"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 03, 2012

SEM "POBREMA" ! 300/200/100%"PREPARADO" ? Brasil perderá R$ 35 bi em investimentos até 2015 por crise mundial

O Brasil não vai poder contar com o entusiasmo das empresas para estimular a economia. Depois de crescimento de apenas 0,2% do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre do ano, em grande parte por causa da queda dos investimentos, um mapeamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta que as empresas vão investir R$ 35 bilhões a menos em quatro anos, uma retração que preocupa o governo.

Segundo os dados do BNDES, o País deve ter R$ 579 bilhões em investimentos em oito setores industriais entre 2012 e 2015 - valor 6% menor que os R$ 614 bilhões estimados no ano passado para o período 2011-2014. "Não dá para negar que fomos afetados pela crise mundial. Mas o Brasil ainda é um dos países onde há mais oportunidades", diz Fernando Puga, chefe do departamento de acompanhamento econômico do BNDES.

Outra pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com 1.202 empresas, aponta na mesma direção. O levantamento mostra que o volume de investimentos em máquinas e equipamentos será 11% menor este ano que em 2011, quando foram aplicados R$ 97,28 bilhões. As empresas vão deixar de investir R$ 7,6 bilhões na expansão da produção em 2012.

"Uma parte da indústria está ociosa por falta de demanda no mercado externo. Outra parte não consegue competir com os importados. Se você vende menos no mercado interno e a exportação cai, por que vai investir?", questiona José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp. Dos 14 setores pesquisados pela Fiesp, 11 vão reduzir os investimentos em 2012.

Vários fatores contribuem para o desânimo. No front externo, aumenta a expectativa sobre a saída da Grécia da zona do euro e a China desacelera mais forte que o previsto, derrubando os preços das commodities. No front interno, o crescimento baixo do PIB no trimestre também afeta o humor. "A indústria está estagnada, o que elevou a ociosidade e inibiu os investimentos", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos sobre o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Os especialistas estão mais receosos com o impacto da crise nos investimentos hoje do que quando a crise começou, em 2008. Naquela época, não houve cancelamento de projetos, porque a economia local se recuperou rápido e ainda havia esperanças que os países ricos fossem mais ágeis para sair da crise.

No primeiro trimestre, os investimentos diminuíram 1,8% em relação ao quarto trimestre de 2011, segundo o IBGE. Em abril, o consumo de máquinas caiu 6% em relação a março. "Está um clima de pasmaceira no mercado", diz Carlos Pastoriza, diretor da Abimaq, associação dos fabricantes de máquinas.

Raquel Landim e Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo

STF monta blindagem para evitar atrasos do mensalão

O surgimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no radar do julgamento do mensalão alertou para um movimento subterrâneo detectado pelo Supremo Tribunal Federal (STF): manobras projetadas para embaraçar o processo e jogar a sentença final para depois das eleições.

Diante disso, o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, prepara em conjunto com os colegas alguns antídotos para anular estratégias que podem ser usadas pelos advogados dos réus do mensalão para retardar o julgamento do processo.

Com 38 réus a serem julgados e número ainda maior de advogados envolvidos com o caso, os ministros sabem que todos os subterfúgios legais e chicanas poderão ser usados nas sessões de julgamento.


Britto pediu à Defensoria Pública que preparasse de cinco a sete defensores para que fiquem de sobreaviso. Eles serão sacados para atuar no julgamento caso algum dos advogados peça adiamento da sessão por estar doente ou se algum dos réus convenientemente destituir seu advogado e pedir prazo para contratar um novo defensor.

Problemas como esses poderiam provocar o adiamento da sessão por semanas. Esses defensores públicos estudam o caso desde abril e estarão, de acordo com integrantes do tribunal, prontos para defender os réus de imediato, sem permitir atrasos no julgamento do processo, que deve se alongar por dois meses.

Os ministros antecipam também estratégias para garantir a execução das penas daqueles que forem condenados. Terminado o julgamento, o tribunal precisa publicar o acórdão - com a íntegra do relatório do caso, os votos de cada ministro e os debates travados na sessão, e a ementa do julgamento.

Nessa etapa do processo, o Supremo costuma perder meses.
Cada um dos ministros revê seus votos, lê os apartes que fez aos colegas durante a sessão, retira partes que considerar impróprias - caso haja, por exemplo, alguma discussão mais áspera em plenário - e só então o documento é publicado.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

E NA REPÚBLICA DE TORPES DO brasil ASSENHOREADO : Construtora Delta ainda arremata contratos públicos

A crise de confiança apontada pela holding J&F para cancelar a compra da Delta Construções não impediu que a empreiteira ganhasse novas licitações e aditivos em obras por todo o País no mês de maio.

