"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 23, 2012

A "TRANSPOSIÇÃO" DA CARAVANA DA CACHAÇADA PARA A CARAVANA DA VERDADE.

Há pouco mais de um mês, Dilma Rousseff esteve no semiárido nordestino. Afirmou, na ocasião, que foi lá para garantir que as obras da transposição do rio São Francisco andariam. Foram palavras ao vento: a situação continua tão ruim quanto estava, com o agravante de que, neste meio tempo, o governo espetou mais R$ 2,65 bilhões na conta do empreendimento.

A transposição é um dos mais gritantes equívocos em série promovidos pela gestão petista. Seu custo não para de escalar, seus benefícios são duvidosos, sua viabilidade é questionável. É o que a caravana formada por parlamentares do PSDB, do DEM e do PPS poderá conferir in loco hoje no Ceará.

A transposição começou custando R$ 4,8 bilhões. Escalou a R$ 6,8 bilhões em julho passado e agora decolou para R$ 8,2 bilhões. Ou seja, ficou 71% mais cara - sem, contudo, fazer chegar uma gota d'água ao semiárido, conforme mostra hoje O Estado de S.Paulo.
O governo alega que a forte demanda sobre a construção civil e a construção pesada pressionou os valores dos contratos. Mas, no mesmo período em que o preço da transposição quase dobrou, os custos da construção civil só subiram cerca de 7%, tanto no Nordeste quanto na média do país.

No primeiro exercício de Dilma, nove dos 12 lotes do empreendimento chegaram a parar. Para retomar as obras, o governo apelou para o "jeitinho" - o mesmo no qual Aldo Rebelo aposta para o Brasil não fazer feio nas obras da Copa.

Como os aditivos esbarravam no teto legal de 25%, foram criados seis novos contratos, perfazendo mais R$ 2,65 bilhões a serem gastos em obras que já deveriam ter sido cobertas pelos contratos atuais, como mostrou o Jornal do Commercio há dez dias. Os "resíduos" mais caros estão no Eixo Norte, com uma soma de R$ 1,9 bilhão.

Uma das reais razões para o inchaço dos contratos é que, no afã eleitoral, as obras foram tocadas apenas com base em projetos básicos - isto é, pouco mais do que rascunhos e intuição.

Na dura realidade do semiárido, as construtoras depararam-se com situações muito diferentes do que estava no papel - levando, inclusive, a acidentes como o desmoronamento de parte do túnel de Cuncas, que com seus 15 km corta a divisa entre Ceará e Paraíba, em abril de 2011 - e tiveram de tirar o pé do acelerador.

Vedetes do PAC, hoje as obras da transposição estão mesmo é praticamente em ponto morto. 2011 marcou o pior ano de execução do empreendimento, com avanço de apenas 5%. Dos R$ 1,3 bilhão reservados no Orçamento da União do ano passado, apenas 13% foram executados.
Não há mais chance de Dilma inaugurar a transposição integralmente, segundo o próprio balanço oficial do PAC divulgado no início do mês. O eixo norte, que deveria ficar pronto neste ano, tem apenas 19% executados. Na melhor das hipóteses, só será concluído em dezembro de 2015. O leste, prometido para 2010, tem 48% de execução e previsão de término no último mês da gestão Dilma - num claro indício de que a data estimada é fajuta.

A população não foi enganada apenas por custos e cronogramas irreais: o discurso oficial de que a transposição resolverá o problema de abastecimento de água da população do semiárido também é falso.

Apenas 4% da água desviada será usada para consumo humano, mostrou Washington Novaes n'O Estado de S.Paulo: "Desde o estudo de impacto ambiental, foi afirmado que 70% da água transposta iria para irrigação em grandes projetos de exportação, 26% para uso industrial".

Enquanto isso, iniciativas bem-sucedidas de abastecimento humano, como a construção de cisternas de concreto para armazenar água de chuva, foram escanteadas pelo governo federal. A meta, definida por uma coligação de ONGs, a Articulação do Semiárido, era chegar a 1 milhão, mas só 30% foram feitas. Para piorar, a gestão petista anunciou recentemente que pretende passar a adotar cisternas de plástico, que simplesmente estorricam sob o calor nordestino e custam cinco vezes mais.

Em 2009, já no clima de vale-tudo que moveria o PT na campanha eleitoral, Dilma Rousseff aboletou-se ao lado de Lula para protagonizar a "caravana da transposição". Já naquela época, o teatro ficou evidente.

