"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 16, 2011

General Luiz Gonzaga Shroeder Lessa : "Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim",

Um artigo do general reformado Luiz Gonzaga Schroeder Lessa (foto), ex-presidente do Clube Militar, expõe mágoas da caserna e afirma que o ex-ministro tinha "psicótica necessidade de se fantasiar de militar" e "já vai tarde".
O texto foi publicado no site da Academia Brasileira de Defesa e circula desde o fim de semana em blogs de militares. Escrito como desabafo dirigido a Jobim, sugere que parte da classe se sentiu vingada com sua demissão.

CARTA AO SR. JOBIM.
Fonte: Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, 12 de agosto de 2011.

Como era natural, o senhor se foi, sem traumas, sem solavancos, substituído quase que por telefone, não durando mais do que cinco minutos o seu despacho de despedida com a presidente, que, de forma providencial, já tinha até o seu substituto definido.

Surpreso? Nem tanto.

Substituição aceita com a maior naturalidade, pois ela é parte da rotina militar.O senhor talvez esperasse adesões e simpatias que não ocorreram, primeiro, pela disciplina castrense e, depois, pelo desgaste acumulado ao longo dos seus trágicos 4 anos de investidura no cargo de ministro da defesa.

E como um dia é da caça e outro do caçador, o senhor foi expelido do cargo de forma vergonhosa, ácida, quase sem consideração a sua pessoa, repetindo os atos que tantas vezes praticou com exemplares militares que tiveram, por dever de ofício, a desventura de servir no seu ministério (veja que omiti a palavra comando, porque o senhor nunca os comandou).

O desabafo à revista Piauí, gota d’água para a sua saída, retrata com fidelidade e até mesmo estupefação o seu ego avassalador, que julgava estar acima de tudo e de todos, a prepotência, a arrogância e a afetada intimidade com os seus colaboradores no trato dos assuntos funcionais, o desconhecimento dos preceitos da ética e do comportamento militar, a psicótica necessidade de se fantasiar de militar, envergando uniformes que não lhe cabiam não apenas por seu tamanho desproporcional, mas, também, pela carência de virtudes básicas, como se um oficial-general se fizesse unicamente pelos uniformes, galões e insígnias que usa, esquecendo que a sua verdadeira autoridade emana dos longos anos de serviços prestados à Nação e da consideração e do respeito que nutre pelos seus camaradas.

O senhor, de fato, nunca a entendeu e nunca foi compreendido e aceito pela tropa, por faltar-lhe um agregador essencial – a alma de Soldado.Sua trajetória no Ministério da Defesa foi a mais retumbante desmistificação daquilo que prometeu realizar.

Infelizmente, as Forças Armadas ficaram piores, ainda mais enfraquecidas. Suas promessas de reaparelhamento e modernização não se realizaram. Continuam despreparadas para cumprir as suas missões e, na realidade, são forças desarmadas, só empregadas no cumprimento de missões policiais, muito aquém das suas responsabilidades constitucionais.

A Marinha poderá até apresentar um saldo positivo no seu programa de submarinos, mas a força de superfície está acabada, necessitando de urgente renovação, que não veio. A Aeronáutica prossegue sonhando com os modernos caças com que lhe acenaram, programa que desafia a paciência e aguarda por mais de 10 anos.

O Exército parece ser o que se encontra em pior situação no tocante ao seu equipamento e armamento, na quase totalidade com mais de 50 anos de uso. Nem mesmo o seu armamento básico, o fuzil, teve substituto à altura. Evolução tecnológica, praticamente, nenhuma.

O crônico problema salarial que, por anos, atormenta e inferioriza os militares que são tratados quase como párias, não teve uma programação que pretendesse amenizá-lo. A Comissão da Verdade, em face da sua dúbia atitude, é obra inconclusa, que tende a se agravar como perigoso fator desagregador da unidade nacional.

O que fez o senhor ao longo desses quatro últimos anos para reverter essa situação, Sr Jobim. Nada!
Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações.
Mas sempre teve a paciência, a lealdade e a fidelidade dos Comandantes de Força.

A Estratégia Nacional de Defesa é o maior embuste que tenta vender. Megalômana, sem prazos e recursos financeiros delimitados por específicos programas governamentais, é um documento político para ser usado ou descartado ao sabor das circunstâncias, como atualmente ocorre, quando é vítima dos severos cortes orçamentários impostos às Forças Armadas, que inviabilizam os seus sonhos de modernização.

Mal sobram recursos necessários para a sua vida vegetativa.