Mesmo com um diretor preso, outro foragido, os dois principais executivos afastados, os sigilos fiscal, bancário e telefônico quebrados pela CPI e sob a ameaça de ser considerada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU), a empresa de Fernando Cavendish ampliou seu faturamento no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na Prefeitura do Rio de Janeiro nos últimos 30 dias.


A superintendência do Dnit em Mato Grosso do Sul foi mais longe. No dia 16, homologou o resultado da concorrência n.º 276/2011-19, vencida pela Delta, cujo valor é de R$ 30,9 milhões. O edital estabelece execução de obras de revitalização em trechos das rodovias BR-163, BR-267 e BR-463, mas ainda não há data prevista para o início das empreitadas.

O processo de licitação foi iniciado em janeiro e o preço inicial era de R$ 35,4 milhões.

A Delta ainda faturou novas verbas para obras do Dnit em andamento em outros cinco Estados no mês passado. Anteontem, o Diário Oficial da União publicou extrato com o quinto termo aditivo em favor da empreiteira para a conservação e recuperação da BR-242.

Com valor inicial de R$ 4,4 milhões, o serviço contratado pela Superintendência do Dnit na Bahia em 2008 já rendeu R$ 5,4 milhões à construtora - segundo o Portal da Transparência, do governo federal. Os demais aditivos publicados nos últimos 30 dias foram destinados para obras da Delta no Espírito Santo, Pará, Piauí e Tocantins.

Considerada a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta foi a empresa que recebeu o maior volume de recursos do governo federal nos últimos três anos. Foram R$ 2,4 bilhões em obras e serviços nesse período.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

“O povo vai se decepcionar ”


Esse é o desfecho que o deputado do PSB prevê para a CPI mista do Cachoeira

Da mesma maneira como “vestiu à vera” as camisas dos times e da Seleção Brasileira, o deputado Romário (PSB-RJ) resolveu assumir oficialmente o figurino de político. Admite que até acostumou com o terno, algo impensável para alguém conhecido pelas chuteiras, meiões ou sandálias de dedo. Mantém, contudo, a língua afiada e critica a CPI mista do Cachoeira:
“Mais uma vez, o povo vai se decepcionar, com certeza”, disse, em entrevista exclusiva ao Correio.

Durante papo de quase 45 minutos (um tempo inteiro de futebol fora os acréscimos), reclamou que não tem espaço no PSB — “a minha relação com eles é zero” — jurou que está apaixonado por Brasília — “você pode até não acreditar porque às vezes eu também não acredito nas pessoas” —, mas mantém ressalvas quanto às baladas sertanejas: “Estou acostumando, não me dói tanto quanto no início”.

Apesar de aparecer em terceiro lugar em uma pesquisa avulsa para a prefeitura do Rio de Janeiro, afirma que ainda não pensa em política pós-2014. Disse que a grande motivação para candidatar-se foi o nascimento de sua filha, Ivy, portadora da síndrome de Down. E avisou:
“Eu penso em lutar muito nestes últimos dois anos por essas causas que eu acredito”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Qual sua avaliação sobre a CPI mista do Cachoeira?

Era para ser um grande exemplo. Mas pelo que a gente vê, ouve e percebe, muitos dos que deveriam pagar pelas coisas que fizeram poderão se safar. Mais uma vez, o povo vai se decepcionar, com certeza.

É possível ser, na política, tão autêntico como o senhor era no futebol?

Tanto é possível que eu continuo sendo o mesmo Romário, falando aquilo que vejo e acredito. Por causa disso, não tenho nenhum espaço no partido. Talvez alguns grandes do PSB estejam achando que estou crescendo acima do que eles esperavam. A minha relação com eles é zero.

Essa postura atrapalha?

Atrapalha inclusive dentro da Câmara, porque tem alguns colegas que não estão acostumados a ouvir algumas coisas. Não tenho como mudar. O dia que eu acordar e falar: “Mudei”, vou parar de falar e com certeza as pessoas vão imaginar: “Esse cara tá corrompido”. E uma coisa que a política não vai fazer é me corromper.

Como surgiu o interesse pela política?

Comecei a prestar atenção em política depois do nascimento da minha filha Ivy (portadora da síndrome de Down). Comecei a ver a Constituição, estudar os direitos que essas pessoas têm e que não são cumpridos. Como ex-jogador, ídolo, sabia que poderia dar uma contribuição maior ao assunto.

Algum outro assunto interessa ao senhor?

Eu vim da favela, alguns amigos meus morreram por drogas. Tem o crack invadindo o país. Nunca quis ser exemplo para ninguém, mas eu sou meio que espelho para essas pessoas, esses jovens, que sabem de onde eu vim e, pelo esporte, consegui chegar aonde cheguei.

Pensa em política pós-2014?

