"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 29, 2012

‘O PT de Rosemary’

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrDqybjAQ3E-8r8gc4pxIsK6xT8fEIDUdHfAEOb4mENPZkE8BKLcvlWkV2FE80kmhUGMNaQreJDUCzowNTC3g43zTwCMOZFpBPEnFToxEO2CrYD8tcfHqmVohAWSQGv8D2YXcMq79ip5s/s640/rosemary_dilma_lula_27-12-1012.jpg
Certos candidatos a certas nomeações, ao que parece, precisam apresentar entre seus documentos um atestado de antecedentes incompleto. Só o completarão, como folha corrida, como capivara, no exercício do cargo.
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça
Mas esta não é uma novidade. Novidade seria explicar o motivo que levou a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, a investigar assuntos do Governo e gente influente do Governo anterior. Há alguns palpites, que podem até ser verdadeiros, mas que neste momento não passam de palpites:
a) há pouco tempo o Governo negou o aumento reivindicado pela Polícia Federal (só que essa investigação não começou há pouco tempo);

b) a Polícia Federal é dividida em várias alas (mas seria estranho que alguma delas agisse num nível tão alto sem que o ministro da Justiça fosse informado);

c) o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, era apontado como um dos preferidos de Dilma para o Supremo (e sua indicação ficou difícil pelo envolvimento no caso de seu adjunto e homem de confiança, cuja escolha para o cargo defendeu com todo o empenho). Outra possibilidade de escolha da presidente Dilma seria o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo ─ que vem a ser, por coincidência, o chefe da Polícia Federal. O afastamento do nome de Adams reforça, sem dúvida, o nome de Cardozo.

Depois das desastrosas declarações do ministro sobre as prisões brasileiras, sob sua responsabilidade, seria esta também uma maneira de tirá-lo do posto, promovendo-o para fora do Governo.

Perguntas

Se Cardozo sabia das investigações, terá contado a Dilma? Se sabia e a informou, por que não houve providências imediatas, como afastar Rose Noronha antes que o caso se tornasse público? Se sabia e não a informou, continuará merecendo confiança?

Se não sabia, como manter-se no cargo que não terá exercido?

Dúvidas, dúvidas

1 ─ Para que existem gabinetes da Presidência da República em vários Estados? Com o avanço extraordinário das telecomunicações, para que servem?

2 ─ A secretária Rose Noronha foi demitida do gabinete paulista, e não terá substituto. Se o cargo era necessário, por que não substituí-la? Se o cargo era desnecessário, por que se pagava uma funcionária para exercê-lo?

3 ─ Quando estourou o Mensalão, o presidente Lula se disse apunhalado pelas costas. Agora, o ex-presidente Lula se disse apunhalado pelas costas. Afinal de contas, para que servem seus guarda-costas?

4 ─ Lula provém de família pobre, foi operário, foi líder sindical, fundou um partido importante, elegeu-se duas vezes presidente da República, elegeu sua sucessora. Mas vive dizendo que foi traído. Será que Lula se considera ingênuo? Será que alguém no país seria capaz de considerá-lo simplório?

Como não disse lorde Acton, todo poder mexe com a cabeça de quem o exerce; e, quando o poder se alonga excessivamente, excessivo é o efeito que causa em quem o detém. Uma historinha de um ano atrás, na reunião ordinária do Conselho Seccional da OAB paulista: o presidente da entidade, Luiz Flávio Borges d’Urso, já em seu terceiro mandato, se irritou com o advogado Alberto Toron, que o informou de que seria candidato à Presidência da Ordem, pela oposição. 

E determinou oficialmente o início de um processo de desagravo contra Toron ─ o único advogado brasileiro sem cargo público a receber este ataque. Marcos da Costa, vice-presidente (e hoje candidato oficial à Presidência, enfrentando Toron), concordou. Depois, pensando melhor, Marcos da Costa e d’Urso desistiram da lambança e esqueceram até mesmo de registrá-la na ata do Conselho.

