"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 06, 2013

Ao diabo com o interesse nacional ! OU : O diabo está na reeleição

É o que dá fazer-se passar pelo que não se é.

A presidente Dilma Rousseff, de quem não se pode dizer que tenha a facilidade para se expressar entre os seus presumíveis atributos, tentou imitar o patrono Lula - imbatível em matéria de se comunicar com o grande público.
Querendo dizer uma coisa, numa linguagem que não domina, acabou atropelada pelas próprias palavras.


Em um comício em João Pessoa, a pretexto da entrega de um conjunto habitacional, a presidente pregou a civilidade política no trato com os adversários, quando se ocupa um cargo eletivo, em contraposição à crueza das batalhas eleitorais. No primeiro caso, "temos que nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto do povo", discursou.


Já nas campanhas, "podemos brigar, podemos fazer o diabo".

Pode-se deduzir que ela se traiu ao legitimar o vale-tudo na disputa pelas urnas, quanto mais não fosse porque é assim que o seu mestre opera. Mas pode ser também que o diabo entrou na história apenas porque a discípula, diria aquele, "forçou a barra", na ânsia de ser coloquial e aparentar sintonia com o léxico de sua platéia.


Prova disso, decerto, foi ela incluir o desfrute de "uma cervejinha" entre as alegrias de quem passa a morar em casa própria - puro Lula.

De todo modo, a questão de fundo é mais grave. Suponha-se que Dilma tivesse conseguido morder a língua a tempo, guardando-se de invocar o tinhoso e poupando-se de ganhar, pelo avesso, as manchetes da imprensa.


Não faria a menor diferença para o fato de que, sob a batuta de Lula, o "presidente adjunto", na precisa qualificação do seu antecessor Fernando Henrique, ela faz o diabo para permanecer por mais quatro anos no Planalto.

Não é preciso ser o provável candidato presidencial da oposição, o senador Aécio Neves, para constatar que Dilma "não está de olho em 2013, mas na reeleição em 2014".


Mesmo no Brasil, onde as campanhas começam na prática muito antes do que admitem as regras da Justiça Eleitoral, foi acintoso Lula lançar a recandidatura Dilma em fevereiro último, a um ano e sete meses do pleito.


Desde que lhe passou a faixa, ele só desceu do palanque reeleitoral quando a saúde o impediu. Em seguida, tendo recebido alta, o adjunto precisou trabalhar em dobro para correr atrás dos prejuízos do desastroso governo da pupila, que, entre outras conseqüências, produziu o pibinho de 0,9% no ano passado.
 

Orientou-a, de um lado, a ouvir as elites empresariais e, de outro, a circular pelo País para que o povo - o mesmo que aprova o seu desempenho, graças ao binômio emprego e renda, mas está pronto a cantar "Lula lá" a qualquer momento - não a perca de vista.

O que o eleitorado lulista-dilmista ainda não consegue vislumbrar é o nexo entre a absoluta prioridade dada pela dupla ao segundo mandato dela e a incontida seqüência de desastres da atual gestão.


A esta altura, para as parcelas mais bem informadas da população, já há de estar claro que estes descendem daquela em linha direta. Não é a incompetência que permeia o Executivo federal, a começar de sua titular, a causa primeira da disfuncional administração Dilma.


A incompetência se dissemina pela estrutura do poder porque ela está infestada de quadros despreparados, que só ocupam os lugares com que foram aquinhoados para garantir em 2014 uma coligação eleitoral ainda mais enxundiosa, se possível, do que Lula montou para a apadrinhada em 2010.


E pelo mesmo motivo, ainda que o quisesse, Dilma não se atreveria a empreender uma faxina técnica no governo.

Além disso, ela se especializou em tomar decisões eleitoreiras por atacado. É o caso, para citar apenas as mais recentes, da apregoada extinção da "miséria visível", no jargão oficial, para garantir a fidelidade do voto pobre.


