"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 12, 2013

PARA REGISTRO ! "VOU-ME EMBORA PRA BRUZUNDUNGA"


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O Brasil é um país fantástico.

Nulidades são transformadas em gênios da noite para o dia. 
Uma eficaz máquina de propaganda faz milagres. Temos ao longo da nossa História diversos exemplos. O mais recente é Dilma Rousseff.

Surgiu no mundo político brasileiro há uma década. 
Durante o regime militar militou em grupos de luta armada, mas não se destacou entre as lideranças. Fez política no Rio Grande do Sul exercendo funções pouco expressivas. 
Tentou fazer pós-graduação em Economia na Unicamp, mas acabou fracassando, não conseguiu sequer fazer um simples exame de qualificação de mestrado.
Mesmo assim, durante anos foi apresentada como "doutora" em Economia. Quis-se aventurar no mundo de negócios, mas também malogrou. 
Abriu em Porto Alegre uma lojinha de mercadorias populares, conhecidas como "de 1,99". 
Não deu certo. Teve logo de fechar as portas.

Caminharia para a obscuridade se vivesse num país politicamente sério. Porém, para sorte dela, nasceu no Brasil. E depois de tantos fracassos acabou premiada: virou ministra de Minas e Energia. Lula disse que ficou impressionado porque numa reunião ela compareceu munida de um laptop. Ainda mais: apresentou um enorme volume de dados que, apesar de incompreensíveis, impressionaram favoravelmente o presidente eleito.

Foi nesse cenário, digno de O Homem que Sabia Javanês, que Dilma passou pouco mais de dois anos no Ministério de Minas e Energia. Deixou como marca um absoluto vazio. Nada fez digno de registro. Mas novamente foi promovida. Chegou à chefia da Casa Civil após a queda de José Dirceu, abatido pelo escândalo do mensalão.

Cabe novamente a pergunta:
por quê?

Para o projeto continuísta do PT a figura anódina de Dilma Rousseff caiu como uma luva. Mesmo não deixando em um quinquênio uma marca administrativa - um projeto, uma ideia -, foi alçada a sucessora de Lula.

Nesse momento, quando foi definida como a futura ocupante da cadeira presidencial, é que foi desenhado o figurino de gestora eficiente, de profunda conhecedora de economia e do Brasil, de uma técnica exemplar, durona, implacável e desinteressada de política. Como deveria ser uma presidente - a primeira - no imaginário popular.

Deve ser reconhecido que os petistas são eficientes. A tarefa foi dura, muito dura. Dilma passou por uma cirurgia plástica, considerada essencial para, como disseram à época, dar um ar mais sereno e simpático à então candidata. 
Foi transformada em "mãe do PAC". 
Acompanhou Lula por todo o País.  
Para ela - e só para ela - a campanha eleitoral começou em 2008.
 
Cada ato do governo foi motivo para um evento público, sempre transformado em comício e com ampla cobertura da imprensa. Seu criador foi apresentando homeopaticamente as qualidades da criatura ao eleitorado. Mas a enorme dificuldade de comunicação de Dilma acabou obrigando o criador a ser o seu tradutor, falando em nome dela - e violando abertamente a legislação eleitoral.

Com base numa ampla aliança eleitoral e no uso descarado da máquina governamental, venceu a eleição. Foi recebida com enorme boa vontade pela imprensa. A fábula da gestora eficiente, da administradora cuidadosa e da chefe implacável durante meses foi sendo repetida. 
Seu figurino recebeu o reforço, mais que necessário, de combatente da corrupção.

Também, pudera:
não há na História republicana nenhum caso de um presidente que em dois anos de mandato tenha sido obrigado a demitir tantos ministros acusados de atos lesivos ao interesse público.
 
Com o esgotamento do modelo de desenvolvimento criado no final do século 20 e um quadro econômico internacional extremamente complexo, a presidente teve de começar a viver no mundo real. E aí a figuração começou a mostrar suas fraquezas.

O crescimento do produto interno bruto (PIB) de 7,5% de 2010, que foi um componente importante para a vitória eleitoral, logo não passou de uma recordação. Independentemente da ilusão do índice (em 2009 o crescimento foi negativo:
-0,7%), apesar de todos os artifícios utilizados, em 2011 o crescimento foi de apenas 2,7%.

Mas para piorar, tudo indica que em 2012 não tenha passado de 1%.

Foi o pior biênio dos tempos contemporâneos, só ficando à frente, na América do Sul, do Paraguai. A desindustrialização aprofundou-se de tal forma que em 2012 o setor cresceu negativamente: 
-2,1%.

O saldo da balança comercial caiu 35% em relação à 2011, o pior desempenho dos últimos dez anos, e em janeiro deste ano teve o maior saldo negativo em 24 anos. A inflação dá claros sinais de que está fugindo do controle. 
E a dívida pública federal disparou:
chegou a R$ 2 trilhões.

As promessas eleitorais de 2010 nunca se materializaram. Os milhares de creches desmancharam-se no ar. O programa habitacional ficou notabilizado por acusações de corrupção. As obras de infraestrutura estão atrasadas e superfaturadas. Os bancos e empresas estatais transformaram-se em meros instrumentos políticos - a Petrobrás é a mais afetada pelo desvario dilmista.

Não há contabilidade criativa suficiente para esconder o óbvio:
o governo Dilma Rousseff é um fracasso. 
E pusilânime:
abre o baú e recoloca velhas propostas como novos instrumentos de política econômica.

É uma confissão de que não consegue pensar com originalidade.

Nesse ritmo, logo veremos o ministro Guido Mantega anunciar uma grande novidade para combater o aumento dos preços dos alimentos:
a criação da Sunab.