Esta quinta, dia das eleições na OAB-SP, promete ser um dia quente.

COLUNA DE CARLOS BRICKMANN

A REPÚBLICA É DE TORPES. CANALHA É CANALHA EM QUALQUER SITUAÇÃO, ENTÃO... Senadores usam artifícios para entrar na lista de quem pagou IR sobre 14º e 15º. Entre os 54 que pagaram, alguns depositaram apenas o principal da dívida, sem juros e multa


O pagamento - ou o não pagamento - do Imposto de Renda (IR) devido por senadores à Receita Federal continua rendendo polêmica. Nos últimos dias, depois da divulgação pela imprensa de que os contribuintes pagariam R$ 5,043 milhões para quitar a conta de senadores inadimplentes com o Fisco, referente ao recolhimento do IR sobre os salários extras (14º e 15º salários) pagos em cinco anos), o Blog do Senado vem atualizando a relação dos parlamentares que, para prestar contas ao eleitorado, decidiram pagar do próprio bolso essas dívidas.

Por enquanto, 54 senadores já quitaram suas dívidas. Mas agora sabe-se que alguns usaram um artifício para continuar deixando espetadas, na conta do Senado, as salgadas multas e juros cobradas dos últimos cinco anos. Com o depósito direito em uma conta do Tesouro, restituíram apenas o montante do imposto devido, ficando o Senado responsável por negociar multas e juros.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi um dos que fez questão de levar, no comitê de imprensa do Senado, oficio dando conta de que pagará R$ 49.981,49. Ele foi o único que admitiu ter recorrido a essa saída, de pagar apenas o principal da dívida, por orientação da diretoria geral do Senado. Mas outros senadores da Mesa também teriam usado desse expediente.

- Com as multas eu teria que pagar um pouco mais de R$ 90 mil. Achei que minha responsabilidade era pagar o IR devido, que é R$ 49.981,49 porque a responsabilidade de não ter recolhido antes foi do Senado. Minha chefe de gabinete foi à diretora geral (Doris Peixoto) e foi orientada a depositar só o imposto devido na conta única do Tesouro - disse Suplicy.

Procurada, a comunicação social do Senado divulgou nota para informar que não poderia divulgar a discriminação de pagamento dos outros senadores, por questão de sigilo fiscal. Apenas confirmou o nome de Suplicy, porque esse já tinha tomado a iniciativa de revelar que recolhera direto ao Senado.

Ter o nome na lista oficial dos que já quitaram suas dívidas tem trazido grande transtorno aos senadores. Cada um tem uma explicação pelo não pagamento. O ex-líder do PT, senador Humberto Costa (PT-PE) mandou explicar que não pagou porque entrou com um recurso, na Receita Federal, contra a interpretação de que verba indenizatória tem que ser tributada. Costa alega que seu recurso ainda não foi julgado, e portanto sua cobrança está suspensa.

Senadores que assumiram nesta legislatura pagam uma média de R$ 21 mil. Alguns conseguem negociar e reduzir o valor para R$ 18 mil, como Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O senador João Alberto Capiberibe (PSB-AP), que assumiu há menos de um ano, ainda não tem dívida nenhuma relativa aos salários extras. Muitos, que têm a conta mais salgada, como o presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), dividiram a dívida em 48 prestações de R$ 1.500,00.

brasil maravilha dos FARSANTES ! "PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA" : Com Estado falho, pobreza persiste


O governo federal apregoa na sua propaganda institucional que "país rico é país sem pobreza". Noves fora o pleonasmo do slogan, trata-se de uma situação que o Brasil ainda está longe de alcançar, como mostra mais um levantamento feito pelo IBGE. Distribuir renda não é suficiente quando o Estado falha em cumprir suas funções e em prover bem-estar naquilo que diretamente lhe cabe.

A Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) 2012, divulgada ontem, buscou averiguar como andam as condições de vida do brasileiro, não se limitando à mera aferição de indicadores de renda. Constatou que o país não apenas mantém-se muito desigual, como também continua sem prover serviços básicos como saneamento adequado, água encanada, lixo coletado e luz elétrica a uma larga parcela da sua população.  Segundo o levantamento, 22,4% dos brasileiros ainda vivem em situação considerada "vulnerável". Isso significa que, simultaneamente, não têm água tratada, nem esgoto coletado (seja por meio de redes públicas ou por meio de fossas sépticas), não têm lixo recolhido, não dispõem de eletricidade, não têm acesso à educação e estão excluídos do mercado formal de trabalho. Também ganham menos de R$ 370 por mês. Em números absolutos, 41,2 milhões de pessoas sobrevivem assim no Brasil hoje.

O grupo dos que têm renda classificada como "suficiente", ou seja, acima de R$ 370 mensais, mas não têm acesso aos serviços básicos soma 30,6% dos domicílios urbanos do país ou cerca de 64 milhões de pessoas. Isso equivale a dizer que, para cada duas moradias habitáveis, há uma sem condições mínimas de vida. Entre 2001 e 2011, o total de domicílios com acesso simultâneo a todos os serviços subiu de 67,1% para 69,4%, um avanço muito tímido.

É verdade que a desigualdade de renda vem diminuindo entre nós, o que merece lauta comemoração. O coeficiente de Gini - parâmetro usado para medir a disparidade de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres - caiu a 0,508 em 2011. É a mais baixa taxa em 30 anos - em 1980, estava em 0,583. Quanto mais se aproximar do zero, melhor.

Ainda assim, o Brasil ainda é uma das mais desiguais nações do mundo. Na América Latina, conseguimos deixar alguns países para trás nas últimas décadas, mas ainda somos o quarto mais desigual do continente, como mostrou a ONU-Habitat em agosto. Aqui os 20% mais ricos ganham 16,5 vezes mais que os 20% mais pobres, relação que nos países desenvolvidos costuma ficar entre quatro e seis vezes apenas.

Ao analisar tanto as carências de renda quanto as sociais, o SIS fornece um retrato mais fiel das condições de vida no país. Permite jogar luz sobre as políticas públicas que vêm sendo praticadas pelo governo e analisar até que ponto elas têm sido bem sucedidas em efetivamente melhorar a vida dos brasileiros. A conclusão é que, onde mais é necessário, o Estado fracassa.

Nos últimos anos, a ênfase das políticas públicas levadas a cabo pelas gestões petistas tem sido ampliar o acesso ao mercado de consumo. A distribuição massiva de benefícios sociais e o aumento do salário mínimo foram orientados nesta direção, com sucesso. Mas viver bem é muito mais do que poder ter acesso a bens de consumo, e nisso o Estado petista tem malogrado de maneira recorrente.

Melhorar os serviços de saneamento, oferecer educação pública de qualidade, facilitar a formalização do mercado de trabalho e criar ambiente favorável à expansão da oferta de energia são, todas, atribuições do Estado. Não que a execução dos serviços seja necessariamente prerrogativa do poder público, mas cabe a ele gerar condições para que isso se dê de forma adequada.

Num Estado dominado pela ineficiência e pela predação, como temos visto no país nos últimos anos, as circunstâncias adequadas para que os avanços na prestação dos serviços públicos não se apresentam. Por mais dinheiro no bolso que o cidadão tenha, há atribuições inalienáveis ao aparato estatal, que, cada vez mais, menos cumpre o seu papel.

O levantamento do IBGE mostra, claramente, os limites das políticas públicas patrocinadas pelo PT, seu viés meramente consumista e distributivista. Escancara a ineficiência do Estado em prover bons serviços à população mais vulnerável e também seu retumbante fracasso em criar condições para que o investimento privado floresça em áreas essenciais. Com tanta pobreza e desigualdade, não há como transformar o Brasil num país rico.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Com Estado falho, pobreza persiste

BOCA FALA, C... PAGA ! "Luíz Felipe Scolari começou mal como novo técnico da Seleção Brasileira. Esperamos que ele não esteja tão desatualizado sobre futebol quanto está sobre as relações de trabalho nos bancos".