O caos aéreo que prometeu reverter com a modernização da infra-estrutura aeroportuária só fez crescer e ameaça ficar fora de controle.Você (como gosta de chamar os seus oficiais-generais) foi um embuste, Jobim.

Por tudo de mal que fez à Nação, enganando-a sobre o real estado das Forças Armadas, já vai tarde.
Vamos ficar livres das suas baboseiras, das suas palavras ao vento, das suas falácias, das suas pretensões de efetivamente comandar as Forças Armadas, mesmo que para isso tivesse que usurpar os limites constitucionais.

Você parte amargando a compreensão de que nada mais foi do que um funcionário “ad nutum”, como todos os demais, demitido por extrapolar os limites das suas atribuições.

A contragosto, é forçado a admitir que o verdadeiro comandante das Forças Armadas é a Presidente Dilma que, sem cerimônia, não tem delegado essa honrosa missão exercendo-a, por direito e de fato, na plenitude da sua competência.

Você acusou o golpe.
Não teve, nem sequer, a disposição de transmitir o cargo que exerceu.
Faceta da sua personalidade que a história saberá julgar.

Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim, que por longos 8 anos deslustrou o Itamaraty e comprometeu a nossa tradicional e competente diplomacia.

Sem afinidade com as Forças, alheio aos seus problemas e necessidades mais prementes, com notória orientação esquerdista, só o tempo dirá se a sua indicação valeu a pena.

No fundo, creio mesmo que só ao Senhor dos Exércitos caberá cuidar das nossas Forças Armadas.


VETOS RUDIMENTARES : É A HORA DOS "CARAS ENRUGADAS".

O governo federal perdeu uma boa oportunidade de aperfeiçoar a execução dos gastos da União.

Foram divulgados ontem os vetos da presidente da República à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que estabelece as regras para elaboração do Orçamento de 2012. Nunca se cortou tanto, e de forma tão rudimentar.


Foram feitos 32 vetos à LDO aprovada em julho pelos congressistas.
Nenhum dos compromissos assumidos pelo governo com os parlamentares, seja da base aliada, seja da oposição, foi honrado.

Na prática, o governo simplesmente ignorou as alterações e recompôs a versão inicial do texto, tratorando o Parlamento.


"O governo não cumpriu nada do que acertou comigo. Na verdade, acertou não só comigo como também com os líderes dos partidos do governo e da oposição", comentou o relator da LDO, deputado Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG).

Fica fácil entender porque a relação do governo Dilma Rousseff com os congressistas é tão azeda...


Com os cortes, caiu por terra a possibilidade de ganho real, em 2012, para aposentados e pensionistas que recebem mais de um salário mínimo.

O texto aprovado no Congresso estabelecia que um reajuste maior seria negociado, ainda que não o garantisse.
Mesmo assim, foi tesourado; os benefícios serão recompostos apenas pela inflação.


Já se sabe que os aposentados não aceitarão a decisão de Dilma e prometem iniciar a pressão já a partir de 1º de setembro.

"Na era Collor, os caras pintadas iam para rua. Na era Dilma, será a vez dos caras enrugadas",
avisou Warley Martins, presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap).

Os aposentados acabam pagando o pato pela sobrecarga imposta aos gastos orçamentários em função dos aumentos salariais concedidos ao funcionalismo ao longo dos anos Lula - que chegaram a 31,4%.

O pagamento a servidores atingiu R$ 87 bilhões no primeiro semestre, ou R$ 8,8 milhões a mais que em igual período de 2010, num crescimento muito superior à inflação do período.


Este ano, os aumentos de remuneração dos servidores decorrentes das reestruturações feitas desde 2008 elevarão as despesas da União com o pagamento de pessoal em R$ 6,9 bilhões.

A escalada continuará em 2012, com uma conta superior a R$ 800 milhões a ser paga, conforme calculou o Valor Econômico
(AQUI) em sua edição de ontem.

Numa forma de tentar contribuir para uma melhor gestão das contas públicas, a oposição havia apresentado emendas à LDO que visavam dar maior equilíbrio fiscal ao governo federal. Mas nada passou pelas mãos de tesoura da equipe de Dilma.

Entre as propostas aprovadas em julho, estavam a que estipulava meta de 0,87% do PIB para o déficit fiscal em 2012;
a que limitava o crescimento das despesas de custeio à evolução dos gastos com investimentos;
a que obrigava o governo a submeter a emissão de papéis da dívida pública ao Congresso;
a que previa reserva financeira para compensar estados exportadores por perdas decorrentes da Lei Kandir;
e a que determinava que gastos decorrentes de emendas parlamentares individuais não seriam atingidas pelo contingenciamento orçamentário.

