"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 28, 2011

NÃO É PIABA NÃO : O MAPA DA BARGANHA. TUDO "PELO POVO", DELES.


Quase 200 cargos em órgãos federais são a recompensa exigida pela base aliada para continuar a apoiar o governo no Congresso

Sobre a mesa da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ocupa lugar de destaque uma lista com 184 indicações para cargos de segundo escalão do governo. Esse é o loteamento exigido pelas legendas governistas, que querem ver as nomeações publicadas no "Diário Oficial" o mais breve possível.

Além da acomodação em postos estratégicos, a fatura cobrada pelos parlamentares inclui o empenho de R$ 3 bilhões em emendas do Orçamento de 2011 e a liberação de R$ 1 bilhão de anos anteriores.
Do contrário, ameaçam endurecer o jogo para o governo no Congresso.


As declarações da ministra Ideli, na terça-feira 21, de que haverá "frustrações" nos partidos no processo de preenchimento de vagas foram pessimamente recebidas pelas lideranças na Câmara e no Senado.

Os cargos e as emendas representam o capital eleitoral dos deputados junto a prefeitos e vereadores às vésperas das eleições municipais.
Daí a pressa.


Os aliados insistem que, se não forem atendidos, matérias de interesse do governo, como os destaques apresentados à Medida Provisória que trata das regras especiais de licitação para a Copa, não tramitarão no Legislativo ao sabor das conveniências do Palácio do Planalto.

"O PMDB não vai abrir mão do direito de indicar", afirma o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).


Apesar de a pecha do fisiologismo ficar sempre com o PMDB, a lista de demandas do PT corresponde a 60% do total, ou 110 cargos.
Na lista de pleitos mais recentes do partido encontra-se a indicação de Elcione Diniz para a diretoria de administração e finanças da Transurb, da lavra do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do ex-ministro José Dirceu.

Já os diretórios do PT da Bahia, Ceará e Piauí querem emplacar nomes em seis diretorias do Banco do Nordeste:
de negócios (Paulo Sérgio Rebouças),
financeira (Oswaldo Serrano),
de gestão (José Sydrião),
administrativa (José Alan Teixeira),
tecnologia da informação (Stélio Gama)
e de controle (Luiz Carlos Farias).

Além disso, a pedido do PT, só na semana passada foram criadas 11 novas diretorias da Caixa Econômica Federal.
As vagas serão preenchidas com a supervisão do ministro da Fazenda, Guido Mantega.


"Também queremos indicar nomes nos Estados", disse à ISTOÉ o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. A lista dos comunistas é bem mais modesta do que a do PT e perfaz seis nomes.


O PMDB sonha com mais 48 cargos no segundo e terceiro escalões.
Na semana passada o partido deu prazo de 20 dias para a ministra Ideli Salvatti atender seus pleitos.

Desde o início do ano, seis nomes do partido já foram contemplados.

No vale-tudo por cargos no governo, o rosário de reclamações é desfiado também por dirigentes do PTB, PP e até do PDT.
"Estamos há cinco meses pedindo e até agora nada. A demora está grande demais. E o que nós queremos é muito pouco", desabafou à ISTOÉ o líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA).

Os senadores do PTB Armando Monteiro (PE) e Mozarildo Cavalcanti (RR) são outros par­lamentares que aguardam com ansiedade o aval do Planalto para suas indicações.

Na cúpula do PP, os objetos de desejo são quatro postos.
A presidência do Denatran para o ex-deputado Inaldo Leitão (PB), uma indicação do senador Ciro Nogueira (PI),
um assento no Conselho Público Olímpico para Magda Oliveira Cardoso, apadrinhada pelos deputados Nelson Meurer (PR) e João Leão (BA),
uma vaga no Departamento de Água e Esgotos para Johnny Ferreira dos Santos
e uma diretoria da BR Distribuidora para Paulo Roberto Costa.

Esse último cargo, os progressistas disputam palmo a palmo com o PR.
Enquanto a presidente Dilma diz a interlocutores que não vai aceitar negociar com "faca no pescoço", a ministra Ideli admite ceder em alguns pontos.

Mas, depois de lidar com os bagrinhos do Ministério da Pesca, ela ainda não sabe como vai conseguir domar os tubarões cada vez mais famintos do Congresso.

Sérgio Pardellas Isto é

A REALIDADE E A EXPECTATIVA ! SEM "MARQUETING"II : País é um dos mais desiguais do mundo .


Apesar de notável, a redução das desigualdades sociais e o aumento do número de pessoas incorporadas ao mercado de consumo, o País ainda está longe de uma situação ideal.

Pelo índice de Gini, a medida mais usada para avaliar a concentração de renda e que varia de 0 a 1, o Brasil evolui da marca de 0,6 em 2001 para 0,53 no ano passado.

Embora seja uma queda considerável, o número atual ainda reflete um dos países mais desiguais do mundo. Entre os integrantes dos Brics, ficamos atrás da China, Índia e Rússia.


Ontem, ao falar sobre as mudanças e saltos econômicos que o Brasil vem festejando
, o pesquisador Marcelo Neri, da FGV, também observou que não se pode esquecer do contexto em que eles se inserem:

"Nosso atraso é enorme. Fomos um dos últimos países do mundo a acabar com a escravidão. Por isso as mudanças que ocorrem aqui têm um efeito muito forte. Por outro lado, também é preciso observar o quadro geral de mudanças da América Latina: entre 2000 e 2007 houve redução de desigualdades em 13 de 17 países do continente."


O pesquisador também observou que a evolução da classe média registrada no Brasil nos últimos anos não tem um grande pai ou grande responsável. Para ele, a classe média emergente é filha dela mesma.
(...)
Em sua exposição, o economista-chefe do CPS da FGV também deu destaque a uma pesquisa realizada em 144 países pelo Instituto Gallup sobre as expectativas das populações em relação ao futuro.

Ela mostrou que nenhum outro povo está mais esperançoso no momento em relação ao que vai acontecer daqui a cinco anos do que o brasileiro.


Nas suas conclusões, o levantamento da FGV também aponta para a necessidade de se manter as medidas que garantiram o atual ciclo virtuoso de crescimento e de redução das desigualdades.


"O controle da inflação é fundamental nesse processo, assim como a estabilidade democrática."


O trabalho menciona a necessidade de condições mais favoráveis para a criação de empregos formais, maiores investimentos na melhoria da qualidade de ensino e volumes maiores de crédito para pequenos empresários.


"Nos últimos anos demos os pobres ao mercado, agora é preciso dar o mercado aos pobres", observou o pesquisador.

Roldão Arruda O Estado de S. Paulo