Luiz Felipe Scolari já chegou causando polêmica. Logo em sua primeira entrevista como técnico da seleção brasileira, na manhã desta quinta-feira, Felipão acabou criando um mal-estar com os bancários após uma declaração. Ao ser questionado sobre a pressão de ter que vencer a Copa do Mundo no Brasil, o treinador fez uma comparação com o trabalho dentro de um banco, o que acabou desagradando a classe.

- Quem joga futebol tem pressão, e os jogadores têm que saber isso. Tem que trabalhar nesse aspecto. Se não quer pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada, aí não tem pressão nenhuma - disparou Felipão.

Horas depois da polêmica declaração, o Banco do Brasil, citado por Scolari, emitiu uma nota lamentando o episódio, e aproveitou para alfinetar o técnico.

"O Banco do Brasil, junto com todo o povo brasileiro, deseja boa sorte ao técnico Luíz Felipe Scolari em seu novo desafio à frente da seleção, e torce para que as grandes conquistas do vôlei brasileiro, patrocinado pelo BB há mais de 20 anos, inspirem o trabalho da Seleção", diz um trecho da nota.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) também se manisfetou sobre o comentário de Felipão. Em nota assinada pelo presidente da entidade, Carlos Cordeiro, a Contraf-CUT forneceu dados e afirmou que o técnico "parece não ter conhecimento sobre a realidade do trabalho no sistema financeiro nacional".

"Luíz Felipe Scolari começou mal como novo técnico da Seleção Brasileira. Esperamos que ele não esteja tão desatualizado sobre futebol quanto está sobre as relações de trabalho nos bancos
".

Confira abaixo as duas notas na íntegra:
Banco do Brasil

"O Banco do Brasil, junto com todo o povo brasileiro, deseja boa sorte ao técnico Luíz Felipe Scolari em seu novo desafio à frente da seleção, e torce para que as grandes conquistas do vôlei brasileiro, patrocinado pelo BB há mais de 20 anos, inspirem o trabalho da Seleção.

Entrentanto, o Banco do Brasil lamenta o comentário infeliz do técnico Luis Felipe Scolari e afirma que se orgulha por contar com 116 mil funcionários que todos os dias vestem a camisa do Banco, com as cores do Brasil, e trabalham com dedicação e compromisso para atender com excelência às necessidades de nossos clientes e do nosso País.

Para a família BB, planejamento, respeito e organização são os segredos para uma estratégia de sucesso que transforma a pressão do dia-a-dia em motivação para as conquistas e para o apoio ao desenvolvimento do Brasil."

Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

Bancários repudiam declaração de Felipão

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) repudia a declaração do técnico Luis Felipe Scolari sobre o trabalho dos bancários do Banco do Brasil, feita na entrevista coletiva desta quinta-feira 29, no Rio de Janeiro, ao reassumir o posto de treinador da Seleção Brasileira.

Ao afirmar que, se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada, Felipão não apenas desrespeita os trabalhadores bancários, como demonstra total desconhecimento sobre a realidade do trabalho no sistema financeiro nacional.

Cerca de 1.200 bancários são afastados do trabalho mensalmente, por razões de saúde, vítimas do assédio moral e da pressão violenta para que cumpram as metas abusivas de produção e vendas impostas pelas instituições financeiras, inclusive o Banco do Brasil.

Carlos Cordeiro
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

Joaquim Barbosa quer aumentar penas de condenados do mensalão.Tese do relator sobre texto da lei da corrupção passiva pode elevar pena de 8 réus

Após terem finalizado o cálculo das penas dos 25 condenados no processo do mensalão, um trabalho que consumiu dez sessões, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) podem agora refazer as contas. Na sessão de quarta-feira, o relator do caso e presidente da Corte, Joaquim Barbosa, aconselhou o plenário a adotar penas mais altas para os condenados por corrupção passiva.

