"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 11, 2011

FUNDO DE AÇÕES : BRASIL PERDEU US$ 150 mi, MAIOR SAÍDA DE CAPITAL ENTRE OS EMERGENTES.


Os fundos de ações dedicados a mercados emergentes voltaram a registrar entrada de capital na semana encerrada em 9 de março, segundo relatório do Morgan Stanley que cita números da empresa de dados e análises financeiras EPFR Global. No Brasil, no entanto, a saída de capitais prossegue.

O fluxo positivo de capital para os mercados emergentes somou US$ 20 milhões na semana. Rússia e China registraram o maior volume de entrada de recursos, de US$ 420 milhões e US$ 140 milhões, respectivamente.
Já o Brasil perdeu US$ 150 milhões, a maior saída de capital entre os emergentes no período.


No ano até agora, Rússia e Peru são os únicos emergentes com fluxo positivo de capital. Rússia atraiu US$ 1,64 bilhão e Peru recebeu US$ 120 milhões.

Os mercados desenvolvidos, enquanto isso, registraram fluxo positivo de capital de US$ 5,31 bilhões na semana.
EUA, com US$ 4,42 bilhões, e Alemanha, com US$ 1,7 bilhão, atraíram o maior volume de recursos.
No ano até agora, os mercados desenvolvidos tiveram entrada de capital de US$ 53,7 bilhões.


O total de recursos sob gerenciamento acompanhados pela EPFR, em base semanal, atingiu US$ 696 bilhões na semana, 5% abaixo do recorde histórico.
No ano até agora, os fundos de mercados emergentes registraram saída de US$ 21,1 bilhões.

Danielle Chaves, da Agência Estado

FAMÍLIAS : OTIMISMO DIMINUI E DEVEDORES AUMENTAM.

O percentual de famílias que afirmam estar com a situação financeira melhor do que um ano antes caiu em fevereiro, de acordo com levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A pesquisa indica que, em fevereiro, 75,5% das famílias brasileiras disseram estar melhor, abaixo dos 76,8% registrados um ano anterior.
O instituto mostrou que houve um aumento na proporção de famílias que acreditam ter piorado financeiramente, de 17,6% para 19,3%.


A região Sul apresentou "diferença considerável" na proporção de famílias otimistas, com queda de 73,7% para 65,2%.
De acordo com o Ipea, isso "implica um aumento no percentual de famílias que afirmam estar em pior situação financeira em comparação à de 2010, de 19,8% para 25,1%".


O estudo mostrou ainda que a maior parte das famílias brasileiras se sente segura em relação à posição que ocupa atualmente no mercado de trabalho. De acordo com o Ipea, cerca de 78% dos responsáveis pelos domicílios se disseram seguros.

No entanto, o resultado é pior do que o verificado em janeiro, de 80%.
Todas as regiões do país apresentam valores ligeiramente superiores à média nacional, exceto o Nordeste, que apresentou o menor índice: 68%.


A pesquisa mostrou que a expectativa de obter melhorias profissionais teve alta de janeiro para fevereiro, ao passar de 39% para aproximadamente 41%.
Os resultados apontam ainda que cerca 52% não esperam obter melhorias nos próximos seis meses.


O total de famílias que não têm condição de quitar suas dívidas cresceu em fevereiro, de acordo com o levantamento. Das famílias entrevistadas, 38% dizem não ter condições de quitar os débitos. No mês anterior, o total era de 32,2%.

Entre as regiões, a situação é pior no Norte, onde 44,9% acreditam não ter condições de pagar as contas em atraso.

Juliana Ennes | Do Rio Valor Econômico

IPC-S : INFLAÇÃO AO CONSUMIDOR ACELERA DE NOVO.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) acelerou na primeira semana de março, registrando inflação de 0,59% - 0,10 ponto superior ao resultado da última semana de fevereiro (0,49%), informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Quatro das sete classes de despesas analisadas pela Fundação apresentaram alta no período.
Alimentação (de 0,12% para 0,54%) refletiu especialmente o aumento nos preços das frutas (de menos 0,42% para 1,46%), enquanto os serviços de dentistas (de 0,39% para 0,72%) influenciaram o grupo de saúde e cuidados pessoais (de 0,41% para 0,54%).
O leve avanço em habitação (de 0,58% para 0,59%) foi motivado pela tarifa do celular (1,32% para 1,98%) e o grupo vestuário saiu de menos 0,17% para menos 0,16% no período.


O movimento de desaceleração do IPC-S foi observado nos grupos educação, leitura e recreação (de 0,44% para 0,26%), despesas diversas (de 1,49% para 1,08%) e transportes (de 1,16% para 1,08%), que refletiram, respectivamente, os preços de cursinhos para vestibular ou concursos, cigarros e tarifa de ônibus urbano.

Valor Econômico

EM ALTA : GASOLINA E ÁLCOOL.

