"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 08, 2011

UMA NOVA AGENDA

Oposição existe para se opor.
E para fiscalizar e apontar erros e incapacidades de quem está no governo.

Mas existe, também, para pensar e propor novos rumos para o país. Foi assim no seminário realizado ontem pelo Instituto Teotônio Vilela no Rio. Novos caminhos se abriram, sempre voltados a buscar um Brasil melhor.

A constatação mais explícita é de que o país equilibra-se hoje sobre os avanços que o governo do PSDB conseguiu construir, e cujos passos iniciais caminham para completar 20 anos.

Tal constatação evidencia que uma nação que se transformou enormemente nestas duas últimas décadas precisa reinventar-se - e não regredir, como tem acontecido.

O PSDB deu mostras ontem, mais uma vez, de que é capaz de apresentar propostas coerentes e transformadoras para o Brasil.

Mais que isso, demonstrou coragem para enfrentar e romper interesses espúrios que se apoderaram do aparato estatal e o tornaram refém de grupos de pressão.

O que nos interessa é tornar o Brasil, de fato, um país de todos e não um país para poucos.

O seminário "A Nova Agenda - Desafios e Oportunidades para o Brasil" reuniu cerca de 600 pessoas. Foram dois painéis, tratando de temas econômicos e sociais.

Alguns de nossos melhores especialistas não se ocuparam apenas em apontar defeitos do modelo atual, algo que sempre foi uma marca do PT quando na oposição. Cuidaram, também, de sugerir alternativas, novos rumos. Construir, em suma.

É o caso, por exemplo, da proposta apresentada por Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e um dos formuladores do Plano Real.
Ele sugere agora uma revolução na remuneração das três principais fontes públicas de crédito:
FAT, FGTS e poupança.

Hoje, tais fundos fornecem recursos a baixo custo a apenas alguns grupos de eleitos. Em contrapartida, remuneram mal seus cotistas, ou seja, a massa de trabalhadores e poupadores brasileiros.

A sugestão de Arida é tão singela quanto inovadora:
adotar para FGTS, FAT e poupança as mesmas taxas de juros de longo prazo praticadas pelo mercado.

O resultado seria a multiplicação do patrimônio dos trabalhadores, um aumento considerável da poupança doméstica e a redução de tributos, como PIS/Pasep. Trata-se, segundo ele, de "promover o bem geral em detrimento de privilégios localizados. Hoje, os mecanismos de crédito dirigido penalizam fortemente os trabalhadores".


Assim como a estabilização da moeda foi capaz de promover a maior justiça social que se tem notícia na história do país, as novas propostas em gestação na socialdemocracia também buscam estender a todos os brasileiros os benefícios de um mercado de consumo que se agiganta.

E também assegurar-lhes melhores condições de vida, saúde e educação para que progridam com as próprias pernas e não sob a tutela do Estado, como preza o modelo petista.

Assim, ficou explícita a necessidade de que novas reformas estruturais sejam levadas adiante, como sugeriu Gustavo Franco, também ex-presidente do BC.

"Elas atacam privilégios de minorias e geram benefícios para a maioria. Mas, exatamente por isso, sempre se chocam com a resistência destes grupos privilegiados".

Nos últimos anos, o que se viu no Brasil foi justamente o contrário disso: grupos de privilegiados ocupando e loteando cargos, numa briga desenfreada por poder.

"Estamos na direção errada:
a de um Estado capturado, cada vez menos eficiente e incapaz de suprir e preencher lacunas", resumiu Armínio Fraga, que também comandou o BC no governo Fernando Henrique Cardoso.

Junte-se ao cenário o baixo nível de investimentos públicos. Coube a Armando Castelar, da FGV, desmontar a falácia de que o PAC está redimindo os investimentos feitos pelo governo.

Em proporção do PIB, eles caíram de 5,4% na década de 1970 para 2,32% atuais.

Se tudo o que estiver programado se concretizar, em 2014 serão equivalentes a exatos 2,33% do PIB, ou seja, não sairão do lugar. "O problema não é falta de dinheiro; é de estratégia", disse ele.