Lei de novembro de 2003 alterou a punição de um a oito anos de reclusão para dois a 12 anos. A maioria dos ministros tem considerado a lei mais branda, contra a vontade de Joaquim. Se a tese do relator vingar, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-PR), condenado a uma pena que o levaria ao regime semiaberto, passaria ao regime fechado.

A proposta do relator tem o poder de aumentar a pena de oito dos 12 condenados por corrupção passiva. Desses oito, três passariam do regime semiaberto para o fechado. Além de Valdemar, estão nesta situação o deputado Pedro Henry (PP-MT)
e o ex-assessor do PP João Cláudio Genu.
Os outros cinco são:
os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE), J
osé Borba (PMDB-PR),
Bispo Rodrigues (PL-RJ) e Romeu Queiroz (PTB-MG),
além do ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas.

O relator propôs a revisão durante o exame da situação do presidente do PTB, Roberto Jefferson, condenado a corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Joaquim considerou a atenuante de réu colaborador ao fixar a punição, mas defendeu a aplicação da lei mais severa no caso dele e de outros condenados por corrupção passiva. Isso porque, embora os réus tenham acertado o recebimento de propina enquanto a lei antiga estava em vigor, o pagamento foi efetivado depois de editada a nova norma.

- A prática da ação de solicitar vantagem indevida e da ação de receber não configura mais de um crime de corrupção passiva. Mas, quando há também o recebimento, o momento a ser considerado é este, e não o da solicitação da vantagem - explicou Joaquim, completando:
- O réu Valdemar Costa Neto recebeu mais de R$ 10 milhões. Pelos critérios do plenário, que considero equivocados, foi aplicada pena de dois anos e seis meses de reclusão (por corrupção passiva), que, ao meu sentir, é o absurdo dos absurdos. Entra em contradição com tudo o que o STF vem decidindo nesse plenário e nas turmas.

Ministros resolveram deixar polêmica para depois

O revisor, ministro Ricardo Lewandowski, ponderou que, se for reaberta a dosimetria, seria necessário dar prazo à defesa e ao Ministério Público para se manifestarem. O relator protestou:

- Está evidente que o tribunal tomou um rumo sem examinar os casos multifacetados desse crime. Temos que reexaminar isso, é evidente.

Diante da polêmica, os ministros decidiram adiar a discussão para quando a dosimetria das penas de todos os réus tiver terminado. A ministra Rosa Weber, que estava adotando a lei mais antiga para calcular as penas, admitiu a possibilidade de mudar de posição diante dos argumentos de Joaquim.

Atualmente, a pena total imposta a Valdemar soma sete anos e dez meses de reclusão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. No plenário, saiu vencedora a sugestão de Lewandowski para a punição por corrupção passiva. Ele usou a lei mais leve para calcular a punição.

Se a tese de Joaquim tivesse sido aceita, a pena total seria um ano e sete meses maior, somando oito anos e cinco meses de reclusão. Segundo a legislação, uma pena superior a oito anos deve ser cumprida em regime fechado ou seja, sem o direito de sair durante o dia, como no semiaberto.

Pedro Henry foi condenado a sete anos e dois meses de reclusão pelos mesmos crimes de Valdemar. No cálculo da corrupção passiva, saiu vencedora a tese da ministra Rosa Weber, que também considerou a lei mais branda. Caso a sugestão de Joaquim seja aceita, a pena aumentará em um ano, levando o total a oito anos e dois meses de reclusão.

João Cláudio Genu está em situação semelhante. Ele foi condenado a sete anos e três meses de reclusão pelos mesmos crimes. A maioria dos ministros sugeriu uma pena inferior a dois anos para corrupção passiva, o que tornou a punição prescrita ou seja, na prática, Genu não vai ser punido pelo crime.

Se o plenário tivesse concordado com a pena sugerida por Joaquim, de dois anos e seis meses, a punição total iria para nove anos e nove meses.

Outros cinco réus terão suas penas totais agravadas se o plenário se render à ideia de Joaquim. No entanto, o regime de cumprimento seria mantido. Pedro Corrêa, condenado a nove anos e cinco meses por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, teria pena total de 11 anos.