Ah, o Brasil ainda vai cumprir seu ideal:
ser uma grande Bruzundanga.

Lá, na cruel ironia de Lima Barreto, a Constituição estabelecia que o presidente "devia unicamente saber ler e escrever; que nunca tivesse mostrado ou procurado mostrar que tinha alguma inteligência; que não tivesse vontade própria; que fosse, enfim, de uma mediocridade total".

11 de fevereiro de 2013
"VOU-ME EMBORA PRA BRUZUNDUNGA"

Os boatos nada santos

Esta coluna nega formalmente os rumores de que o senador José Sarney esteja pleiteando o cargo de papa, no lugar de Bento 16. O senador Renan Calheiros também rejeita qualquer pretensão. 

 Certamente têm razão: 
num cargo desse tipo, não há como conciliar o trabalho com as exigências familiares. Roseana, Sarney Filho, Renanzinho, de que maneira poderiam auxiliar o trabalho dos pais?

O ex-presidente Lula não se manifestou sobre o assunto, o que só fará depois que viajar para o Vaticano para conversar com o papa renunciante. "Companheiro Santidade, tem mesmo de passar o dia lendo e rezando, junto com um monte de gringo vestido de vermelho que só fala língua esquisita?" 

Talvez o Gilbertinho, por que não? 
Foi seminarista, entende dessas coisas. 
Mas quem é que vai lhe contar, depois, tudo o que a Dilma anda fazendo? 
O Zé Dirceu, também não: 
está com a ficha suja. 
Conforme o próprio Zé contou, já foi coroinha, mas terminou sendo afastado da função porque se apropriava de hóstias.

O senador Eduardo Suplicy poderia ser um nome interessante, até porque sua característica maneira de falar já lembra o tradicional cantochão eclesiástico. Mas, quando terminasse de explicar o seu projeto de renda mínima ao Colégio de Cardeais, já estaria na hora do novo conclave.

Há quem lembre um nome tucano, mas até que consigam decidir se é Aécio, Alckmin ou Serra, vários papas terão passado pelo Trono de Pedro. E Serra nem teria como aceitar: 
quem acha que é Deus não pode exercer cargos mais baixos.

Predestinados

Mas bem que um político brasileiro mereceria ocupar o cargo. Muitos são extremamente religiosos e sempre carregam um terço no bolso.

Sucesso e insucesso


O abaixo-assinado que pede o impeachment do presidente do Senado, Renan Calheiros, alcançou perto de 1,4 milhão de assinaturas. 
Com este número (que a Justiça Eleitoral ainda tem de confirmar), é possível apresentar um projeto de lei de iniciativa popular. 

Mas, se o caro leitor é contra Renan, não se entusiasme ainda: entre as possíveis leis de iniciativa popular, não há referência a casos de impeachment ou mesmo de afastamento de postos no Congresso. Na mais favorável das hipóteses, o que poderá ocorrer será uma longa batalha judicial.

E, cá entre nós, ache cada um o que achar de Renan Calheiros, será uma batalha injusta: 
ele foi legalmente eleito. 
Os eleitores de seu Estado, Alagoas, o escolheram para representá-los. Terão os eleitores de outros Estados preferência sobre os alagoanos, na escolha dos representantes de Alagoas? 

E Renan foi regularmente eleito presidente do Senado por seus pares, que por ele se acham bem representados. Se irregularidades havia, deveriam ter sido levantadas antes da votação.

Desta vez, não
As ações da Petrobras estão caindo, a inflação está subindo, importa-se gasolina e diesel, o crescimento do Produto Interno Bruto é minúsculo, há algumas divergências a respeito da maneira pela qual as contas oficiais estão sendo acertadas. 

Mas não se pode colocar a culpa em Guido Mantega: 
não foi ele que suspendeu os leilões de lotes petrolíferos, não foi ele que obrigou a Petrobras a vender seus produtos no mercado interno a preços mais baixos do que pagou, não foi ele que criou despesas e cargos para atender a demandas político-partidárias. 

Tudo isso chegou pronto a ele, que leva a culpa por ser quem anuncia as más notícias. Mas quem conhece Guido Mantega tem a certeza absoluta de que não é ele o culpado pelos acontecimentos indigestos.

Como de costume, ele não fez nada.


Às armas! 1

O novo Fórum de São José dos Campos, SP, não é um prédio adaptado: 
foi construído levando em conta suas finalidades. 
Não é uma construção baratinha, para quebrar o galho: 
custou R$ 30 milhões. 

E, mesmo assim, a carceragem, o local onde ficam os presos, muitos deles perigosos, está exatamente em frente ao depósito de armas. 
Apenas duas portas, a da carceragem e a do depósito, separam os presos das armas ali armazenadas. Mais uma crônica da tragédia anunciada.

Às armas! 2


A Rodovia dos Tamoios, que liga o Vale do Paraíba ao Litoral Norte do Estado de São Paulo, está sendo duplicada pelo Governo do Estado. A época escolhida pelo governador Geraldo Alckmin, PSDB, não poderia ser menos adequada: 
dificulta o trânsito durante as férias, os feriados de fim de ano, o Carnaval e a Semana Santa. 

Mas há coisa pior: 
construíram casinhas ao longo da estrada e ali armazenaram a dinamite necessária para as obras.

Os bandidos aceitaram o gentil convite e já roubaram, só ali, 85 toneladas, prontinhas para facilitar seus assaltos.


Questão de justiça


Tudo bem, os políticos brasileiros estão fora de cogitação para o lugar do papa. Mas, no país do Carnaval, quantos deles poderiam ser eleitos, cantando Mamãe eu Quero, para Rei Eu Mamo?

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