Na síntese da economista Monica de Bolle, que atuou como moderadora do painel sobre a economia brasileira, o país está hoje estacionado sobre um "tripé perverso": elevadíssima carga tributária, taxas de juros muito altas e investimentos muito baixos.

"Temos de partir para a reconstrução de um Brasil que se tornou velho, clientelista e intervencionista".

O PSDB demonstrou que está começando a reinventar o futuro do Brasil. Deixou claro que tem opiniões próprias e diverge frontalmente da orientação que o governo do PT dá ao país, com sua impotência para produzir ideias novas e sua ineficiência para aproveitar as enormes potencialidades que se abrem.

Como disse o presidente Fernando Henrique:
"O país cansou de grandes tiradas genéricas; é hora de saber fazer". Uma nova agenda nesta direção começou a ser construída ontem.
(Continua amanhã.)

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

MUITO BOM! LEIAM : Continua a farsa da supergerente. AQUELA DO NÃO MENOS FARSANTE, O CACHACEIRO ASQUEROSO. AQUI NUNCA ENGANARAM."ROUBEM À VONTADE MAS NOS POUPEM"

Ilustrados pela foto do auditório auditório deserto, quatro trechos pinçados por Celso Arnaldo Araújo foram suficientes para escancarar de novo, sempre com apavorante nitidez, a superlativa mediocridade de Dilma Rousseff.

Mas o jornalismo oficialista é duro na queda: colunistas de grandes jornais continuam enxergando na chefia do governo a supergerente que nunca existiu. Justificadamente espantado com o que a turma andou escrevendo sobre a presidente que não diz coisa com coisa, Celso Arnaldo valeu-se de outro texto irretocável para tratar da epidemia de cegueira voluntária. (AN)

As dezenas de profissionais que integram a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República são pagos para defender a chefe.
E não há melhor forma de defesa do que a mistificaçãoarte de mentir sem faltar com a verdade, que no caso é uma questão de crença pessoal.

Por isso, não questiono jamais o tom e o teor das matérias do Blog do Planalto, que faz um trabalho parecido com o website oficial da monarquia britânica. Nós pagamos para essa gente defender a rainha. É a regra do jogo.

Mas a coisa muda de figura quando a tarefa de mistificar o perfil de Dilma se estende à nata de nosso jornalismo político – que, depois de dez desastrosos meses de governo, continua comprando, e vendendo aos leitores, a velha farsa de Dilma como a supergerente que comandou a escalada do Brasil das cavernas para o Primeiro Mundo, no governo Lula.

Na página A11 da Folha deste domingo, o sempre comedido Fernando Rodrigues ainda insiste no surrado mito, desmontado a cada razia da mídia no ministério da presidente, da chairwoman perfeccionista, onipresente e onisciente, perto de quem Steve Jobs se pareceria com o dono de uma falida oficina de máquinas de escrever.

Escreve FR, a pretexto de justificar o ritmo lento, quase parado, com que o governo toma decisões e implementa programas fartamente anunciados pela máquina de propaganda:
“Não há hipótese de a presidente receber algum interlocutor para tratar de alguma obra ou projeto governamental sem estar devidamente brifada a respeito
(…)
Dilma raramente vai se contentar com primeiras explicações. Fará perguntas adicionais e o encarregado terá de voltar aos estudos”.

Que lindo.
A presidente não se contenta com primeiras explicações, mas achou o programa Segundo Tempo mais perfeito que uma jogada de Neymar – aquele que “eu vi, deixei de ver, voltei a ver”.

Quem a brifou? Na certa, Orlando, depois de estudar muito o modus operandi dos ongueiros amigos.


Não fosse VEJA, o encarregado Orlando e sua quadrilha de malandros que roubam por esporte estariam ainda na zona do agrião, livres de marcação para estufar o cofre.

Quantos níveis de explicações – segundas, terceiras, quartas? – Dilma exigiu para compreender a tática “ladrão de bola” do Segundo Tempo?

Não é só.
Ao lado da “análise” de FR na Folha há outro texto, assinado por Natuza Nery, que traz o seguinte olho:
“Dilma criou ritual de ‘espancamento’ de projetos, em que faz questionamentos para ver se a ideia fica de pé”.