Tudo foi vetado.


A verdade é que o governo tem enormes dificuldades para bem gastar o dinheiro que retira do contribuinte. Especialista em contas públicas, o economista Fabio Giambiagi analisou a execução do Orçamento da União no primeiro semestre deste ano e concluiu que o "ajuste" nas contas executado por Dilma é feito "nos moldes do FMI", ou seja:
mais impostos, menos investimentos e muito gasto de custeio.


"O fato, quando se olha para os números, é que no primeiro semestre as despesas de investimento caíram 5% em termos reais, e as despesas correntes aumentaram 5%, também em termos reais, usando o IPCA como deflator. Não houve corte algum do gasto agregado, que aumentou 4% reais.

Estamos diante de um ajuste convencional: mais carga tributária na veia - a receita aumentou 13% reais! - e redução do investimento", escreve Giambiagi em O Globo.


No primeiro governo Lula, a então ministra-chefe da Casa Civil bombardeou uma proposta urdida pelo então ministro Antonio Palocci que visava levar o resultado fiscal do governo central a um déficit nominal zero no decorrer de dez anos. Classificou-a de "rudimentar" e interditou o debate.

Dilma Rousseff mudou de posto, mas mantém a mesma ojeriza a qualquer aperfeiçoamento na execução do Orçamento.


Fonte: ITV

DIARISTA! É FAXINA OU FACHADA?

Dilma, apelidada de “a diarista” pela faxina ética no governo, não percebeu o lixo no Turismo porque não quis.

Na Agricultura e nos Transportes, a presidente pegou firme na vassoura.
Mesmo quem não votou nela apoiou. Enfim, alguém começava a espanar os sujismundos em Brasília.

Mas, no Turismo apadrinhado por Sarney, a diarista foi surpreendida pela limpeza promovida por 200 homens da Polícia Federal.


Só o PMDB apostava um centavo na lisura de um ministério comandado por Pedro Novais, conterrâneo do presidente vitalício do Senado, José Sarney.

Para refrescar a memória,Novais, antes de assumir o Turismo, foi reembolsado pela Câmara por uma festa com 15 casais no Motel Caribe, de São Luís.

Octogenário como seu mestre, casado, Novais culpou os assessores pelo “erro”. Assumiu um ministério que planejava investir R$ 257 milhões e treinar 230 mil pessoas para receber turistas na Copa do Mundo em 2014.


Isso não significa que o maranhense esteja implicado no novo escândalo – embora tenha pensado em pedir demissão. Os convênios fraudulentos para treinar agentes de turismo no Amapá e no Paraná foram assinados em 2009, quando o PT e a turma da senadora Marta Suplicy estavam no comando.

Pense bem:
turismo milionário no Amapá?
O Estado que em 2006 elegeu Sarney senador recebeu, no ano passado, 459 turistas estrangeiros.
A maior atração é a pororoca.


Agora, a pororoca foi transferida para Brasília. Denúncias em cascata dão um ar de novela. “Insensata Corrupção” é acompanhada diariamente pelo povo.
Gravações mostram empresários se tratando de “bicho” e “animal”, no capítulo dedicado ao Amapá.

O ministro da Agricultura demitido por Dilma diz:“
Eu não sou lixo”.
Esperamos que não seja reciclável.


O roteiro da novela é confuso porque surgem mais figurantes, siglas e partidos políticos.O dinheiro desviado costuma ser estratosférico, uma grana que 99% dos brasileiros jamais verão na vida.

Computadores são confiscados, sigilos são quebrados, mas os maiores amigos do poder são poupados. As maldades dos vilões chocam até a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB):
“As acusações geram perplexidade, insegurança e indignação”.

Os bispos alertam:
“Sacrificar os bens devidos a todos é um crime que clama aos céus por lesar sobretudo os pobres”.
Nem ateus discordariam.


Dilma ficou chocada não com a corrupção no Turismo – mas com as algemas usadas pela PF

Dilma e seu vice-presidente,Michel Temer, também estão “chocados”. Mas não com as ONGs de fachada, as notas fiscais falsas e a conivência de servidores num ministério que deveria servir de exemplo em véspera de Olimpíada e Copa.

Estão indignados com as algemas usadas pelos policiais federais.
“Pegou mal”, disse Temer.
“Uma cinte”,disse Dilma.
“Uma operação atabalhoada”, afirmou o Planalto.