Os preços do álcool e da gasolina estão em alta no Brasil.
O álcool hidratado - usado como combustível - vendido pelos produtores aos distribuidores já aumentou 20,5% nas últimas quatro semanas.
A explicação não está na disparada do petróleo, pressionado por causa dos conflitos na Líbia.

Além de estarmos no período de entressafra, são as cotações atraentes do açúcar no mercado internacional que levam os produtores de cana brasileiros a optar pela produção desta commodity, o que diminui a oferta interna do álcool. O consumidor, que pagará por isso nas bombas, precisa ficar atento. Em alguns casos, o litro do álcool já está custando o mesmo que o da gasolina.

O Sindicato Nacional do Comércio de Combustíveis (Sindicom) destacou que as distribuidoras ainda não fizeram o repasse para os postos da maior parte dos aumentos feitos pelos usineiros.
O aumento médio do álcool nos postos em São Paulo foi de 6,1% nas últimas quatro semanas, enquanto no Rio foi de 2,4%.

Ou seja, o consumidor pode se preparar para novos aumentos de preços, não só para o álcool, como também para a gasolina, que tem 25% do produto em sua mistura.

Postos: menos álcool na gasolina

Para evitar uma possível falta de álcool no mercado, a Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis (Fecombustíveis) vai solicitar ao governo a redução do percentual de álcool na gasolina de 25% para 10%.

Com a tendência de alta, é preciso pesquisar os preços.
Em postos da cidade, o álcool varia de R$2,099 a R$2,499.
O valor mais alto foi exatamente o mesmo encontrado para a gasolina mais barata.
No levantamento do GLOBO, o preço máximo da gasolina foi de R$2,949.

Ramona Ordoñez e Bruno Rosa O Globo

FACA DE DOIS GUMES : FLUXO DE RECURSO EXTERNO SOMA US$24,35 bi.


Em pouco mais de dois meses, o Brasil recebeu mais dólares do que em todo o ano de 2010.
É esta forte enxurrada de recursos que tem pressionado a moeda americana frente ao real, apesar das atuações do Banco Central (BC) no mercado de câmbio.
Segundo dados do próprio BC, entre os dias 1º e 4 de março, o fluxo cambial registrou entrada líquida de US$1,424 bilhão, acumulando no ano US$24,356 bilhões.

Nos 12 meses de 2010, o saldo entre recursos estrangeiros que entraram e que saíram do país ficou positivo em US$24,354 bilhões.
A entrada está ocorrendo sobretudo por intermédio da conta financeira (por onde passam os investimentos produtivos e no mercado financeiro), que ficou positiva em US$2,081 bilhões no início de março, depois de fechar fevereiro com superávit de US$7,918 bilhões.

Nem mesmo a ameaça de que o governo poderia baixar novas medidas para segurar esse movimento, avaliam os especialistas, deve ser capaz de reverter a tendência de queda do dólar e fazer com que a moeda americana volte a um patamar superior a R$1,70 rapidamente.

Na conta comercial, déficit no ano é de US$78 milhões

Enquanto a conta financeira registra seguidos superávits no fluxo comercial, a conta comercial (que registra os pagamentos de importações e exportações) registrou déficit de US$657 milhões em março, até o dia 4, acumulando no ano perdas de US$78 milhões.

O Brasil tem recebido grande volume de recursos internacionais pelas boas perspectivas de crescimento econômico, acima de 4% em 2011, e também por oferecer uma das maiores taxas básicas de juros do mundo, hoje em 11,75% ao ano.

- Enquanto houver muita liquidez no mercado internacional, vai continuar entrando recursos aqui.
O pessoal está atrás de rentabilidade - afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Com a enxurrada de divisas, o BC tem atuado fortemente no mercado de câmbio. Com compras de dólares por meio do mercado à vista e a termo (com data de liquidação diferenciada), já foram US$2,665 bilhões em março, até o dia 4, enquanto no mês de fevereiro foram outros US$9,038 bilhões.

Compras do BC superam ingresso de recursos no país

As aquisições somam volume maior do que o total de entrada de dólares. E isso acaba por influenciar a posição cambial vendida dos bancos, quando apostam em mais valorizações do real frente ao dólar.
Por causa da atuação agressiva do BC, os bancos acabam tendo de suprir a necessidade de dólares da autoridade monetária, fazendo operações de mercado que aumentam sua posição vendida.

Em fevereiro, estas posições fecharam em US$12,702 bilhões, acima dos US$11,018 bilhões de janeiro, mas mostrando recuo sobre a posição do dia 21 de fevereiro, adiantada pelo BC na época, que era de US$13,290 bilhões.

No início de janeiro, o BC decidiu limitar essas posições vendidas ao elevar os compulsórios bancários - parcela dos recursos dos bancos que fica presa no BC - para a instituição que mantivesse essas operações acima de um determinado patamar.
Na época, as posições vendidas estavam acima de US$13 bilhões e o BC calculou que, com a restrição, elas deveriam cair para US$10 bilhões, piso que não vai gerar compulsórios para os bancos.
As regras começam a valer em abril.

Patrícia Duarte O Globo