos alimentos em abril, os preços no atacado apontam para um ambiente mais benigno em maio.

Ontem, a Fundação Getulio Vargas informou que o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,06% em abril. Os preços no atacado caíram 0,39%. A inflação ao consumidor, pelo IGP-DI, subiu 0,52%.

Clarice Spitz O Globo