Ou a espantosa dispensa do conhecimento dos idiomas dos países onde pretendem estudar os candidatos do agigantado programa Ciência sem Fronteiras, para agregar à clientela eleitoral da presidente a classe média monoglota.

Dilma está pronta para tomar medidas populares a torto e a direito, indiferente ao efeito bumerangue de muitas delas. Já as outras, benéficas mais adiante, nem pensar.

Ao diabo com o interesse nacional!

Estadão

O DIABO COMO GUIA E... Tocando o terror

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Pode ter sido só um ato falho ou um deslize cometido por quem quer, artificialmente, parecer mais pop. Mas a presidente Dilma Rousseff acabou por expor, ainda que involuntariamente, sua maneira de ver os limites de uma disputa eleitoral.

Aí, não tem meias palavras:
para ela e para o PT, vale tudo.

Em mais um de seus atos oficiais transformados em eventos de campanha, Dilma
disse anteontem na Paraíba que "nós podemos disputar eleição, nós podemos brigar na eleição, nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição".

Deixou claro que está disposta a tocar o terror para se reeleger daqui a 19 meses.

A presidente foi à Paraíba para entregar moradias a famílias e distribuir maquinário, como retroescavadeiras, a municípios. Prometeu também dar caminhões-caçamba e motoniveladoras aos prefeitos paraibanos futuramente.

Depois de amealhar as migalhas, só faltou distribuir santinhos de campanha...

A relação da presidente com os municípios se dá desta forma:
os mantém sob cabresto, minando-lhes a autonomia.
Ganham benesses os que se comportam direitinho.

Fosse republicana e respeitosa a relação, o Orçamento Geral da União não estaria cheio de emendas parlamentares não liberadas e de programas e ações federais mal executados. O que interessa é manter a relação de dependência.

Mas voltemos ao que interessa:
a visão que Dilma tem das eleições.

A persona eleitoral da hoje presidente foi moldada num ambiente depauperado, em que as instituições foram contínua e cotidianamente desrespeitadas e a Constituição, aviltada. Até hoje, Dilma parece não ter descido do palanque sobre o qual Luiz Inácio Lula da Silva a colocou cerca de cinco anos atrás.

O cachimbo fez-lhe a boca torta.

O hoje presidente-adjunto transformou o dia a dia de seu segundo mandato numa campanha eleitoral em tempo integral, em ritmo de Big Brother, para eleger a pupila. Já no decorrer de 2008, a então ministra-chefe da Casa Civil fora transmutada em "mãe do PAC" e convertida em candidata full time.

Talvez isso explique porque o programa do qual deveria cuidar até hoje se arrasta de maneira indigente...

É possível que, moldada neste figurino de vale-tudo, Dilma não se acanhe em, novamente, protagonizar uma esdrúxula e extemporânea campanha eleitoral. Mas o que no passado já foi um acinte, agora é um disparate.

Hoje ela é a presidente da República!

É criminoso transformar metade do mandato outorgado pelo povo em mera antevéspera de uma eleição em busca de mais quatro anos de poder.

Não espanta que Dilma veja com naturalidade a possibilidade de "fazer o diabo" para vencer uma eleição. A cada dois anos, seu partido, o partido dos mensaleiros, exercita suas diabruras para conquistar novos nacos de poder, seja na alçada municipal, seja nas esferas estaduais e federais.

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A campanha presidencial de 2010 forneceu o exemplo mais explícito de vilipêndio às instituições, com Lula usando do cargo e abusando da máquina para eleger Dilma, ao mesmo tempo em que acelerava artificialmente a economia - deixando um papagaio que até hoje a sociedade brasileira está pagando, na forma de mais inflação e de crescimento medíocre do PIB.

Mas tem muito mais.

Tem também o dinheiro sujo de aloprados para burlar eleições e tentar denegrir adversários. Tem os dólares na cueca de assessores de políticos hoje convertidos em lideranças nacionais do petismo e tem até a transformação da tribuna democrática da internet num espaço de guerrilha pró-PT.