Agora, caravanas bem mais verdadeiras servirão para mostrar o que, de fato, está acontecendo no país: uma realidade bem diferente do discurso oficial. E tristemente pior.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Transposição: a caravana da verdade

Gasto de brasileiro no exterior cresce 30% em fevereiro e soma US$ 1,7 bi

Os gastos dos brasileiros no exterior continuaram elevados em fevereiro, embora em ritmo menor que janeiro, onde o desembolso é tradicionalmente elevado por conta do período de férias.

No mês passado, os turistas brasileiros deixaram US$ 1,7 bilhão lá fora, menos que os US$ 1,9 bilhão em janeiro, mas 30% acima que o resultado de igual mês de 2011 (US$ 1,3 bilhão).

Já os estrangeiros gastaram US$ 617 milhões por aqui e, com isso, o saldo da conta de viagens se intensificou, para US$ 1,1 bilhão, contra US$ 761 milhões um ano antes.


A conta de transações correntes do Brasil registrou em fevereiro déficit de US$ 1,766 bilhão. O valor ficou dentro do previsto pelos analistas.
(...)
Já a conta de renda fechou o mês passado com saída líquida de US$ 875 milhões e foram registrados ainda US$ 163 milhões em ingresso de transferências unilaterais correntes.

No acumulado do primeiro bimestre de 2012, a conta corrente brasileira registra saldo negativo de US$ 8,852 bilhões. No acumulado em 12 meses até fevereiro, o déficit alcança US$ 52,371 bilhões ou 2,09% do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com o relatório do setor externo, a previsão de salto negativo em conta corrente passou de US$ 65 bilhões para US$ 68 bilhões. Entre as componentes da conta corrente brasileira, a expectativa de superávit comercial neste ano diminuiu de US$ 23 bilhões para US$ 21 bilhões.

Na conta de serviços a tendência foi contrária e a expectativa de déficit cresceu de US$ 39,5 bilhões para Us$ 42,1 bilhões.


Entre os componentes da conta de serviços, a previsão de déficit em viagens internacionais aumentou de US$ 14,5 bilhões para US$ 15,5 bilhões. Já a expectativa de gastos com transportes passou de US$ 8,4 bilhões para US$ 10 bilhões.

O BC também revisou a previsão de déficit na conta de renda neste ano, que caiu de US$ 51,2 bilhões para US$ 49,6 bilhões. Nesta cifra, a expectativa de remessa de lucros e dividendos por multinacionais instaladas no Brasil diminuiu de US$ 39,6 bilhões para US$ 38 bilhões.

Lucro e dividendos

O BC informou que as remessas de lucros e dividendos somaram US$ 528 milhões em fevereiro e US$ 1,510 bilhão no primeiro bimestre. O resultado acumulado no ano está abaixo dos US$ 4,682 bilhões verificados nos dois primeiros meses do ano passado.

O BC informou também que as remessas para pagamento de juros foram de US$ 382 milhões em fevereiro e US$ 2,009 bilhões no acumulado do ano.

Agência Estado e Estadão

OGX tem prejuízo de R$ 509,9 milhões em 2011


O prejuízo financeiro da OGX, empresa de exploração de petróleo do grupo EBX, do empresário Eike Batista, mais do que triplicou no ano passado em relação a 2011, passando de R$ 135,5 milhões a R$ 509,9 milhões.

A empresa divulgou os resultados do ano e do 4º trimestre no fim da noite desta sexta-feira.

Em comunicado, a OGX atribuiu o desempenho negativo ao aumento R$ 328 milhões das despesas com exploração e à redução de R$ 252,4 milhões da receita financeira líquida, fatores compensados parcialmente pela diminuição das despesas administrativas em R$ 10,9 milhões e pelo aumento do crédito tributário líquido em R$ 195,1 milhões.

A empresa informou que fechou o ano com investimentos de R$ 3,1 bilhões em exploração e produção (E&P) no Brasil, acumulando total de R$ 7,7 bilhões desde 2007. A OGX possui nove sondas de perfuração contratadas e mais de 6 mil funcionários envolvidos em suas atividades, sendo cerca de 350 próprios.