Quem, em sã consciência, de posse de suas faculdades mentais e decentes, realmente acredita nessa imagem tão pífia? Essa postura “épica-ética” de governar combina com os 10 meses da Presidência Dilma?

Não fosse a imprensa, a roubalheira dos projetos de ministérios até aqui implodidos ainda estaria de pé, apesar de cruelmente “espancados” por Dilma.
A mistificação se ramifica por todos os segmentos da mídia.

No circuito Elizabeth Arden, a revista Poder dedica sua capa a Dilma.
Mas a presidente manchetada na capa se parece com a que tomou posse em janeiro, não com a que vaza um ministro por corrupção a cada mês e meio:
SENHORA DO DESTINORigorosa com subordinados e aliados, elogiada até pela oposição, como a presidente Dilma vem mudando o jeito de governar o país.


Qual é, exatamente, o novo jeito de governar dessa mocinha da novela das 9?
O jeito de entregar ministérios com porteira fechada a larápios da base aliada? O jeito de levar a sério a promessa de construir 6 mil creches em quatro anos de governo? Madame, by the way, já inaugurou alguma, nesses 10 meses?

No corpo da matéria de oito páginas, a revista explica esse jeito novo de governar o país, reproduzindo fielmente o delírio de um assessor direto:
A presidente só faz perguntas difíceis. Na hora de despachar, é melhor estar preparadíssimo para respondê-la, caso contrário, é bronca na certa”.

Notaram?
É preciso estar preparado para “respondê-la” — bem ao estilo Dilma.

Um assessor com algum nível deveria estar preparado para responder ou responder a ela.
Na verdade, a presidente só faz perguntas difíceis porque não sabe fazê-las fáceis.

Quando se leu ou se ouviu em algum lugar uma pergunta ou uma resposta de Dilma que fosse fácil de fazer sentido?
É o caso de dizer:
roubem à vontade – mas nos poupem.

O BRASIL MARAVILHA DA NADA E COISA NENHUMA : Produção industrial recua em metade dos locais pesquisados


O gráfico abaixo, enviado ao blog pelo IBGE, mostra que em setembro a produção industrial caiu em metade dos locais pesquisados pelo instituto.

O maior recuo foi registrado no Paraná (-13,5%),
mas outros locais tiveram redução na produção acima da média nacional (2%),
como foi o caso de São Paulo (-4,2%), parque industrial de maior peso na estrutura da indústria, Rio de Janeiro (-3%)
e Minas Gerais (-2,7%).

Rio Grande do Sul (-1,4%),
Santa Catarina (-0,8%)
e Pará (-0,2%) também apresentaram resultados negativos.

Já a produção em Goiás (8,8%),
Amazonas (4,3%),
Ceará (2,5%),
Espírito Santo (2,5%),
Pernambuco (1,6%),
região Nordeste (1,1%) e Bahia (1%) registrou alta na passagem de agosto para setembro.

Segundo os dados do IBGE, no ano, a atividade industrial cresceu em nove localidades, com destaque para Espírito Santo (8,2%), impulsionado pelo crescimento de dois dígitos verificado no setor extrativo.

Goiás, Paraná, Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro registraram taxas acima da média nacional (1,1%).

- No desempenho positivo destes locais observa-se a maior presença de segmentos articulados à produção de bens de capital (para transporte e construção) e de bens de consumo duráveis (motocicletas, telefones celulares e relógios), além dos avanços nos setores extrativos, farmacêutico, minerais não metálicos e de metalurgia básica - diz a nota do IBGE.


Valéria Maniero/O Globo

CARRO NOVO BOLSO VAZIO II : Aumenta a inadimplência de veículos


Parcela de financiamentos com prestações atrasadas acima de 90 dias atingiu 4,4% do total em setembro, com alta de 1,9 ponto no ano


Enquanto os juros cobrados do consumidor na compra a prazo de veículos recuam desde maio, a inadimplência nessa linha de crédito não para de crescer. Pelo sexto mês consecutivo, a parcela de créditos com atraso superior a 90 dias aumentou em setembro e atingiu 4,4% do saldo financiado ou R$ 7,3 milhões, segundo cálculos da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).