A presidente da República não poderia deixar se envolver neste ambiente nefasto. No entanto, sucumbe. Dilma Rousseff tem os olhos voltados para 2014, quando 2013 ainda representa um enorme desafio e uma incógnita para um país que, cada vez mais, está se tornando um pária num mundo novamente em aceleração.

O diabo está no dia a dia e suas dificuldades reais, mas estas a presidente não parecer disposta, nem habilitada, a enfrentar.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Tocando o terror

DE(s)CÊNIO ! Saldo da entrada e saída de dólares do país fica negativo em US$ 105 milhões . De janeiro até o dia 1º de março, o saldo é negativo em US$ 2,074 bilhões.




O saldo da entrada e saída de dólares do país fechou fevereiro negativo em US$ 105 milhões, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (6). 

Em fevereiro do ano passado, o saldo ficou positivo em US$ 5,705 bilhões. No primeiro dia de março, o saldo ficou positivo em US$ 417 milhões.

No mês passado, o fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) ficou positivo em US$ 690 milhões, enquanto o financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) registrou resultado negativo de US$ 795 milhões.

De janeiro até o dia 1º de março, o saldo é negativo em US$ 2,074 bilhões. Nesse período, o fluxo comercial registrou saldo negativo de US$ 3,931 bilhões e o financeiro, positivo em US$ 1,857 bilhão.


Agência Brasil

A nova classe média, uma quimera ideológica

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Nos dois últimos lustros a camada menos privilegiada da classe C recebeu novos integrantes, este fato levou alguns analistas a identificarem, erroneamente a meu juízo, a emergência de uma nova classe média no Brasil, a qual é tida, por um número não desprezível de pessoas, como produto de uma consistente ação renovadora desencadeada pelo ex-presidente Luiz Inácio L. da Silva. 

Na verdade, ocorreu tão somente a incorporação, ao aludido estrato da classe C, de segmentos socioeconômicos de variada ordem e que, anteriormente, representavam um efetivo muito numeroso das assim chamadas classes D e E.

A compor tais grupos encontram-se proletários que já o eram, mas que passaram a perceber rendimentos mais elevados; pessoas recentemente incorporadas ao operariado rural e urbano, bem como ao setor de serviços; trabalhadores por conta própria, muitos dos quais exibem características típicas de pequenos empreendedores e, ademais, um número expressivo de pessoas pertencentes ao lumpesinato e que, em decorrência das políticas assistencialistas governamentais, conseguiram alcançar um poder de compra que até então desconheciam.

De toda sorte, uma grande parte desses novos componentes da classe C viu-se beneficiada pelas aludidas práticas assistencialistas às quais emprestei o apodo de coronelismo governamental. Já outros, antigos ou novos proletários, foram favorecidos pela salutar política de aumento do salário mínimo real, igualmente promovida pelos últimos governantes da Federação. 

Outros elementos explicativos do movimento referido na abertura deste texto serão achados em alterações do perfil demográfico da nação, no âmbito educacional, em mudanças ocorridas no mercado de trabalho, assim como na expansão do crédito pessoal.

Além de esses adventícios apresentarem comportamentos originais no plano socioeconômico, responsabilizaram-se eles, na órbita política, por uma atitude absolutamente inédita e da mais alta relevância, pois desprenderam-se de sua secular dependência com respeito às elites pensantes da classe média tradicional e assumiram – na esfera da escolha de seus preferidos para ocuparem cargos eletivos – decisões condizentes com seus interesses mais imediatos, vale dizer, passaram a obedecer aos ditames enunciados pelo governo federal e pelo líder máximo do PT. 

O mesmo posicionamento foi adotado por numerosos elementos das classes D e E. Em decorrência de tal postura, deu-se a reeleição do presidente Luiz Inácio L. da Silva, a eleição da atual presidente da República e, nas eleições municipais de 2012 – dada a contribuição de outros segmentos eleitorais –, a consagração do novo prefeito da capital paulistana.