O presidente da Federação dos Policiais Federais,Marcos Wink, defendeu algemas para todos:
“Devem ser usadas no secretário do ministério, assim como no Joãozinho da Silva lá na favela”.


No centro da pororoca, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fazia cara de paisagem. Garantiu desconhecer a operação que prendeu 36 pessoas no Turismo por desvio de verba.

Nossa presidente não gostou.
Pretende manter o controle de sua faxina seletiva e não deixar degringolar os próximos capítulos.
A roteirista é ela.


Cara Dilma, começou, tem de ir até o fim.
Não dá para limpar só os quartos e a cozinha.
Procure os cantos das salas de estar e jantar.

Retire dos armários os cabides de empregos, onde estão pendurados afilhados políticos e parentes de caciques do PMDB e do PT.
Filhos,
ex-mulheres,
sobrinhos.
Contratados sem concurso.

Assuste os fantasmas, porque a opinião pública vai apoiar.
Mesmo que a senhora não concorde que Ideli é
“fraquinha”, desautorize- a a falar bobagens.
É risível ouvir de sua comadre que a operação da PF foi “armação da imprensa”.


Não se deixe intimidar pela tal “base” rebelada.
A democracia não será aperfeiçoada se seu governo liberar R$ 1 bilhão em emendas para esse bando concordar em votar o que interessa à nação.

Há algo mais ridículo do que congressistas de braços cruzados, ameaçando uma “greve branca” contra a faxina?
Com amigos assim, uma diarista não precisa de inimigos.

Ruth de Aquino Época

"OBJETIVO COMUM"! TUDO EM NOME DA "COALIZÃO" : Pacote prevê liberação imediata de R$ 1 bi para emendas. DESPUDORADAMENTE.


A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deve apresentar, em um almoço hoje com a base aliada, um pacote de medidas com o objetivo de tranquilizar os congressistas e conseguir dar prosseguimento às votações de interesse da presidente Dilma Rousseff.

De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, o pacote consiste na liberação imediata de cerca de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares tanto para os reeleitos quanto para os novatos, além de um cronograma fixo de pagamento dos restos a pagar dos anos anteriores e também dos empenhos (promessa de pagamento) referentes ao orçamento deste ano.

De imediato, será oferecida a liberação de R$ 1 milhão a cada novato e R$ 2 milhões aos reeleitos, o que alcançaria os cerca de R$ 1 bilhão.

Outros R$ 3 bilhões seriam empenhados até dezembro, sendo R$ 1 bilhão para a oposição e R$ 2 bilhões para governistas.

No total, foram apresentados R$ 7,4 bilhões em emendas individuais ao orçamento deste ano, mas o cálculo utilizado pelo governo é de que deve ser considerada metade disso, uma vez que houve renovação do Legislativo e praticamente metade da Câmara foi substituída.

Com o pacote, o Palácio espera que o Congresso aprove até dezembro a proposta de emenda constitucional que prorroga a Desvinculação das Receitas da União (DRU), prioridade de Dilma neste semestre. A proposta dá ao governo maior liberalidade para mexer no orçamento, na medida em que desvincula 20% da receita tributária da União.

No entanto, se o empenho de R$ 1 bilhão era tido ontem como certo, o cronograma dos próximos pagamentos ainda era dúvida e estava sendo negociado.

Integrantes do PT e do PMDB se reuniram no Palácio com Ideli, Dilma e o vice-presidente Michel Temer à noite, para tentar fechar um acordo. O cronograma, porém, era defendido pelos dois partidos.

"Precisamos montar um rito de pagamento para construção de um diálogo permanente que quebre arestas e o mal estar que é próprio do processo político", afirmou o vice-líder do governo e vice-presidente do PT, José Guimarães (CE).

"Não queremos R$ 1 bilhão agora para daqui a um mês ter de pressionar de novo, gerar um novo estresse e um novo desgaste. O que queremos é um cronograma que atenda a média histórica de pagamentos que é de 60% a 70% das emendas.

É algo simples de se organizar", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

De acordo com ele, é a "falta de clareza, franqueza e respeito" que podem criar dificuldades no Congresso, não a simples falta de liberação de emendas.

"Ninguém vai radicalizar em relação a isso. Se há uma dificuldade momentânea no pagamento, nós compreendemos. O que não pode é fazer como se fosse uma concessão do governo, quando é apenas o cumprimento de uma lei".

Ele se disse otimista quanto à possibilidade de a Câmara retomar as votações e de não repetir a obstrução que impediu que qualquer projeto fosse apreciado na semana passada.