De acordo com o relatório que será divulgado hoje pela associação, elaborado a partir de dados do Banco Central e das empresas filiadas, a fatia do calote no total dos financiamentos aprovados quase cresceu dois pontos porcentuais este ano.

Em dezembro de 2010, a inadimplência acima de 90 dias correspondia a 2,5% do saldo financiado e em setembro estava em 4,4%.


Bancos.


O aumento da inadimplência apareceu nos resultados trimestrais dos principais bancos. Na divulgação dos resultados do terceiro trimestre do Banco do Brasil (BB), o destaque negativo foi para as operações do Banco Votorantim (BV), do qual o BB é dono de 50%.


A inadimplência do BV subiu de 3,2% para 4,3% dos créditos a receber, do segundo para o terceiro trimestre. A força do BV está no financiamento de veículos.

O Itaú Unibanco foi outra instituição que registrou aumento do calote do consumidor. No segundo trimestre esse indicador estava em 5,8% e em setembro tinha subido para 6,3%.


"Não há vilão no assunto inadimplência, isto é, todas as categorias de crédito (pessoal, cartões e veículos) contribuíram igualmente para o crescimento do índice no trimestre", diz Rogério Calderon, diretor de controladoria.


O Bradesco também exibiu o aumento da inadimplência da pessoa física no resultado trimestral. Em junho, o crédito em atraso acima de 90 dias correspondia a 5,7% da carteira de empréstimos e, em setembro, essa fatia tinha subido para 6%.

"Houve alta generalizada na inadimplência de veículos no terceiro trimestre, em algumas instituições mais e em outras, menos", diz Jair Lantaller, presidente do Instituto Geoc, que reúne empresas de cobrança.


No últimos 60 dias, o presidente do Instituto Geoc conta que cresceu 18% o volume de trabalho para as empresas de cobrança, puxado especialmente pelos financiamento de carros que não foram pagos.

O perfil da inadimplência de veículos recai sobre carros populares, com prestação entre R$ 700 e R$ 800.
Essa informação é confirmada por outra pesquisa feita pela agência de varejo automotivo MSantos com empresas de cobrança.


Os consumidores, com renda familiar entre R$ 2 mil e R$ 3,5 mil, que financiaram veículos em até 60 meses a partir de 2009, puxam hoje a fila dos inadimplentes, diz a pesquisa.

De acordo com a Anef, o aumento da inadimplência contrariou as expectativas do início do ano e é explicado pelos efeitos da inflação que prejudicaram a quitação dos débitos.

Lantaller, do Geoc, acrescentou outro fator que contribuiu para o aumento do calote: o cartão de crédito.

Uma enquete feita com inadimplentes pelo instituto que ele preside mostrou que o inadimplente dá prioridade ao pagamento do cartão em detrimento de outros débitos, porque assim reabilita o crédito.


Para Calderon, do Itaú Unibanco, a inadimplência vai melhorar nos próximos trimestres com a elevação da massa salarial e a redução da inflação e dos juros.


Para outros executivos do setor financeiro, no entanto, o calote vai se estabilizar só no início do segundo trimestre e os acréscimos de renda não serão suficientes para estancar a inadimplência no curto prazo.

MÁRCIA DE CHIARA - O Estado de S. Paulo

Em maio de 2011 :

CARRO NOVO E BOLSO VAZIO : FINANCIAMENTO ...

Massa falida da Boi Gordo leiloa duas fazendas e arrecada R$ 3,8 milhões


Os liquidantes da massa falida da Fazendas Reunidas Boi Gordo, que prometia aplicações com ganhos espetaculares em gado e que quebrou em 2001, arrecadaram R$ 3,810 milhões com a venda de duas fazendas em leilão judicial realizado ontem na capital paulista.

A Fazenda Primavera, localizada no município de Poconé (MT), de 822 hectares, foi arrematada por um pecuarista da região por R$ 2,4 milhões, sendo que o lance mínimo foi de R$ 1,380 milhão, com pagamento de 20% à vista e parcelamento em 12 vezes com 1% de juros ao mês.