Como me foi dado apontar no escrito citado acima, a forma assumida por tal descolamento representa um deplorável retrocesso político cuja origem repousa no oportunismo de uma significativa parcela de dirigentes e militantes do PT, os quais se diziam de esquerda, mas que se entregaram inteiramente à luta do poder pelo poder, sem intenção efetiva de levar avante as transformações profundas da sociedade brasileira, às quais diziam se apegar antes de galgarem, com a eleição de Luiz Inácio L. da Silva, a Presidência da República. 

Mesmo admitindo-se ter sido formulada inconscientemente, a invenção dessa rósea nova classe média não pode ser dissociada de uma difusa farsa política de imensas proporções, a qual se apresenta como um dos elementos do ludíbrio ideológico pespegado em milhões de incautos eleitores.

* Iraci del Nero da Costa é professor livre-docente aposentado da USP. - idd@terra.com.br

DE(s)CÊNIO ! A RAZÃO DO pibinho : " NÃO É A CRISE INTERNACIONAL" .

Não é a crise internacional.
Se fosse, o "pibinho" não seria uma exclusividade nacional, mas compartilhado com vários outros países, em particular os mais parecidos conosco, seja geograficamente, seja pela composição das exportações (a predominância de commodities) ou ainda pela renda per capita.

Sob qualquer perspectiva, porém, o Brasil se destacou negativamente em termos de crescimento no ano passado, indicando que, ao contrário da alegação do ministro da Fazenda, nosso desempenho ruim tem origens domésticas.

Na verdade, a crise externa, mais que uma desculpa, foi também diagnóstico. As medidas de política econômica adotadas desde meados de 2011 seguiram um desenho semelhante àquelas utilizadas no período que se seguiu à grande crise financeira de 2008-2009.

Da mesma forma que se costuma dizer que os generais lutam sempre a última guerra, nossos gestores de política econômica parecem estar ainda enfrentando aquela crise.

Para quem não se lembra, o BC iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário argumentando que a crise teria um impacto equivalente a um quarto do observado em 2009, o que faria a inflação convergir à meta no ano passado, um equívoco exposto por uma taxa inflacionária que teima em se desviar dela.

Da mesma forma, o Ministério da Fazenda retomou as medidas de desoneração tributária e colocou os bancos públicos na linha de frente de financiamento ao consumo.

Adicionalmente, elevou o gasto público, apesar das juras de que cumpriria fielmente a meta fiscal e, no final do ano, usou e abusou da contabilidade criativa para tentar esconder o que ficou à plena vista:
que não chegou perto do que havia prometido.

Em outras palavras, seguiu um roteiro muito parecido ao adotado em 2009: juros em queda, bancos públicos expandindo o crédito, gasto governamental em alta.

Essa combinação funcionou bem àquela época, mas, como se vê pelo "pibinho", fracassou espetacularmente no ano passado.

O fiasco é resultado do diagnóstico equivocado. O governo viu a desaceleração da economia como um fenômeno cíclico, induzido pela crise externa, quando as raízes são, na verdade, mais profundas e locais.

Ao contrário de 2009, não se observa no país uma situação de folga do ponto de vista de recursos produtivos. Nem o desemprego é alto (muito pelo contrário), nem os níveis de ocupação de capacidade instalada na indústria são anormalmente baixos.

Assim, enquanto uma política de incentivo ao consumo àquela época tinha grande chance de reativar (como reativou) a economia, a mesma política, sob condições distintas, falhou visivelmente.

Crescemos nos últimos anos com base na expansão do consumo e na ocupação da mão de obra desempregada, com pouca ênfase no investimento e na expansão da produtividade. Funcionou a contento enquanto havia mão de obra disponível, mas isso acabou à medida que a economia se aproximou do pleno emprego.