Caio Junqueira Valor Econômico

UM CHEIRANDO O OUTRO : p ARTIDO t ORPE E P artido M ais D esonesto do B rasil , campeões de emendas no Turismo.


Juntos, os dois partidos respondem por 36,5% das emendas individuais do setor, cujos gastos, no Orçamento de 2011, chegam a R$ 3,5 bilhões

Parlamentares de PMDB e PT foram os que mais destinaram emendas individuais ao Ministério do Turismo durante a elaboração do Orçamento de 2011. Os dois partidos estão no centro da Operação Voucher da Polícia Federal, que investiga desvio de recursos na pasta decorrentes justamente de uma emenda parlamentar apresentada pela deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP).

A área de Turismo é tradicionalmente das mais infladas no Congresso.
No ano passado, o Executivo propôs gastos de R$ 862 milhões no setor, mas os congressistas elevaram esse montante para mais de R$ 3,5 bilhões.


Levantamento feito pela assessoria técnica do PSOL com exclusividade para o Estado mostra que deputados e senadores do PMDB destinaram R$ 285,8 milhões de suas emendas individuais para a área.

O PT ficou com a segunda posição, com R$ 230,6 milhões.
Somados, petistas e peemedebistas representam 36,5 % do montante total de R$ 1,411 bilhão de emendas individuais apresentadas no setor do Turismo.

Comissões temáticas e bancadas estaduais destinaram ainda mais R$ 1,3 bilhão para a área.


No ano passado, quando foram elaboradas as emendas, o PMDB tinha a maior bancada. Mas não apenas esse dado tornou o partido líder do ranking do Turismo. Dividindo o valor destinado pelo partido pelo número de parlamentares observa-se que os peemedebistas destinaram à área mais de 20% do total de emendas individuais a que tinham direito.
Foram R$ 2,671 milhões, em média, por peemedebista.


O mesmo acontece no PT, que em 2010 era o segundo em tamanho no Congresso. Os petistas, na média, destinaram R$ 2,652 milhões cada para a área.
Cada parlamentar pode destinar livremente R$ 13 milhões no Orçamento do ano passado.


Depois dos maiores partidos da base aparece uma legenda da oposição na lista por volume de recursos.
Parlamentares do DEM destinaram R$ 177 milhões para a área.
Na sequência aparecem PR, com R$ 130,7 milhões,
PSDB, com R$ 126,7 milhões,
e PTB, com R$ 113,3 milhões.


Proporcionalmente, a bancada o PTB ocupa a primeira posição. Na média,
cada petebista destinou R$ 3,9 milhões para o Turismo.
Na sequência aparecem PR,
PRB,
PP,
PMDB e PT.


O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), lembra que não é a primeira vez que a área do Turismo é envolvida em escândalos. "É uma tabela interessante porque é reveladora do nível de aposta de cada partido no Turismo, que, pelo visto, anda muito contaminado por políticas tacanhas."

Alencar destaca que as emendas individuais têm como "vulnerabilidade" possibilitar desvios e fraudes utilizando organizações não governamentais de fachada.
Ele observa ainda que na semana passada parlamentares governistas fizeram uma "greve branca" para protestar justamente pelo não pagamento de emendas.


O governo vai elaborar um cronograma para a liberação desses recursos e deve começar a abrir o cofre a partir desta semana.

Eduardo Bresciani O Estado de S. Paulo

WAGNER ROSSI O BALEIA E O JATINHO.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e um de seus cinco filhos, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), utilizam um jatinho pertencente à Ourofino Agronegócios para viagens particulares.

A empresa de Ribeirão Preto (SP) — cidade onde mora o ministro e a família — tem recebido autorizações do governo no ramo de patentes e registrou crescimento de 81% devido à inserção da firma na campanha de vacinação da pasta contra a febre aftosa, iniciada em novembro passado.

Em outubro, Rossi liberou a Ourofino para comercializar a vacina, tornando a companhia pioneira no setor, um mercado que movimenta R$ 1 bilhão ao ano e, até então, dominado por firmas estrangeiras.
O trânsito de Rossi e de seu filho no jato da empresa é conhecido no Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto.

Funcionários relatam que o ministro e o deputado estadual sempre são vistos desembarcando do Embraer modelo Phenom, avaliado em US$ 7 milhões.
Um dos sócios do Grupo Ourofino é Ricardo Saud, assessor especial do ministro.

Amigo pessoal de Rossi, o mineiro de Uberaba é diretor da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura.