Já a segunda propriedade, a fazenda Alteza I e II, localizada em Cárceres, também no Mato Grosso, foi arrematada por R$ 1,410 milhão, com avaliação inicial de R$ 744 mil. O comprador, outro pecuarista do Mato Grosso, realizará o pagamento à vista.

A massa falida da Boi Gordo ainda realizará, no dia 24 de novembro, mais um leilão, no qual serão colocadas à venda mais duas propriedades: Vale do Sol II, em Salto do Céu (MT), e Realeza, em Itapetininga (SP), avaliadas em um total de R$ 14,538 milhões. Outras cinco fazendas, que estão em avaliação, deverão ser leiloadas no ano que vem.

Só a Realeza do Guaporé I e II, de cerca de 120 mil hectares, localizada em Pomodoro (MT), tem valor estimado de mais de R$ 100 milhões. Outra, localizada ao norte de Mato Grosso, aguarda definição do Código Florestal para ser vendida.

A massa falida já conseguiu vender a fazenda Eldorado, localizada na Chapada dos Guimarães (MT), em leilão realizado em 2009, arrematada por R$ 4,650 milhões.

Ainda foi desapropriada uma propriedade pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 2008, por R$ 5 milhões, sendo a que a metade do valor já foi quitada.

O valor obtido com a venda dos imóveis será utilizado para o pagamento dos credores da Boi Gordo, que pediu concordata em outubro de 2001 e acabou tendo a falência decretada pela Justiça em abril de 2004.

A dívida da empresa soma hoje cerca de R$ 3 bilhões e reúne 30 mil credores, a maior parte de investidores.

A massa falida tem hoje em caixa cerca de R$ 28 milhões. Somando-se a isso às propriedades vendidas mais as que estão em avaliação, o valor dos ativos deve superar R$ 200 milhões.

Os credores da dívida trabalhista e tributária da empresa têm preferência no pagamento, que pode chegar a R$ 135 milhões.

Silvia Rosa | São Paulo Valor Econômico

SAQUES NA POUPANÇA : Desde o início de 2011, a caderneta de poupança vem registrando, mês a mês, resultados inferiores aos do ano passado.

Apesar do quarto melhor desempenho da poupança em um único mês em 2011, a captação líquida da caderneta em outubro, de R$ 1,07 bilhão, representou apenas 26% do resultado obtido por esse tipo de aplicação em setembro.

No acumulado do ano, a comparação ficou ainda pior. O saldo líquido positivo de R$ 10,56 bilhões, verificado no período de janeiro a outubro, é 62,6% menor que o ingresso líquido de recursos obtidos nos 10 meses de 2010.

Para aquele período, segundo dados do Banco Central, os depósitos superaram os saques em R$ 28,3 bilhões, atingindo R$ 38,6 bilhões no fechamento do ano.

Desde o início de 2011, a caderneta de poupança vem registrando, mês a mês, resultados inferiores aos do ano passado. Um dos motivos pode ser o rendimento maior no período para os fundos de renda fixa.

Outra razão pode estar relacionada à menor disponibilidade de recursos por parte da população, forçada a realizar saques na aplicação para pagar dívidas.

Dados do Banco Central indicam que a inadimplência, depois de subir no primeiro semestre do ano, acabou se estabilizando num patamar elevado.

Nada menos que 6,8% das operações de crédito contratadas nos bancos estão em atraso há mais de 90 dias.

Atratividade
Em outubro, os depósitos somaram R$ 105,31 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 104,23 bilhões. Os rendimentos creditados nas contas dos poupadores foram de R$ 2,36 bilhões no mês passado. No fim do mês, o volume total de recursos depositados somava R$ 411,88 bilhões.

Nos 10 meses do ano, a poupança rendeu, aproximadamente, 6,3%. No mesmo período, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), os fundos de renda fixa renderam 10,38%.

