"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 31, 2011

BC: GASTOS COM JUROS EM FEVEREIRO SOMA R$ 19,115 bi

O setor público (governo central, Estados, municípios e empresas estatais) registrou em fevereiro gastos com juros de R$ 19,115 bilhões, de acordo com dados divulgados hoje pelo Banco Central (BC).

O volume foi 34% maior que o verificado em igual período do ano passado. O governo central (Tesouro; Banco Central e Previdência Social) gastou R$ 12,400 bilhões com juros em fevereiro, enquanto os governos regionais gastaram R$ 6,562 bilhões e as empresas estatais, R$ 153 milhões.

No primeiro bimestre, a despesa do setor público com juros foi de R$ 38,396 bilhões, o correspondente a 6,31% do Produto Interno Bruto (PIB). Em igual período do ano passado, o gasto foi de R$ 28,392 bilhões (5,20% do PIB).

O governo central registrou em janeiro e fevereiro uma despesa com encargos da dívida de R$ 27,231 bilhões (4,48% do PIB), enquanto os governos regionais tiveram R$ 10,585 bilhões (1,74% do PIB) e as estatais, R$ 580 milhões (0,10% do PIB).
Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a despesa com juros foi de R$ 205,373 bilhões, ou 5,50% do PIB.
Até janeiro, o gasto em 12 meses estava em R$ 200,521 bilhões, o equivalente a 5,41% do PIB.


O gasto do governo central com juros em 12 meses terminados em fevereiro somou R$ 131,832 bilhões (3,53% do PIB), o dos governos regionais, R$ 71,029 bilhões (1,90% do PIB) e o das estatais, R$ 2,512 bilhões (0,07% do PIB).

Fabio Graner e Adriana Fernandes/Agência Estado

PARA O BRASIL CONTINUAR MUDANDO : HERANÇA MALDITA - MENOS CRESCIMENTO E MAIS INFLAÇÃO.

O governo Dilma Rousseff desistiu de ter uma inflação comportada no país neste ano. A meta para o custo de vida definida para 2011 foi oficialmente sepultada ontem pelo Banco Central, sem nenhuma honraria.

Também estão moribundos o crescimento do PIB e, pior de tudo, a estabilidade da moeda. É um estrago e tanto para quem apenas acaba de completar três meses de gestão.


No Relatório de Inflação publicado ontem, o BC indicou que a inflação deste ano deverá ficar em 5,6%, bem distante, portanto, da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional. Em contrapartida, as projeções oficiais para a expansão da economia recuaram de 4,5% para 4%.
Em suma, o que Dilma nos oferece até agora é isso:
mais inflação com menos crescimento. Uma mistura indigesta.


A inflação no Brasil já vai muito alta:
no acumulado em 12 meses, bate 6%.

Numa lista com 14 países, "o Brasil aparece com a segunda maior taxa de inflação acumulada até fevereiro, atrás apenas da Índia", informa a
Folha de S.Paulo.

Além disso, as autoridades monetárias brasileiras têm sido mais tolerantes quanto ao comportamento dos preços:
a meta de inflação adotada no país é uma das mais altas entre as nações que seguem igual regime no mundo.


O risco agora é passarmos a conviver naturalmente com uma inflação tão elevada - e que em alguns setores já chega a dois dígitos, como é o caso de serviços, aluguéis, energia e comunicações.

Com a atitude agora oficializada, o BC de Dilma chancela altas generalizadas de preço num patamar acima dos 5,8% agora aceitos como naturais para a inflação brasileira deste ano.
Ou seja, o que era meta vai acabar virando piso.
"O BC pode criar um problema de enrijecimento da própria inflação. O quadro é potencialmente perigoso", avalia O Globo hoje em editorial.


Os efeitos deletérios vêm em cadeia, uma vez que remanesce na economia brasileira um pernicioso mecanismo de indexação, herança dos tempos pré-Plano Real.
O próprio BC admite tais riscos numa das 144 páginas do "Relatório":
"Existem mecanismos regulares e quase automáticos de reajustes, de jure e/ou de facto, que contribuem para prolongar, no tempo, pressões inflacionárias observadas no passado. (...) Os riscos associados aos mecanismos de indexação tornam-se particularmente importantes em 2011".