"Alcançamos diversos marcos importantes durante o ano de 2011 e início de 2012. No lado exploratório, perfuramos um total de 47 poços incluindo pioneiros, de delimitação e de produção e avançamos no conhecimento das nossas acumulações, entre elas a primeira descoberta de reservatório do pré-sal nas águas rasas em Santos.

Produzimos o nosso primeiro óleo com sólida execução e comercializamos o mesmo com ótimo preço de mercado, informou o diretor geral e de Exploração da OGX, Paulo Mendonça.

Vemos 2012 como um ano importante para alcançarmos uma produção estável no primeiro poço produtor, iniciarmos as declarações de comercialidade das nossas acumulações na bacia de Campos e aumentarmos nossa produção com mais dois poços produtores conectados ao FPSO OSX-1 até meados do ano, acrescentou.

A empresa, que obteve somente em janeiro de 2012 a licença para do Ibama para realizar sua primeira produção de petróleo e fazer um teste de longa duração no campo de Waimea, na Bacia de Campos, aumentou de 19 para 26 o número de poços que pretende perfurar este ano, e de 4 para 19 a quantidade prevista para o ano que vem.

Em Waimea, a produção é de 11 mil barris diários, e a empresa espera declarar comercialidade do campo no segundo trimestre.

O Plano de Desenvolvimento de Waimea será em seguida submetido à Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Uma vez aprovado, a companhia deverá ligar os dois poços horizontais adicionais já perfurados e potencialmente um terceiro, que devem elevar a produção para níveis em torno de 40-50 mil barris/dia ao final de 2012.

Globo

Barbosa: desvalorização do real seria mais negativo que positivo

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse nesta sexta-feira que o governo não pensa em fazer novas intervenções na área cambial.

Não temos meta para a taxa de câmbio e nós achamos que, neste momento, principalmente, devido ao contexto internacional e à concorrência internacional, uma depreciação adicional do real teria mais efeitos negativos do que positivos sobre a economia brasileira ressaltou.

Barbosa observou que a cotação do dólar na média de R$ 1,80 já ajudou a reduzir a perda de competitividade que tem afetado a indústria de transformação brasileira. Para o secretário, esse patamar reflete as ações que o governo adotou recentemente. Entre as medidas tomadas está a elevação da tributação sobre os investimentos externos de curto e médio prazo. Barbosa lembrou que a valorização da moeda norte-americana está também associada ao quadro internacional.

Ele deu essas informações logo após participar do seminário Crescimento com Estabilidade - Novo Desenvolvimentismo no Brasil, promovido pela Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

No encontro, estava prevista também a participação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que cancelou a ida, no início da noite de quinta-feira, sob a justificativa de atender a solicitações do Palácio do Planalto na preparação da viagem da presidente Dilma Rousseff para a Índia.

Barbosa disse que o governo já atuou até onde acha que deveria na questão cambial e que deve agora trabalhar em outros pontos que podem elevar o nível de competitividade do país, como a desoneração da folha de pagamento, que funcionaria como uma espécie de depreciação cambial para os setores de produção de bens comercializáveis.

O governo estuda retirar a alíquota de 20% recolhida sobre os ganhos dos trabalhadores e estabelecer uma compensação sobre o faturamento, cujo percentual não deve ficar acima de 1,5%, de acordo com o secretário executivo.
Para Nelson Barbosa, essa medida é favorável às empresas exportadoras.

O Globo

BC prevê déficit em transações de US$ 4,5 bi em março

O déficit em transações correntes deve chegar a 4,5 bilhões de dólares em março, segundo as projeções do Banco Central, informou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, nesta sexta-feira.

Para o ano, a estimativa é de um déficit de 68 bilhões de doláres, ante previsão anterior de 65 bilhões de dólares.

A autoridade monetária prevê ainda que os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) ficarão em 4 bilhões de dólares neste mês, segundo a projeção do BC. Até o dia 21 de março, o IED já estava em 3,1 bilhões de dólares, disse Maciel.

De acordo com Maciel, a elevação na previsão para o ano se deve a uma estimativa de redução do superávit da balança e de um aumento de despesas na conta de serviços.

O Brasil registrou em fevereiro déficit em transações correntes de 1,766 bilhão de dólares. Em janeiro passado, o déficit em conta corrente foi o maior da série histórica do BC, iniciada em 1947: foram 7,086 bilhões de dólares.

O BC atribuiu a queda do déficit em fevereiro à melhora da balança comercial e diminuição da remessa de juros e dividendos. O país registrou superávit comercial de 1,715 bilhão de dólares em fevereiro, ante déficit de 1,292 bilhão de dólares em janeiro.