Ao contrário dos investimentos em fundos, na caderneta não há taxa de administração nem Imposto de Renda. De acordo com analistas do mercado, sua atratividade cresce num ambiente de queda da taxa básica de juros (Selic) da economia.

Isso ocorre porque a caderneta tem uma rentabilidade própria (taxa referencial de juros mais 0,5% de juros ao ano), ao passo que os fundos de investimento seguem, com deságio, a taxa Selic.

Vânia Cristino Correio Braziliense

O ARDIL DA "GOVERNABILIDADE, PAI DO FISOLOGISMO E BERÇO DOS PATIFES.


Após derrubar ministros como o do Turismo e o do Esporte, a corrupção envolvendo ONGs "de fantasia" aparece em estado exuberante nas dependências do Ministério do Trabalho, a ponto de o TCU pedir que "a Casa Civil e o Ministério do Planejamento sejam informados da situação crítica vivida pelo ministério (do Trabalho)".

É o mesmo método, tão pouco original que um delegado, à frente de 20 inquéritos instalados pela Polícia Federal em Aracaju, chega a dizer:
"Parece que eles (donos de ONGs fantasmas) sentaram num auditório e tiveram uma aula de como fraudar a União."

Em artigo para O GLOBO, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também assinala o perturbador aspecto "sistemático" do que está acontecendo.

Diz o ex-presidente:
"O que era episódico tornou-se um sistema; o que era um desvio de conduta individual passou a ser prática aceita para garantir a governabilidade."

Uma novidade, em relação a tempos recentes, é que as denúncias não só aparecem, como estão tendo consequências.

Ministros do Esporte, do Turismo e da Agricultura foram afastados depois de denúncias referentes a práticas desonestas, síndrome que agora ameaça encurtar a carreira do ministro Lupi.

Seriam quatro casos semelhantes no que é ainda o primeiro ano do governo Dilma.

Uma árvore tão frondosa de escândalos não surge do nada. Corrupção existe em qualquer nação do mundo. Mas ela pode crescer exponencialmente se não se põem obstáculos à sua marcha.

Os ministros agora derrubados ou em processo de saída são todos frutos do período anterior de governo (aliás, período duplo).
Nesse longo período, ninguém achou que corrupção fosse um problema.

Perderam-se numerosas oportunidades de dar à sociedade, e ao mundo político, pelo menos um sinal de que nem tudo era permitido. Um certo Severino ficou famoso nessa maré de complacências.

Ainda agora, continua valendo uma teoria de que preocupações éticas são sintomas de "udenismo". No escândalo anterior ao de agora, envolvendo o Ministério do Esporte, o ex-presidente Lula chegou a pedir aos acusados que tivessem o "casco duro" para enfrentar a chuva de incriminações.

É a famosa teoria da "governabilidade". É a versão extrema da realpolitik que Bismarck pôs na moda ainda no século XIX: a política como território do pragmatismo, com exclusão de qualquer preocupação ética.

Não é preciso recorrer à história antiga para saber como terminam os que só pensam no poder. Está aí, pedindo estudo mais acurado, a espantosa história do que se chamou a União Soviética.
Era para ser um movimento de redenção das massas, de correção das injustiças. Mas, muito cedo, todo resquício de idealismo no que se apresentava como sendo a versão leninista do marxismo foi sufocado pelo puro jogo do poder.
Por causa disso, Stalin mandou matar Trotsky em seu exílio mexicano, e levou a julgamento e condenação qualquer liderança que pudesse fazer-lhe sombra.

Era a "governabilidade" na sua versão mais pura.

Mas um dia, do que fora um sistema poderoso só restava uma carcaça vazia.
E tudo veio abaixo.

O Globo
Os limites da 'governabilidade'

GOVERNO DOS TORPES : Feudos mantidos com o dinheiro público

Dizem que a jabuticaba, da família das mirtáceas (Myrciaria jaboticaba), só existe no Brasil.

Tão peculiar quanto a fruta, entretanto, são as organizações não governamentais (ONGs) brasileiras.

A maioria vive às custas de recursos públicos, quando não são criadas especialmente para obtê-los. Dessa forma, são figurinhas carimbadas em casos de corrupção.