Bispo Rodrigues, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, levou seis anos e três meses de prisão. O número saltaria para seis anos e nove meses, considerando a proposta de Joaquim.

Romeu Queiroz, condenado pelos mesmos dois crimes por seis anos e seis meses, teria pela elevada para sete anos e seis meses. Borba, enquadrado nos mesmos crimes, tem nas costas dois anos e seis meses. A pena saltaria para três anos e seis meses. No caso de Jacinto Lamas, a pena para corrupção passiva que a maioria dos ministros escolheu também foi inferior a dois anos e, portanto, estaria prescrita.

Com o voto do relator, a pena total de cinco anos por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha seria elevada para sete anos e seis meses.

Outros quatro réus condenados por corrupção passiva não devem ter suas penas alteradas se a proposta de Joaquim for vencedora, porque os ministros não divergiram sobre qual lei aplicar.

São eles:
o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), apenado com nove anos e quatro meses de reclusão;
o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, com 12 anos e sete meses de reclusão;
o presidente do PTB e delator do esquema, Roberto Jefferson, com sete anos e 14 dias;
e ex-tesoureiro informal do PTB Emerson Palmieri, com quatro anos, que foram substituídos por pena alternativa e multa.

PETEBRAS : Graça Foster diz que importações de gasolina vão aumentar em dezembro

 A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse há pouco que as importações de gasolina deverão aumentar no mês de dezembro e em janeiro. Segundo Graça Foster, em novembro as importações de gasolina pela companhia ficaram em torno de 80 mil barris diários. Para o ano, a presidente acredita que a média ficará entre 88 mil a 90 mil barris diários. 

A tendência é que agora, com férias, tenha um movimento grande com crescimento do consumo de gasolina. Até o final do ano a tendência é, no mínimo, ficar nos níveis atuais. Cair não vai disse Graça.

A presidente da Petrobras explicou que a venda de bloco BS-4 no pós sal da Bacia de Santos para a OGX faz parte do programa de venda de ativos da companhia ue tem como objetivo conseguir recursos da ordem de US$ 14,8 bilhões. O BS-4 não fazia parte dos projetos de interesse da companhia e por isso resolveu vender por US 270 milhões. A refinaria de Pasadena no Texas também está à venda.

Sobre o próximo reajuste de preços dos combustíveis, Graça Foster afirmou que não tem qualquer previsão de quando isso será feito, mas garantiu que o caixa da companhia está bem.

Não tem previsão. 
A Petrobras está com suas contas neste ano fechadas, está muito bem com o caixa, mas não há previsão de aumento afirmou.
Sobre a convocação da Petrobras pela Comissão de Energia da Câmara dos Deputados para explicar a operação de compra da refinaria de Pasadena, Graça Foster disse estar pronta a esclarecer aos parlamentares.

Nós somos uma empresa estatal com atividades enormes e sempre que convocados estaremos falando, explicando, justificando, demonstrando. Foram momentos diferentes. Há oito anos atrás a demanda por refinados era muito grande, hoje temos outra situação diferente fora do Brasil. São momentos diferentes que têm que ser apreciados à luz das condições de contorno daquele momento afirmou.

Graça Foster participou há pouco da abertura do seminário Mulher, Ciência e Tecnologia, em realização no Rio promovido pela Petrobras e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Na ocasião, Graça Foster defendeu o fim do preconceito e a favor da diversidade de opiniões nas companhias, não apenas em relação à mulher, como em relação a raça e sexo.

Graça afirmou que não é a favor de cotas nas companhias. 
Segundo ela, não deve existir qualquer discriminação para um funcionário ocupar um cargo de destaque, por ele ser mulher, ou baixo, ou negro ou feio.

'É ridículo falarem em mídia golpista'

O cantor e compositor Caetano Veloso condenou a postura de alguns petistas em relação ao julgamento do mensalão.