Gostemos ou não, o primeiro ambiente onde decisões de política monetária reverberam é o mercado financeiro. E ele está torcendo o nariz tanto para o que o BC quanto para o que a presidente da República têm dito em relação à inflação.

Ontem, uma vez conhecido o teor do "Relatório", os contratos de juros mais longos negociados na BM&FBovespa tiveram alta, "sinalizando que os agentes esperam uma piora do cenário futuro, seja com uma aceleração da inflação, seja pela necessidade de novas elevações da taxa básica", informou o Valor Econômico.

Em outra reportagem, o jornal conclui que as expectativas quanto ao comportamento da inflação e dos juros vêm se deteriorando desde setembro de 2010, pondo "em xeque" a capacidade de o BC colocar a inflação no eixo:
"Apesar do discurso, aperto monetário de um ponto percentual e inúmeras medidas, os juros futuros de longo prazo insistem em subir, as expectativas de inflação tanto na pesquisa Focus quanto a implícita nos preços dos títulos públicos seguem em alta e o dólar só cai".


A data que o Valor identifica como o ponto inicial em que as expectativas começaram a azedar coincide com o ápice do período eleitoral do ano passado. Foi justamente quando ficou evidenciado que o governo do PT manobrava pesadamente os gastos públicos para Lula eleger sua sucessora. Desde então, os sinais de recrudescimento da inflação se tornaram cada vez mais perceptíveis, mas o governo pouco agiu.

É unânime a avaliação de analistas econômicos de que o BC - ou seja, o governo de Dilma Rousseff - está assumindo "riscos demais" na lida com a inflação. A autoridade monetária decidiu apostar em medidas de política monetária que ninguém sabe ao certo no que vão dar, e justamente numa hora em que o custo de vida descontrola-se.

O momento não parece ser o mais adequado para experimentos de laboratório.
A tolerância pode acabar se mostrando excessiva.


Fonte: ITV

BANCO CENTRAL TEM DÉFICIT NOMINAL DE R$ 11,202 bi EM FEVEREIRO.

O setor público registrou em fevereiro um déficit nominal de R$ 11,202 bilhões, de acordo com dados divulgados hoje pelo Banco Central (BC).
Em igual mês do ano passado, o saldo negativo, após o pagamento de juros, havia sido de R$ 11,089 bilhões.

No resultado de fevereiro, o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) teve déficit de R$ 9,870 bilhões, os governos regionais apresentaram déficit de R$ 1,855 bilhão e o conjunto das empresas estatais teve superávit nominal de R$ 523 milhões.

O destaque ficou com as empresas estaduais, que contribuíram com superávit nominal de R$ 318 milhões, enquanto as companhias federais tiveram saldo positivo de R$ 211 milhões.

O resultado nominal é obtido após o pagamento dos juros da dívida pública. O déficit nominal indica que a economia do governo não foi suficiente para cobrir todas as obrigações com juros.

No primeiro bimestre, o setor público acumulou um déficit nominal de R$ 12,735 bilhões, o correspondente a 2,09% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período de 2010, o saldo negativo havia sido de R$ 9,134 bilhões (1,67% do PIB).

No primeiro bimestre de 2011, o governo central apresentou saldo negativo de R$ 10,894 bilhões (1,79% do PIB), enquanto os governos regionais tiveram déficit de R$ 1,374 bilhão (0,23% do PIB) e as empresas estatais, déficit de R$ 466 milhões (0,08% do PIB).

No acumulado de 12 meses encerrados em fevereiro, o déficit nominal do setor público é de R$ 97,274 bilhões (2,60% do PIB).
Nos 12 meses encerrados em janeiro, o déficit era de R$ 97,161 bilhões (2,62% do PIB).

O governo central registra, em 12 meses até fevereiro, déficit nominal de R$ 49,608 bilhões (1,33% do PIB).
Os governos regionais acumulam saldo negativo de R$ 47,020 bilhões (1,26% do PIB) e as empresas estatais, déficit de R$ 646 milhões (0,02% do PIB).

FÁBIO GRANER E ADRIANA FERNANDES - Agencia Estado