Em 1991, ficaram famosas ONGs de Canapi (AL) dirigidas por familiares da então primeira-dama, Rosane Collor, beneficiadas com verbas da extinta Legião Brasileira de Assistência (LBA), presidida, na ocasião, pela esposa do presidente da república.

Nas duas últimas décadas, foram levantadas suspeitas em relação às ONGs dos anões do orçamento, do filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da mulher do deputado Paulinho e do churrasqueiro do ex-presidente Lula, entre outras. Recentemente, foram para a vitrine ONGs do Turismo - por capacitar fantasmas - e do Esporte, várias comandadas por militantes do PCdoB.

Agora, a bola da vez é o Trabalho, onde ONGs pagam pedágios.
Com os "malfeitos" escancarados, o governo federal editou dois decretos em menos de um mês, tentando, a conta-gotas, sanear o esgoto.

O problema, porém, não está só nas ONGs, mas na politização das transferências voluntárias.

No Ministério da Integração Nacional, por exemplo, auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União constatou que, em 2008 e 2009, os municípios baianos ficaram com 65% dos R$175,3 milhões desembolsados pelo programa de prevenção e preparação para emergências e desastres.

O ministro na ocasião era o candidato derrotado ao governo em 2010, Geddel Vieira Lima.

No Ministério da Justiça não foi diferente.
Em 2009, as prefeituras do Rio Grande do Sul receberam metade dos R$11,9 milhões transferidos aos municípios no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

As cidades de Canoas, Cachoeirinha, Sapucaia do Sul e Novo Hamburgo obtiveram, juntas, R$5,9 milhões. À época, a Pasta era comandada pelo gaúcho Tarso Genro, eleito depois governador.

No Ministério do Esporte, outra curiosidade.
Em 2009, nos valores repassados aos municípios, Campinas, em São Paulo, foi a campeã. O secretário de Esportes e Lazer da cidade paulista era Gustavo Petta - cunhado do ministro do Esporte -, candidato a deputado federal pelo mesmo partido do ex-ministro Orlando Silva.

A distribuição de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), em 2009, também já era curiosa. Na ação de "orientação profissional e intermediação de mão de obra", a Secretaria de Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná liderou os valores enviados pelo Ministério do Trabalho e Emprego aos estados.

A ONG favorita nessa mesma ação foi a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, presidida por vereador de Curitiba, integrado à campanha do então candidato do PDT, Osmar Dias, ao governo estadual.

Por acaso, à frente do Ministério do Trabalho, ao qual estão vinculados os recursos do FAT, estava e está Carlos Lupi, ex-presidente do PDT. Por enquanto?
Assim, moralizar os repasses às ONGs - sobretudo dos apadrinhados - é somente parte do problema.

Pouco adianta trocar o titular da Pasta por outro do mesmo partido, caso permaneçam os interesses políticos e pessoais. Mantidos os "feudos", o rodízio de ministros irá continuar, pois atualmente é fácil localizar o destino de cada centavo dos programas governamentais, tornando evidente os absurdos.

Até o momento, porém, os órgãos de controle, o Ministério Público e o Judiciário, passaram ao largo dessa questão.

E urge que o tema seja debatido, visto que os recursos - como é óbvio - têm que estar associados ao interesse público, o que não vem acontecendo.

É oportuna, portanto, a ação que o procuradorgeral da república move em relação às ONGs do Esporte. Não basta saber se o ex-ministro recebeu ou não dinheiro na garagem.

É preciso avaliar se não há algum tipo de crime embutido na farta distribuição de recursos às ONGs de militantes.

É necessário, inclusive, que se cobre do Congresso Nacional a aprovação de Orçamento tecnicamente mais detalhado, reduzindo o poder discricionário dos ministros na distribuição das transferências voluntárias.

Caso contrário, a "farra política" irá continuar, por meio dos convênios com as ONGs, estados e municípios.

Trata-se de uma verdadeira geleia de jabuticaba, tão genuinamente brasileira quanto o recorde mundial de demissão de ministros.