 "Eu não compartilho com a visão de alguns petistas que dizem que isso é um golpe da mídia golpista, acho isso ridículo e desrespeitoso com a população", disse ontem, durante entrevista ao Estado sobre o lançamento de seu novo disco Abraçaço.

Caetano não preservou o ex-presidente Lula. 

"Lula, logo que aconteceu (o mensalão) disse que tinha sido traído. Depois, dando a entender que o mensalão era caixa 2, disse que era uma coisa que todo mundo fazia no Brasil e que não tinha nada de mais. Agora está dizendo, ou insuflando as pessoas a dizerem, que se trata de golpe da mídia? Isso é um desrespeito." 

Estadão/JULIO MARIA

BRASIL REAL SEM "MARQUETINGUE" : Faltam serviços básicos em 30% dos domicílios

Mais de 16 milhões de lares não têm, simultaneamente, coleta de esgoto por rede ou fossa séptica, água tratada, recolhimento de lixo e eletricidade
 
 O avanço na distribuição de renda no Brasil de 2001 a 2011 contrasta com as condições de vida de parte considerável da sociedade brasileira, demonstra a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) 2012 divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em 2011, 30,6% dos domicílios urbanos brasileiros - pouco mais de 16 milhões de lares, com prováveis 64 milhões de moradores - não tinham simultaneamente os serviços básicos para que haja condições mínimas de habitação: água tratada, coleta de esgoto por rede ou fossa séptica, recolhimento de lixo e eletricidade.

A razão entre as residências com e sem os quatro serviços era de 0,44 - praticamente para cada dois domicílios habitáveis havia um sem eles, aponta o estudo. "Essa questão tem a ver com a ação do poder público", disse o pesquisador Rubem Magalhães, do IBGE. 

"Se aumentarmos o salário de um trabalhador para R$ 30 mil por mês, ele não vai instalar uma rede de água na rua onde mora. Isso é papel do Estado", completou. Segundo a SIS, o avanço nas condições de vida na década foi pequeno: 
de 67,1% para 69,4% de domicílios urbanos com acesso simultâneo a água, esgoto, coleta do lixo e eletricidade - 2,3 pontos de 2001 a 2011.

Também nesse ponto a desigualdade foi forte. 
No Sudeste, no ano passado, 94,8% dos lares com renda mensal domiciliar per capita acima de 2 salários mínimos tinham acesso simultâneo aos três serviços de saneamento (água, esgoto e lixo). Mesmo os mais pobres tinham alta cobertura: 79,4% dos domicílios da região com até meio salário mínimo de renda domiciliar per capita estavam cobertos.

É um porcentual muito acima da média do Brasil e da pior média regional, do Norte: 14,8%. Na mesma região, 78,4% dos lares foram considerados, segundo o IBGE, sem condições mínimas de habitabilidade. No Amapá, a proporção chegou a 95,9%.

A SIS de 2012 também constatou que apenas 31% dos domicílios permanentes urbanos tinham, simultaneamente, luz elétrica, computador, acesso à internet, aparelho de DVD, televisão em cores e máquina de lavar, medidas de conforto da vida moderna. O estudo descobriu que, dos 69% de domicílios desprovidos de algum desses itens, quase 90% (84,9%) não tinham acesso à web.

Se forem considerados apenas lares com renda média mensal domiciliar per capita de até meio salário mínimo, a proporção dos excluídos digitais (em 2011) chegava a 92,2%. Segundo a pesquisa, 86% dos domicílios brasileiros no ano passado eram urbanos; apenas 14% se localizavam na área rural, em distribuição que tende a se estabilizar.

Outros indicadores. 
O IBGE também avaliou a pobreza e a desigualdade com base em uma "perspectiva multidimensional", com indicadores monetários e não monetários, adaptando a metodologia do Consejo Nacional de Evaluación de la Política de Desarrollo Social, do México. 

A SIS constatou que 22,4% da população brasileira estava em 2011 vulnerável segundo critérios sociais e/ou de renda, com variações regionais. O porcentual chegava a 40,1% no Nordeste e ficava em 7,7% em São Paulo. 