Quando eu jogava no Vasco e ia jogar contra o Olaria, eu pensava no Olaria. Três semanas depois o jogo era contra o Flamengo. Claro que era um clássico. Mas eu só pensava no Flamengo quando acabava o jogo anterior. Política é mais ou menos por aí. Eu penso em lutar muito nestes últimos dois anos por essas causas que eu acredito. Em julho de 2014, eu vou ter que decidir.

O senhor chegou a manifestar o desejo de ser candidato a prefeito do Rio?

Foi feita uma pesquisa espontânea e meu nome apareceu em terceiro lugar. Muitos deputados estaduais e vereadores do partido falaram que poderia ser uma maneira de o PSB crescer mais no município. Até hoje, sete meses depois, estou esperando a resposta do presidente do meu partido.

Está preparado para ser prefeito?

Há seis meses, eu achava que não. Hoje, eu entendo que, para ser um bom administrador, você tem que ter um grande grupo trabalhando para você. Pessoas técnicas, capazes.

Antes da posse, indagaram-lhe se você conseguiria usar terno. Já se acostumou?

Foi inclusive bem rápido. Quando estou de férias ou de recesso, sinto até falta. Muitas vezes, no Rio, nem precisa, eu coloco terno para me sentir político. Posso dizer que estou amarradão nesse aprendizado.

Como é Brasília na visão do Romário, um típico carioca?

Conheço Brasília há quase 20 anos. Antes de 2 de fevereiro do ano passado (data da posse como deputado federal), já tinha tido a oportunidade de passar alguns fins de semana aqui.

O que você faz aqui nas horas vagas?

Gosto de jogar futebol e futevôlei. Sair para comer bem e aqui tem bons restaurantes. Gosto de ir para a noite, ouvir hip-hop, funk, apesar de aqui em Brasília tocar muito eletrônico. Sertanejo, estou começando a me acostumar.

Mas está gostando?

Não é gostar, é se acostumar.
Não me dói tanto como no começo.
Talvez não passe tanto tempo como todo mundo em uma balada sertaneja, mas hoje eu já vou. Você tem até o direito de não acreditar, porque às vezes eu também não acredito nas pessoas, mas estou apaixonado por Brasília.

O time de coração é mesmo o América?

É o América.
Sempre respeitei o Vasco porque é o time que abriu a porta para eu entrar no futebol e de uma forma ou outra fechou com o gol 1.000. Com o Flamengo, tenho uma relação de carinho muito grande com a torcida. E no Fluminense, apesar de eu não ter passado muito tempo lá, tentei fazer o máximo para ajudar. Claro que não poderia ser o Romário de 10 anos antes.

O jogo inesquecível foi a final contra a Itália?

Foi, porque fomos campeões do mundo. Mas o melhor jogo com a camisa da Seleção foi o Brasil e Uruguai nas eliminatórias de 1993.

E com as camisas de clube?

A final Vasco e Palmeiras (Copa Mercosul de 2000) que nós viramos para 4 x 3. Tem um Barcelona e Sevilha. Eu tinha prometido, no primeiro período de 1993, que faria 30 gols. Eu só estava com 11 e tinha passado quase a metade do campeonato. Os caras achavam que eu era um doente. O último jogo era Barcelona e Sevilha. Eu estava com 29 gols, jogando mal. Sobrou uma bola e eu fui e botei, 1 x 0. Abri o placar e fiz os 30 gols.

E o América?

Por ser meu time de coração, por ser o time do meu pai, eu queria jogar com a camisa do América. Quando subimos da segunda para a primeira divisão do Rio, depois de termos sido campeões, ainda faltava um jogo para acabar a competição. E eu, oficialmente, joguei um tempo.

O gol 1.000?

O jogo, em si, foi mais um jogo. Mas o ato do gol 1.000 é algo que tem que marcar. Outro jogo que marcou foi Flamengo e Botafogo, final da primeira competição que eu disputei pelo Flamengo (Taça Guanabara de 1995). Fiz três gols e foi 3 x 2. Com a camisa do Fluminense, teve o meu único gol de bicicleta.

Futebol e política são dois ambientes extremamente competitivos. Dá para ter amigos?

Amigo é um conceito muito complexo.
A maioria dos meus amigos é de fora. Tenho alguns no futebol, que vão à minha casa, vou à casa deles. Mas é diferente da relação que tenho com o Batata, com o Gaguinho, com o Dentinho, amigos que vocês não conhecem. Eu acho que é possível encontrar na política pessoas como eu: firmes, dignas e cumpridoras da palavra.

"Nunca quis ser exemplo para ninguém, mas eu sou meio que espelho para essas pessoas, esses jovens, que sabem de onde eu vim e, pelo esporte, consegui chegar aonde cheguei”


PAULO DE TARSO LYRA Correio Braziliense