"O desempenho da balança comercial é o que responde pela maior parte desse recuo do saldo em transações correntes em fevereiro em relação a janeiro. O fluxo de remessas de lucros e dividendos mais moderado também contribuiu", afirmou Maciel.

SERVIÇOS

Segundo a autoridade monetária, o déficit de 2,769 bilhões de dólares na conta de serviços de fevereiro é o maior para o segundo mês do ano.

Até o dia 21 deste mês, a remessa de lucros e dividendos somou 1,375 bilhão de dólares. A despesa com juros chegou a 323 milhões de dólares. No mesmo período, a taxa de rolagem dos empréstimos ficou em 401 por cento.

O investimento em ações até 21 de março alcançou 1,419 bilhão de dólares.

O BC informou ainda que o fluxo cambial tem saldo positivo de 6,056 bilhões de dólares em março, até o dia 21. No período, a posição comprado dos bancos estava em 7,722 bilhões de dólares.

(Reportagem de Luciana Otoni)
Estadão

PARA O "POVO ORDEIRO, PACÍFICO E OTÁRIO" : EXIGIR DECÊNCIA É CRIME?

Diga, sinceramente, quanto você daria, do seu bolso, para ajudar a eleger mensaleiros e aloprados? Se tiver algum juízo, sua resposta certamente será: "Nenhum centavo".

Infelizmente, caro eleitor, é grande o risco que você, eu e todos os brasileiros corremos de ver essa gente, mesmo que não queiramos, meter a mão no nosso dinheiro, aquele que o governo nos arranca compulsoriamente por meio de impostos, para fazer campanha eleitoral.

A proposta de financiamento público das eleições está na reforma política que, sob os auspícios do PT, nossos estimados parlamentares tentam aprovar em comissão especial na Câmara dos Deputados.


Por acaso você se lembra daquele partido que prometia acabar com a corrupção e os maus costumes no Brasil no dia em que chegasse ao poder? E, certamente, você também sabe no que aquela promessa deu...

Nunca antes o país testemunhou tantas cenas explícitas de saque aos cofres públicos.

À direita, à esquerda, ao centro: os escândalos se multiplicam. Deixam rastros. Recibo de depósito em conta. Mas nem mesmo filmagens dos atos de corrupção são suficiente para acabar com a impunidade.

Essa gente, que rouba até lanche de criancinhas, já nem se envergonha. Quando os podres vêm à tona, como vocês já sabem, a culpa é sempre da "imprensa golpista".

Agora, os espertos dizem que o financiamento público acabará com o caixa dois. Você acredita?

Pois é...
O pior é que, a cada dia, a gente olha para um lado, para o outro, e só se decepciona. Por que não deixar o financiamento exclusivamente por conta do eleitor pessoa física?

Sim, o cidadão é que teria de ser convencido de que o político merece seu dinheiro e faria a doação. Sei a resposta:
porque pouquíssimos candidatos iriam receber algum trocado.

E por que não acabar com o voto obrigatório?
Também sei:
porque são raros, no Brasil, os políticos que conseguiriam convencer um eleitor a ir às urnas.


Como não têm quase nenhuma credibilidade, eles abusam da paciência desse "povo ordeiro e pacífico" que seria o brasileiro. Ou, em outras palavras, "desse otário" que só serve para bancar a farra.

Enquanto eles se refestelam com casa, comida, carro, gasolina, avião e dinheiro para contratar apaniguados, o contribuinte, que tudo paga, é humilhado.
Obrigado a pôr o filho em escolas de péssima qualidade, a enfrentar filas nos hospitais sucateados do SUS, a andar em transporte público capenga, a rodar em estradas esburacadas.

Até o dia em que criar vergonha nas cara, sair às ruas e exigir decência dos nossos políticos. Nem que fosse só um pouquinho de decência.
Seria pedir demais?

Plácido Fernandes Vieira Correio Braziliense

PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO - Dívida federal cresceu R$ 35 bilhões

A dívida pública federal subiu R$ 35 bilhões em fevereiro.
Segundo o Ministério da Fazenda, o estoque passou de R$ 1,801 trilhão em janeiro para R$ 1,836 trilhão no mês passado.