O nome de Saud consta na certidão de fundação da Ethika Suplementos e Bem Estar, subsidiária do Grupo Ourofino, como sócio responsável por "agir de forma a legalizar a sociedade junto aos órgãos municipais, estaduais, federais e autarquias" e para atuar "junto à Universidade de Uberaba, para representação dos interesses e do objeto social da Ethika".

Registro na Junta Comercial de Minas Gerais datado de 10 de fevereiro de 2009 atribui a Saud 15% da subsidiária da Ourofino Agronegócios.


Em setembro de 2007, à época em que era secretário de Desenvolvimento Econômico em Uberaba, Saud autorizou doação de terreno de 226 mil metros quadrados para a Ourofino instalar unidade industrial.

De acordo com despacho municipal assinado por Saud, a Ourofino também foi beneficiada com isenção de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) por 10 anos.


Amigo pessoal do ministro, Saud é conhecido em Minas Gerais por sua polivalência. Ele atua na área da educação, como diretor de Marketing da Universidade de Uberaba (Uniube), é presidente do PP no município e cônsul honorário do Paraguai por Minas Gerais.


As ligações do assessor especial do Ministério da Agricultura com o país vizinho passam pela Goya Agropecuária, empresa da qual também é sócio.
A secretaria em que Saud atua no ministério é responsável por elaborar políticas e liberar recursos para cooperativas agrícolas.

Durante sua gestão no ministério, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, da qual a Goya participa por meio de concursos de gado da raça Nelore Mocho, foi beneficiada com R$ 900 mil em convênios com a pasta da Agricultura.


A proximidade entre a família de Rossi e a empresa do agronegócio se repete em outros campos. Vídeos institucionais da Ourofino são realizados pela empresa A Ilha Produções, que atualmente está em nome de Paulo Luciano Tenuto Rossi, filho do ministro, e Vanessa da Cunha Rossi, mulher de Baleia Rossi.


O deputado estadual, por sua vez, foi contemplado com doação de campanha no valor de R$ 100 mil, transferidos pela Ourofino.
Em resposta ao Correio, a assessoria do Ministério da Agricultura informou que "o ministro já viajou em avião de propriedade da Ourofino".

O deputado Baleia Rossi também "confirma que já viajou no avião da Ourofino" e que a empresa "fez doações à sua campanha, devidamente registradas junto ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo". Já Ricardo Saud afirma que não é mais sócio da subsidiária do grupo, pois o negócio não se viabilizou.

A Ourofino diz que o assessor especial do ministro não continuou na ficha societária da firma, pois sua participação "não foi finalizada por falta de recursos por parte do senhor Ricardo".


Por meio de sua assessoria, a Ourofino acrescenta que a prefeitura de Uberaba ofereceu o terreno como forma de incentivo, mas a doação foi rejeitada:

"A necessidade de uma escritura imediata para conseguir financiamento fez com que a Ourofino declinasse da oferta e comprasse o terreno por meios próprios".

A empresa confirma os empréstimos do jatinho e diz que a aeronave é cedida "para amigos pessoais e colaboradores". Novo secretário executivo O assessor especial do Ministério da Agricultura José Gerardo Fontelles ocupará o cargo de secretário executivo da pasta no lugar de Milton Ortolan.

A nomeação de Fontelles, que é engenheiro agrônomo, deve ser publicada na edição de hoje do Diário Oficial. O engenheiro já ocupou o posto interinamente por duas vezes. Desde o último dia 6, o ministério estava sem secretário executivo, pois Ortolan deixou o cargo após denúncias de envolvimento com o lobista Júlio Fróes.

CANALHA PROLIFERADA LIVRE LEVE E SOLTA : Desvio de remédios da rede pública é investigado.

Drogas com valor unitário de até R$ 6,3 mil seriam revendidas a hospitais privados

A Secretaria da Casa Civil paulista revelou ontem que investiga o desvio de remédios da rede pública para hospitais privados.


Trata-se de produtos para tratamento de câncer e de pacientes transplantados.
O preço de cada unidade pode chegar a R$ 6,3 mil.

São investigados 2 hospitais estaduais,
15 particulares
e 2 distribuidoras.
Em um mês, houve a apreensão de 61 caixas de Avastin,
MabThera
e Glypressin, avaliadas em R$ 200 mil.


Suspeita-se que eles tenham sido furtados ou roubados de dois hospitais públicos da capital. As distribuidoras receberiam os produtos e os revenderiam à rede privada por preço inferior ao de mercado.

"A negociação era feita em pequenas quantidades e, em muitas situações, as compras ocorriam por meio de um portal de vendas de medicamentos que anunciava e o hospital interessado fazia a compra", explicou Gustavo Ungaro, presidente da Corregedoria-Geral da Administração, vinculada à secretaria.

Remédios foram identificados em pelo menos quatro hospitais.
A confirmação, segundo Ungaro, ocorreu em um estabelecimento da capital,
outro da Grande São Paulo
e em dois de Brasília.


"Consultou-se o fabricante e se comprovou que, de fato, aquele remédio foi adquirido pelo Estado de São Paulo para uso na rede pública."
Também são investigadas unidades no Rio.


Os nomes dos hospitais investigados são mantidos em sigilo.
A secretaria informou ontem o nome de uma das duas distribuidoras investigadas:
a Benetton, situada em São Caetano do Sul.

"Agora vamos ver se pode ter havido obtenção mediante roubo ou furto ou se foi desvio praticado por pessoal das unidades (públicas) de saúde", disse Ungaro.

O advogado Roberto Bernardinelli, da Benetton, negou envolvimento da empresa e afirmou que fornecerá as notas fiscais de compra dos medicamentos.

Em março, a secretaria havia apreendido 30 caixas da remédios avaliados em R$ 160 mil. Supostamente desviados da rede pública, foram apreendidos em hospitais da capital, Grande São Paulo e Rio.

Elvis Pereira e Gio Mendes O Estado de S. Paulo

"AMAPÁ TERRA ONDE O BRASIL COMEÇA": terra fértil em fraudes com dinheiro público

A Operação Voucher levou 36 pessoas acusadas de corrupção ao Instituto de Administração Penitenciária de Macapá, pôs em xeque o mandato da deputada Fátima Pelaes (PMDB), mas nem por isso alterou a rotina da população local.

O Amapá já parece se acostumar a ser alvo de operações da Polícia Federal.
De 2003 até o momento, a PF realizou 39 ações de combate ao desvio de verbas da saúde, da educação, e de obras, entre outras, em Macapá e adjacências.

As operações, algumas entre as mais impactantes da polícia, resultaram na prisão de um número recorde de pessoas.
Nos últimos oito anos, foram detidos 308 políticos, servidores públicos e empresários acusados de fraudes com dinheiro repassado pelo governo federal.
Os dados foram compilados por dirigentes do PSOL local.

A última incursão da polícia em nichos de corrupção no estado aconteceu há menos de um ano. Cerca de 75% da economia do Amapá gira em torno de verbas públicas.

Deflagrada uma semana antes do primeiro turno das eleições, a Operação Mãos Limpas resultou na prisão do governador Pedro Paulo (PP), em pleno exercício do cargo; do ex-governador Waldez Goes (PDT) e do presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Amajás (PSDB), entre outros influentes políticos da região.

O ex-governador João Capiberibe (PSB) também teve o mandato de senador cassado em 2005 depois de ser acusado de compra de votos.

O senador Randolfo Rodrigues (PSOL-AP) diz que o alto grau de corrupção dos poderes públicos não é uma exclusividade do Amapá, mas reconhece que no estado o problema, de fato, é grave.

Historiador por formação profissional, Rodrigues argumenta que desvios de conduta têm origem nas elites que se apoderam do estado ao longo de sua formação.
O isolamento geográfico também teria ajudado a reforçar a sensação de que ninguém seria punido por mais tosco que fossem os crimes.


- Criou-se aqui uma cultura muito forte de se misturar o público com o privado, e muitos se valem da impunidade em torno disso - afirmou o senador.

Um dos primeiros políticos atingidos numa investigação por corrupção foi o ex-prefeito de Macapá João Henrique Pimentel.
Ele era do PT na época e agora está no PR.
Pimentel foi um dos presos na Operação Pororoca, em 2004.


Entre os detidos estava o secretário de Saúde.
Desde então, outros dois secretários de Saúde foram detidos e nem assim a sangria aos cofres públicos foi estancada.

Até hoje as obras do Hospital Metropolitano, iniciadas em 2001 e de crucial importância para a população mais pobre, não foram concluídas.

O estado também sofre com obras inacabadas em estradas e portos, entre outras áreas.
Macapá tem 450 mil habitantes, mas não dispõe de banda larga.
A telefonia celular local funciona de forma precária.
A promessa do governo é instalar a banda larga a partir de 2012.
Mas moradores locais veem o programa com desconfiança.

Para o procurador da República Celso Leal, a corrupção no Amapá pode estar relacionada ao volume de verbas federais que abastece o estado.