Gil Castello Branco O Globo

O JOGO SUJO PARA A PERPETUAÇÃO DE UM PROJETO PODER

O governo do Partido dos Trabalhadores corrompeu o mundo do trabalho.

A estratégia espúria que vem sendo usada como método de governo desde 2003 espraiou-se pela Esplanada e orienta também a relação oficial com sindicatos e centrais sindicais, além dos demais "movimentos sociais".


Não espanta que o escândalo da hora esteja abrigado na pasta comandada por Carlos Lupi.


O Ministério do Trabalho já vinha sendo apontado como a bola da vez depois da queda de Orlando Silva no Esporte.

Demorou menos do que se imaginava a eclosão da crise por lá: soube-se, pela edição da revista
Veja desta semana, que a pasta de Lupi transformou-se numa central de achaques.

Dois funcionários citados pela reportagem já caíram; o ministro garante que "morre, mas não joga a tolha".


No centro das falcatruas estão, novamente, organizações não governamentais (ONG) de fachada usadas para desviar recursos públicos. Assessores de Lupi no Ministério do Trabalho cobravam propina delas para normalizar pendências que eles mesmos criavam. O preço da extorsão variava entre 5% e 15% do valor dos contratos.

Desde 2007, quando Lupi assumiu o ministério, cerca de um terço dos convênios, envolvendo R$ 449 milhões, foram firmados com instituições privadas sem fins lucrativos, incluindo ONG.

Estes repasses, porém, estão sujeitos a parca fiscalização e controle da pasta.

É uma farra que começa com a liberação de dinheiro dos contribuintes e termina no bolso de gente mal intencionada ligada aos partidos da base governista.


Mais de 500 relatórios de prestação de contas apresentados por ONG e outras entidades que receberam verbas públicas estão engavetados no ministério, sem fiscalização, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), informa o Valor Econômico hoje.

"Metade deles corre o risco de completar cinco anos no fundo dos armários", completa
O Globo, em manchete. Pela legislação em vigor, os órgãos públicos devem analisar as prestações de contas no prazo de 90 dias.

O descalabro no Ministério do Trabalho ecoa o mesmo modus operandi que já fora identificado no Turismo e no Esporte:
o uso de instituições não governamentais para desviar recursos públicos para partidos e financiar a perpetuação de um projeto de poder.


Em dez meses de governo, cinco ministros de Dilma Rousseff já caíram por envolvimento em casos de corrupção; Lupi pode ser o sexto.

"Em qualquer outro lugar já se teria dito com todas as letras e a ênfase necessária que o governo apodreceu", comenta Ricardo Noblat n'
O Globo.

Não é apenas a estrutura oficial que está carcomida.
A gestão petista aplicou os recursos do Estado para também implodir a atuação independente dos sindicatos e centrais sindicais, num peleguismo redivivo da Era Vargas.


Também ao largo da fiscalização de órgãos de controle como o TCU - cujo escrutínio foi vetado pelo então presidente Lula - sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais usam e abusam do grosso dinheiro que lhes é repassado do imposto sindical, criado pelo PT.

Foram R$ 1,7 bilhão nos nove primeiros meses de 2011. O valor equivale a todo o dinheiro transferido pelo governo federal para os 5.565 municípios brasileiros e para o estado do Amapá, segundo mostrou O Globo na semana passada. Até o fim do ano, serão R$ 2 bilhões. É de se perguntar o que a sociedade brasileira ganha com isso.

A melhor síntese da lastimável situação que se tornou norma na gestão federal é dada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado na edição de ontem de O Estado de S.Paulo: "O que era episódico se tornou um 'sistema', o que era desvio individual de conduta se tornou prática aceita para garantir a 'governabilidade'.
(...)
Estamos diante de um sistema político que começa a ter a corrupção como esteio, mais do que simplesmente diante de pessoas corruptas".


A praga da corrupção ganha ares de infecção generalizada no governo federal. O que se percebe é que tudo veio sendo montado de caso pensado, desde o primeiro dia da gestão Lula, para garantir a perpetuação do projeto de poder petista.

A ética do trabalho foi substituída por uma lógica deturpada que perverte o que encontra pela frente.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela