"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 21, 2011

E O BRASIL "DELA" SEGUE MUDANDO : De volta à fila do desemprego

A crise econômica está batendo forte no Brasil.
E os primeiros a pagar o pato estão sendo os trabalhadores:
a geração de emprego despencou no país em novembro e deve cair mais no último mês do ano.

Tudo indica que 2012 será ainda pior para o mercado de trabalho local.

No mês passado, foram geradas apenas 42.735 novas vagas com carteira assinada no país, de acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho, divulgados ontem.

Foi o menor resultado do ano e o pior para meses de novembro desde a crise de 2008.

Na comparação com novembro do ano passado, quando foram geradas 138.247 novas vagas, a queda chegou a 69%.

Em números absolutos, significa que o país gerou agora quase 100 mil empregos a menos do que um ano atrás.

A situação do mercado de trabalho brasileiro degringolou rapidamente: novembro também representou redução de 66% na comparação com o resultado registrado em outubro último, mês em que haviam sido criadas 126 mil novas vagas formais.

Em quatro setores, o saldo em novembro foi negativo, ou seja, houve mais demissões do que contratações. A indústria é a área em que o emprego mais sofre: foram cortadas 54.306 vagas de trabalho no mês.
Também dispensaram com vigor a agricultura (42.297 empregos dizimados) e a construção civil (22.789).

Há algum tempo já sem gordura para queimar, as fábricas brasileiras estão começando a cortar na carne. É normal haver demissões na indústria nesta época do ano, quando são dispensados trabalhadores contratados para engrossar temporariamente as linhas de montagem com vistas ao Natal.

Mas agora estão sendo eliminadas vagas que já existiam.

Como em 2011 o período de agosto a outubro não teve um volume significativo de vagas geradas no setor [industrial], o saldo negativo de 54 mil postos indica que foram fechados empregos que já existiam", avalia o Valor Econômico.

Os dados mais recentes comprovam que foi definitivamente por água abaixo a meta traçada pelo governo para a geração de empregos neste ano.

Quando 2011 começou, a previsão era de geração líquida - ou seja, a diferença entre admissões e dispensas - de 3 milhões de vagas.

O ano terminará com menos de 2 milhões de postos criados, com queda de prováveis 20% sobre 2010.

Para 2012, as perspectivas não são favoráveis. Os primeiros prognósticos sugerem que o que já não está bom deve ficar bem pior: a geração de empregos com carteira assinada deve cair à metade, ou a meras 1 milhão de novas vagas abertas, se tanto.

Acontece que, ante o esfriamento geral da economia, o ânimo dos empresários para investir e aumentar a produção sumiu.
O país terminará 2011 com a economia limitada por um crescimento anual de menos de 3% e que tende a se repetir no próximo ano.

Nestas condições, os planos estão sendo postos na gaveta até segunda ordem.

Entre os fatores que pesarão negativamente no comportamento da economia no próximo ano está o desempenho cadente do setor externo.
Também ontem, o Banco Central divulgou o resultado apurado em novembro:
foi o pior da história, com déficit de US$ 6,8 bilhões.

Para 2012, a expectativa também não é animadora: o país terá um déficit maior em suas transações correntes com o exterior - de US$ 65 bilhões nas estimativas do próprio BC, ante US$ 53 bilhões neste ano - e menos capitais estrangeiros para financiá-lo, com queda dos investimentos diretos, que devem diminuir quase 25%, para US$ 50 bilhões.

O Brasil termina o ano com o freio de mão puxado, a economia estagnada, o mercado de trabalho em queda livre e perspectivas sombrias pela frente.

De nada vai adiantar as autoridades federais ficarem dourando pílulas com discursos róseos.

A crise já chegou e está sentada na sala de TV, lendo os classificados dos jornais em busca de emprego.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

SEM "MARQUETINGUE" E MAGUILAGEM, UM POUCO DO BRASIL REAL : No lado externo, déficit maior da História


Os números de novembro das contas externas, apurados pelo Banco Central (BC), deixam claro que a crise financeira global já chegou ao Brasil.

Com o recrudescimento da turbulência, empresas e investidores estrangeiros instalados no país se viram obrigados a enviar mais dinheiro ao exterior para cobrir seus prejuízos lá fora.

Só as remessas de lucros e dividendos mais que dobraram em relação a novembro de 2010, totalizando US$4,2 bilhões, um recorde para o período. A crise também se reflete no comércio exterior, que já está mais fraco e sinaliza que, em 2012, as exportações serão vilãs do balanço de pagamentos.


Estes são os principais fatores por trás do déficit de US$6,8 bilhões nas chamadas transações correntes - o saldo das operações realizadas com o exterior em comércio, serviços e investimentos - no mês passado, o pior desempenho para novembro desde 1947.

O indicador surpreendeu o próprio BC, que esperava um saldo negativo 20% menor para o período.


O movimento não se restringiu a lucros e dividendos. Na conta de capital do balanço, que registra o fluxo de investimentos produtivos e financeiros no Brasil e forma com a conta corrente o balanço de pagamentos, também houve saques significativos.

Foi o caso do US$1,7 bilhão obtido no mercado de ações e títulos de renda fixa e dos US$2,7 bilhões do retorno dos investimentos diretos no setor real da economia, respectivamente 192,7% e 71,5% superiores às remessas dessas rubricas no mesmo período de 2010.


As viagens internacionais também prejudicaram o resultado das contas externas em novembro. Embora o ritmo de crescimento tenha diminuído nos últimos meses, os brasileiros continuam gastando como nunca no exterior. No mês passado, foram US$977 milhões, levando o acumulado de 2011 a US$13,2 bilhões, 41% a mais que no ano passado.

Esse saldo prejudica a conta de serviços, já pressionada pelos gastos do país com o aluguel de máquinas, equipamentos e veículos trazidos do exterior para ampliar a indústria nacional.

O Brasil importa cada vez mais serviços do que exporta.
Só este ano, o déficit na conta de serviços bateu, até novembro, US$34 bilhões. No ano todo de 2010, foram US$30 bilhões.


- Houve um aumento importante de máquinas, equipamentos e veículos, principalmente do setor da indústria de extração mineral - disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Em novembro, os investimentos estrangeiros diretos (IED) não conseguiram cobrir o rombo mensal, ao somarem US$4 bilhões, deixando o balanço de pagamentos no vermelho.

No ano, porém, continuam robustos e cobrindo a conta corrente com folga:
US$60 bilhões, recorde na série histórica iniciada em 1991 e praticamente o dobro do mesmo período de 2010.


A entrada desses recursos deve somar em 2011 US$65 bilhões, e não mais os US$60 bilhões estimados anteriormente. O BC passou a contar, ao contrário, com um déficit nas transações correntes menor: US$53 bilhões, no lugar de US$54 bilhões.

Para 2012, o cenário é bem menos animador. O BC estima que o déficit corrente cresça US$12 bilhões, atingindo US$65 bilhões. O principal responsável pela deterioração nas contas externas devem ser as exportações.

Pelas contas do BC, a balança teria um superávit de US$23 bilhões em 2012, US$5 bilhões abaixo do previsto para este ano. As exportações devem somar US$267 bilhões, contra US$256 bilhões de 2011.


Para a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) o cenário é ainda mais sombrio. Sua projeção de superávit é de apenas US$3 bilhões, 88,7% menos que este ano. As exportações devem ficar em US$236,580 bilhões, uma redução de 7,2%.

Vivian Oswald e Gabriela Valente O Globo

A "PRESIDENTA" ESTÁ MAIS PERDIDA QUE CEGO EM TIROTEIO : Governo já admite PIB de 3,5% em 2012.


A meta de crescimento de 5% para a economia no ano que vem, defendida pela presidente Dilma Rousseff, pode ficar apenas no discurso.

Já há previsões de integrantes da área econômica do próprio governo, não divulgadas publicamente, que indicam uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 3,5%.

A determinação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no entanto, é manter o otimismo.

A meta de crescimento de 5% para a economia em 2012, defendida pela presidente Dilma Rousseff, pode ficar só no discurso. Já há previsões da área econômica do próprio governo, que não são divulgadas publicamente, que indicam expansão ao redor de 3,5%, segundo apurou o "Estado".

No mercado financeiro, essa estimativa mais tímida de crescimento é vista como teto nas projeções mais otimistas para 2012.

A determinação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no entanto, é manter o otimismo em torno de uma estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) mais forte.


O governo quer evitar que uma estimativa de crescimento menor contagie as perspectivas de investimentos, dando início a um círculo vicioso para a economia.

Além disso, membros da área econômica avaliam que novas medidas em estudo para estimular o crédito, como já sinalizou Mantega, terão força para acelerar o crescimento.


Por isso, as projeções de PIB do Ministério da Fazenda são sempre mais altas do que as do mercado e levam em conta cenários bem mais otimistas. É com essa estratégia que o ministro resolveu fixar uma meta de crescimento para 2012, e não apenas uma mera estimativa.

Para o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, o fraco desempenho da atividade no segundo semestre deste ano não deve colaborar para dar um empurrão à expansão do País em 2012, que, para ele, deve ser de 3,1%. "O PIB no quarto trimestre também deve apresentar estagnação."

Até a semana passada, o economista acreditava que o PIB poderia crescer 0,4% no último trimestre de 2011, mas, após a divulgação do indicador do BC sobre atividade econômica de outubro, que caiu 0,32% ante setembro, Borges passou a apostar num resultado nulo da economia no fechamento do ano. Ele estima que o Brasil terá uma expansão de 2,8% em 2011.

Dívidas. De acordo com Borges, estímulos fiscais do governo para aquecer a demanda agregada, especialmente o consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos, não devem surtir tanto efeito quanto no fim de 2008 e início de 2009. "As famílias estão muito endividadas. Portanto, a renda disponível para adquirir novas mercadorias está limitada", comentou.

Ele destacou que produtos como geladeiras têm um ciclo de consumo ao redor de sete anos, o que, em condições normais, não foi esgotado para aqueles que compraram tais mercadorias em 2008.

"Além disso, a concessão de crédito pelos bancos está muito restritiva, pois as instituições financeiras estão bem mais seletivas para liberar financiamentos, sobretudo em razão da atual crise internacional, que deve ter longa duração", afirmou Borges.

ADRIANA FERNANDES O Estado de S. Paulo

E SOB O DISFARCE DA "TOGA" ... UM POR TODOS TODOS POR UM : Ricardo Lewandowski está entre os magistrados que receberam pagamentos investigados pela corregedoria do CNJ e concede liminar suspendendo a investigação


Um por todos, todos por um.


O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), está entre os magistrados que receberam pagamentos investigados pela corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde ele foi desembargador antes de ir para o STF.

Lewandowski concedeu anteontem uma liminar suspendendo a investigação, que tinha como alvo 22 tribunais estaduais.

O ministro atendeu a um pedido de associações como a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), que alega que o sigilo fiscal dos juízes foi quebrado ilegalmente pela corregedoria, que não teria atribuição para tanto.

Por meio de sua assessoria, Lewandowski disse que não se considerou impedido de julgar o caso, apesar de ter recebido pagamentos que despertaram as suspeitas da corregedoria, porque não é o relator do processo e não examinou o seu mérito.

A liminar que ele concedeu suspende as inspeções programadas pelo CNJ e permite que o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, volte a examinar a questão em fevereiro, quando o STF voltará do recesso de fim de ano.

A corregedoria do CNJ iniciou em novembro uma devassa no Tribunal de Justiça de São Paulo para investigar pagamentos que alguns magistrados teriam recebido indevidamente junto com seus salários e examinar a evolução patrimonial de alguns deles, que seria incompatível com sua renda.

Um dos pagamentos que estão sendo examinados é associado a uma pendência salarial da década de 90, quando o auxílio moradia que era pago apenas a deputados e senadores foi estendido a magistrados de todo o país.

Em São Paulo, 17 desembargadores receberam pagamentos individuais de quase R$ 1 milhão de uma só vez, e na frente de outros juízes que também tinham direito a diferenças salariais. Lewandowski afirmou, ainda por meio de sua assessoria, que se lembra de ter recebido seu dinheiro em parcelas, como todos os outros.

O ministro disse que o próprio STF reconheceu que os desembargadores tinham direito à verba, que é declarada no Imposto de Renda. Ele afirmou que não entende a polêmica pois não há nada de irregular no recebimento.

A corregedoria afirmou ontem, por meio de nota, que não quebrou o sigilo dos juízes e informou que em suas inspeções “deve ter acesso aos dados relativos à declarações de bens e à folha de pagamento, como órgão de controle, assim como tem acesso o próprio tribunal”.


No caso de São Paulo, a decisão do Supremo de esvaziar os poderes do CNJ suspendeu investigações sobre o patrimônio de cerca de 70 pessoas, incluindo juízes e servidores do Tribunal de Justiça.


Folha