Ex-território, até hoje o Amapá sobrevive de investimentos públicos.
Leal é um dos responsáveis pelo prisão de 36 pessoas na Operação Voucher, semana passada.


- O estado é muito dependente do governo federal. Talvez isso contribua (para corrupção) por ser um dinheiro fácil - disse o procurador.

Jailton de Carvalho O Globo

JESUS PAGA! POBRE JUSTIÇA! JUIZ LEVA FÉ NO PASTOR "FURTADO" E FIANÇA É PAGA COM CHEQUE SEM FUNDOS.

Depois de passar quatro dias preso na semana passada, o pastor "TURISMÓLOGO" Wladimir "FURTADO" , um dos investigados na Operação Voucher, pode voltar à prisão se, até sexta-feira, não cobrir o cheque sem fundo de R$109 mil que deu a título de fiança para deixar o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) na madrugada de sábado.

Ontem pela manhã, o pastor lançou uma campanha em emissoras de rádio e tv para recolher doações de R$100 a R$1.000 de fiéis, amigos e parentes para quitar a dívida.

Mas, ao fim do dia, contabilizou apenas R$16,2 mil, bem menos que o estabelecido pelo juiz Mauro Henrique Vieira, da 1ª Vara Federal de Macapá.


No início da noite, o advogado Maurício Pereira levou Furtado à presença do juiz para pedir a redução do valor da fiança ou a substituição do castigo pela proibição do cliente de contratar ou receber recursos públicos até o fim das investigações sobre o desvio de verbas no Ministério do Turismo.
Henrique Vieira rejeitou o pedido, mas decidiu ampliar o prazo para a quitação da dívida até sexta-feira.

Para o juiz, a fiança implica em responsabilidade.
Se o advogado sabia que o cliente não teria recursos para quitar o débito, não poderia ter permitido a assinatura do compromisso.


Dono da Conectur, que recebeu R$2,7 milhões do ministério para fazer estudos sobre o turismo no Amapá, Furtado pagou a fiança com um cheque de R$109 mil assinado pela mulher, e começou a campanha para arrecadar dinheiro pela manhã.

- Pode guardar os comprovantes de depósito. Depois devolvo - prometeu.

O Globo

SERVIDORES DA CÂMARA DOS DEPUTADOS : EXTRA DE ATÉ R$32 MIL.

Os servidores da Câmara dos Deputados contratados até 2000 embolsaram, na sexta-feira passada, um extra que variou de R$ 1,6 mil a R$ 32 mil.

O valor é referente aos juros devidos de uma ação judicial que reconheceu o direito da categoria à diferença de 11,86% referente à Unidade Real de Valor (URV), instituída em 1994, às vésperas do Plano Real.
Também receberam o adicional os funcionários já aposentados.

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que o total devido pela União é de R$ 127 milhões e beneficia cerca de 5 mil funcionários, o que dá uma média de R$ 25 mil para cada um.

Mas, nesse primeiro lote, estão apenas aqueles que tinham até 60 salários mínimo a receber (R$ 32,7 mil), cujo pagamento é autorizado administrativamente pela Justiça por meio de Requisição de Pequeno Valor (RPV) — são cerca de 3,6 mil servidores.

Os que tinham acabado de ingressar no órgão no fim dos anos 90 (técnicos, de nível médio, e analistas, de nível superior) embolsaram menos:
de R$ 1,6 mil a R$ 5 mil.

Honorários
Já os mais antigos e de salários mais altos vão engordar a conta bancária em mais de R$ 45 mil. Contudo, nesses casos, o pagamento será feito em janeiro de 2012, pois ocorrerá por meio de precatório — uma ordem judicial que manda incluir previamente o débito no Orçamento do ano em que será quitado.

Da quantia a que tinham direito, os servidores a Câmara pagaram 10% de honorários aos advogados. Eles desembolsaram, no total, mais de R$ 10 milhões.

Os 11,98% referentes à URV foram incorporados aos salários em 2001, mas os servidores da Câmara, do Senado e do TCU recorreram à Justiça para que fosse creditada a parcela correspondente aos juros e à correção monetária dos atrasados desde 1994.

O processo tramita na Justiça Federal, em São Paulo, desde 1997. Parte desses débitos já foi liberada.

Os funcionários do Senado têm valor a receber bem maior, por causa dos supersalários que embolsam todo mês. Em junho, a diretoria da Casa depositou na conta de seus funcionários até R$ 32,7 mil, referentes a 15% dos juros devidos.

O restante, a maior parte, será liberada no início do ano que vem.