A desaceleração do crescimento não é, portanto, um fenômeno cíclico, mas o sintoma de esgotamento de um modelo que, a bem da verdade, não poderia ser sustentado indefinidamente, mas foi tratado como se pudesse.

Baseado nessa crença, o país não se preparou para o que viria depois do binômio "consumo e emprego".

Em particular, o abandono das reformas, assim como a relutância em transferir ao setor privado responsabilidades pela infraestrutura, estão por trás tanto do fraco investimento quanto do crescimento medíocre da produtividade.

Assim, para o crescimento continuar ao ritmo observado entre 2004 e 2010, será necessário mudar os incentivos do consumo para o investimento.

Isso, porém, fere interesses já enraizados no país, assim como o padrão de política econômica que se cristalizou no período, sublinhando as dificuldades para operar a mudança.

Cresceremos em 2013 mais do que no ano passado, mas nem perto daquilo que foi um dia o objetivo do governo.

Alexandre Schwartsman, formado em administração pela FGV-SP e em economia pela USP, é doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley). Ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica, é também professor do Insper. Escreve às quartas, semanalmente, no caderno 'Mercado'.

"DE(s)CÊNIO DOS FARSANTES E FALSÁRIOS - DO "CUMPANHÊRU" PARA O "CUMPANHÊRU" PELOS "CUMPANHÊRUS" : PETEBRAS eleva gasto com pessoal, apesar de lucro menor

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O lucro e a produção de petróleo da Petrobras caíram no ano passado e a estatal anunciou um programa de contenção de custos, mas ainda assim a empresa contratou mais empregados e ampliou sua folha de pagamento.

A estatal concedeu reajuste salarial acima da inflação e ampliou benefícios para seus empregados.

Em apenas um ano, a folha subiu 17,3%, em termos nominais (sem considerar a inflação). Mesmo descontado o aumento dos preços, o índice é elevado, já que o IPCA de 2012 foi de 5,84%.

Na média, a despesa real da indústria com pessoal cresceu 4,3%, segundo o IBGE.

De 2008 a 2012, a folha de pagamento total da Petrobras subiu de R$ 12,9 bilhões para R$ 21,7 bilhões alta de 67,7%, mais que o dobro do IPCA do período (31,9%).

Segundo a estatal, as despesas maiores se devem ao aumento de 14% do efetivo no período e à política salarial. O ganho real dos empregados foi de 3% em 2012.

Além disso, contribuíram o aumento de custos referentes a benefícios (educacionais, plano de saúde, previdência complementar) e a melhora do sistema de progressão na carreira (promoções).

As contratações, de acordo com a estatal, foram necessárias para repor empregados que se aposentavam e dar suporte para o investimento crescente e a implantação de novos projetos.

"De 2008 a 2012, os investimentos da alcançaram R$ 357 bilhões. A execução desses investimentos só foi possível graças à recomposição de pessoal a partir de 2001", diz a Petrobras.

Já os ganhos reais e os benefícios mais atraentes, diz, decorrem da "necessidade de reter e atrair profissionais num cenário aquecido de disputa por mão de obra".

A estatal diz que seu programa de corte de custos "não abrange, neste momento, processos de gestão, entre eles o de pessoas".

O foco é reduzir despesas operacionais, como pagamentos a fornecedores e aluguéis de equipamentos.

Para especialistas, o custo adicional com pessoal torna-se um problema no momento em que a companhia não consegue ampliar sua produção e gerar mais caixa e sofre com o peso do endividamento em expansão.

"O setor de petróleo é competitivo e todas as empresas sentem o aumento do custo da mão de obra em escala global. Mas o que falta nessa equação, no caso da Petrobras, é elevar a produção, o que não ocorreu", diz Luiz Caetano, da corretora Planner.

Adriano Pires, da consultoria CBIE, diz que a Petrobras seria "inadministrável", caso fosse privada. "Uma empresa só pode contratar se tiver geração de caixa."

Editoria de Arte/Folhapress

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