Esse aumento se deveu à emissão de R$ 18,65 bilhões em títulos públicos pelo Tesouro Nacional. Também houve uma elevação de R$ 16,27 bilhões devido a juros sobre o endividamento.


Segundo o Tesouro, houve um aumento dos papéis prefixados no estoque, passando de 34,31% em janeiro para 36,79% em fevereiro. Já os papéis atrelados à Taxa Selic (LFTs) reduziram sua fatia de 31,62% para 27,84% no mesmo período. Os títulos indexados a índices de preços, por sua vez, aumentaram sua participação no endividamento de 29,92% para 31,26%.

Para o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, o aumento da parcela prefixada e a redução daquela atrelada à Selic são resultado do esforço para melhorar o perfil da dívida.

Os papéis prefixados são mais vantajosos para o governo por darem previsibilidade sobre os resgates (já que a remuneração a ser paga aos investidores já está definida); os que variam com a taxa básica de juros são mais voláteis.

A estratégia do governo é fazer com que a dívida prefixada termine o ano em 41%, e a corrigida pela Selic, em 26%. (Martha Beck)

O Globo

Hackers do TSE violam urna eletrônica


Um grupo de quatro especialistas da Universidade de Brasília (UnB) encontrou uma lacuna na segurança das urnas eletrônicas, em teste promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os pesquisadores do Centro de Informática e do Departamento de Computação da UnB conseguiram decifrar códigos da urna e identificaram a ordem dos votos registrados no equipamento.

Se o mesmo grupo tivesse em mãos os nomes dos eleitores que votaram na urna, em ordem cronológica, poderia indicar quem votou em que candidato.

Com a descoberta, o TSE foi obrigado a criar novos obstáculos para impedir que os dados da urna possam ser descriptografados. O mesmo grupo da UnB terá uma nova chance para desvendar o mistério.

Para alcançar seu objetivo, os profissionais puderam visualizar por um curto período de tempo o código-fonte - a tradução do algoritmo -, que fica guardado no cofre do tribunal.

O chefe do grupo, Diego de Freitas Aranha, professor do Departamento de Computação da UnB, disse que é impossível saber se conseguiriam quebrar o segredo caso não tivessem acesso à informação privilegiada.

- Isso facilitou a execução do teste. Nós conseguimos recuperar os votos em ordem, numa totalidade de 99,99%. O que isso significa? De posse dos votos, em ordem, e de uma lista de eleitores que precisa ser obtida de uma outra forma, em ordem, é possível você fazer a correspondência. Esse é o resultado do nosso teste - explicou Aranha.

A urna investigada estava carregada com a média de votos digitados, por equipamento, nas eleições gerais de 2010. O mesmo grupo demonstrou ao TSE como desembaralhou os votos e foi obrigado a apontar sugestões para fechar a porta do sistema.

- Faz parte do protocolo do teste os investigadores sugerirem alterações, correções, reparos. Se nossas sugestões forem adotadas, não deveria haver risco - completou o especialista.

O perito da Polícia Federal (PF) Thiago Cavalcante, que também participou do teste, reforçou que a ação dos colegas apontou uma vulnerabilidade no sistema. Mas pondera que o processo eleitoral tem uma série de etapas não relacionadas entre si, o que dificultaria, em tese, a quebra do sigilo.

- Por isso, o teste é bem-vindo. Justamente para corrigir problemas antes da eleição - afirmou o perito da PF.

Além da quebra do sigilo dos votos, outros grupos de hackers trabalharam, no mesmo teste, para fraudar as eleições, mas nenhum obteve êxito. Este foi o segundo "ataque" com especialistas em computação, que transformaram a urna em alvo eletrônico.

Em 2009, outro pesquisador, com um rádio de pilha a cinco centímetros de distância do equipamento, venceu a disputa promovida pelo TSE.

Ele distinguiu as ondas eletromagnéticas dos números 1 e 2. Um dos técnicos que supervisionaram o teste admitiu que os vencedores deste ano foram muito além.

O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino, informou que a descoberta, por si, garantiu o sucesso do teste, que durou seis dias. Ele informou que já providenciou o "reforço da rotina do algoritmo", aumentando a complexidade da operação.

- A urna continua segura. Esta é uma iniciativa inédita no mundo, e o teste demonstra a competência da equipe. Assim que os ajustes estiverem concluídos, esse mesmo grupo será chamado para repetir o teste - assegurou Janino.

Roberto Maltchik O Globo