O Estado de S. Paulo
/ WILSON TOSTA

MAIS UM TRAILER DO... O BEBUM DE ROSEMARY : Rose pediu por médico de Lula e Genoino

 
Ex-chefe de gabinete regional da Presidência pedia favores para pessoas próximas de ex-presidente desde primeiro mandato do petista

Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal em duas operações mostram que a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Nóvoa de Noronha fez gestões para ajudar o ex-presidente do PT José Genoino e o médico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma

A Operação Overbox, de 2004, tentava desarticular um grupo que facilitava a entrada de produtos contrabandeados no aeroporto de Guarulhos (SP). Rose foi flagrada em duas conversas com o delegado Wagner Castilho, um dos responsáveis pela segurança do aeroporto.

Em uma, de 5 de outubro, os investigadores anotaram no relatório uma conversa de ambos em que ela tentava resolver o trâmite de um porte de arma para o então segurança de Genoino, que à época presidia o partido.

"Rose fala que está precisando de duas coisas. Uma é o porte de arma para o motorista do deputado, presidente do Partido dos Trabalhadores". 

Segundo a PF, Castilho explicou o procedimento e disse que "leva em mãos e se tiver algum óbice resolve". Ela disse que ficaria "no aguardo dessa coisa do Genoino".

No outro diálogo, em14 de setembro, Rose briga com Castilho. O motivo: ela tentara falar com ele mais cedo porque a Receita Federal havia multado a mãe de Kalil em cerca de R$ 4 mil quando ela chegava ao aeroporto vinda de Paris, na França.

A PF escreveu, na operação Overbox: 
"Castilho liga para Rose e ela fala que está brava com Castilho, pois precisou de sua ajuda hoje pela manhã. Fala que a mãe do Dr. Calil (sic), médico do presidente, estava voltando de Paris com a filha e amigos e comprou umas roupas. Aí a Receita Federal pegou, abriu as malas, e tiveram que pagar quase R$ 4 mil. Castilho diz que poderia ter ligado; Rose fala que ligou".

Nos autos da Operação Porto Seguro, deflagrada sexta-feira, 23, constam ainda dois e-mails em que Rose cobra do diretor afastado da Agência Nacional de Águas, Paulo Vieira, um favor para Cláudia Cozer, mulher de Kalil e médica pessoal de Rose. Ele deveria acessar Esmeraldo Malheiro dos Santos, consultor jurídico do Ministério da Educação que, segundo a PF, ajudou a quadrilha a obter pareceres favoráveis a faculdades. 

No assunto do e-mail, constava o dizer: 
"Faculdade-ES: Dra. Cláudia". 
O favor a ser feito não fica claro nos documentos.

Outro lado.
O ex-presidente do PT José Genoino afirmou apenas que "o presidente do PT tinha direito a segurança, até porque houve uma tentativa de assalto ao carro da presidência do PT". Ele pediu que a reportagem contatasse seu advogado. Luis Fernando Pacheco negou que Genoino tenha pedido qualquer favor a Rose e afirmou que seu cliente "não tem a menor ideia" de porque Rose fazia gestões nesse caso. Ele disse ainda que Genoino e ela têm uma relação "absolutamente protocolar" e "sem nenhuma proximidade".

O médico Roberto Kalil afirmou não se lembrar se ligara "para Rose ou para alguém", e sustentou que tentou ajudar a família porque seu padrasto estava passando mal. Segundo ele, o homem estava recém-operado do coração e a Receita decidiu aplicar-lhes uma multa às 7h, mas o banco só abria às 10h. "Na época, posso ter tentado ligar, tipo "pelo amor de Deus o homem está passando mal". Não era pra liberar de alfândega, nada. Eu nunca pediria isso. Tem que pagar, paga e vai embora."

A assessoria da médica Cláudia Cozer afirmou que não se manifestaria porque não teve acesso aos autos. Rosemary e Castilho não foram encontrados.

Fernando Gallo e Bruno Boghossian O Estado de S. Paulo